PATRIMÔNIO

Superintendente do Iphan em Pernambuco pede exoneração do cargo

Recentemente, Jacques Ribemboim ganhou o noticiário ao aprovar a construção de um zeppelin em prédios do Marco Zero. Ele vai deixar o cargo para concorrer às eleições municipais

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Katarina Moraes

Publicado em 26/03/2024 às 13:58 | Atualizado em 26/03/2024 às 14:41
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O Superintendente do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Pernambuco, Jacques Ribemboim pediu, nessa segunda-feira (25), exoneração do cargo. No ofício enviado ao presidente do órgão, Leandro Grass, Ribemboim indica que será candidato nas eleições municipais de 2024.

"Tendo em vista as exigências do calendário eleitoral deste ano e considerando minha intenção em participar das próximas eleições municipais, venho solicitar minha exoneração do cargo de superintendente do Iphan em Pernambuco a partir de 1º de abril", escreveu ele.

A saída de Ribemboim do órgão acontece semanas após ele aprovar um projeto rejeitado por técnicos do Iphan no Estado: a construção de um zeppelin na cobertura de prédios tombados do Marco Zero do Recife.

Além de ampla repercussão pelo Estado, o projeto ganhou reprovação pública de instituições como a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o Conselho de Arquitetos e Urbanistas (CAU), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), o Instituto de Arquitetos do Brasil no Estado (IAB-PE).

Então, entidades de defesa ao patrimônio enviaram um recurso pedindo que Leandro Grass derrube a decisão de Ribemboim. O recurso segue em análise pelo órgão.

Após isso, a EBrasil, empresa responsável pelo projeto, suspendeu a construção do zeppelin. Contudo, o projeto não foi alterado. Assim, legalmente, pode ser executado. Mas a empresa deixou como "compromisso público" que "qualquer intervenção relativa à ocupação da cobertura ficará para depois e somente será realizada a partir de um processo de consulta pública" a ser realizada nos próximos meses.

A EBrasil manteve o restante do projeto. Nele, está prevista a restauração dos dois imóveis e a criação de espaços para a exibição pública de quadros e esculturas, loja, restaurante, café, auditório, biblioteca, laboratório e sala de aula.

PROJETO REC CULTURAL

Os edifícios de nº 23 da Av. Rio Branco e o de n° 58 da Av. Marquês de Olinda foram comprados pela empresa EBrasil com a intenção de construir o espaço cultural no local. Por ser uma área tombada nacionalmente, precisou ser submetido ao Iphan, mas o primeiro pedido, de setembro de 2023, foi rejeitado com unanimidade por técnicos justamente pelo zeppelin.

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Iphan argumentou que construção descaracterizaria imóvel - REPRODUÇÃO

Em janeiro, foi novamente protocolado: dessa vez junto a um ofício da Secretaria de Política Urbana e Licenciamento do Recife (Sepul) recomendando a aprovação, afirmando que a estrutura seria temporária. Mais uma vez, todos os técnicos negaram, alegando que a estrutura não tem caráter provisório — opinião ratificada pela Fundarpe.

Contudo, o superintendente do Iphan, Jacques Ribemboim, aprovou o REC sob a justificativa de que ele seria um "investimento privado de interesse público, que reforçaria a vocação do bairro como um “importante cluster turístico e cultural, com geração de renda e emprego.”

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