PATRIMÔNIO

Empresa suspende zeppelin no Marco Zero do Recife e mantém centro de cultura

Projeto promete que qualquer ocupação na cobertura dos imóveis só será feita após processo de consulta pública

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Katarina Moraes

Publicado em 15/03/2024 às 10:01 | Atualizado em 15/03/2024 às 14:13
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A empresa responsável pelo projeto REC Cultural suspendeu a construção do "restaurante zeppelin" na cobertura de imóveis do Marco Zero do Recife. O anúncio, feito nesta sexta-feira (15), acontece após ampla pressão de diferentes organizações ligadas ao patrimônio, que defendem que a estrutura descaracterizaria o conjunto tombado do Bairro do Recife.

Apesar da "suspensão", o projeto não foi alterado. Por nota, o REC Cultural esclareceu que dará entrada na Licença de Instalação de todo o projeto aprovado pelo superintendente do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Pernambuco na última semana, que deu aval também para o zeppelin.

Se aprovada, o restaurante poderá, legalmente, ser construído. Mas a empresa deixou como "compromisso público" que "qualquer intervenção relativa à ocupação da cobertura ficará para depois e somente será realizada a partir de um processo de consulta pública" a ser realizada nos próximos meses.

"Entendemos que a paisagem é algo que compõe o imaginário coletivo, sendo muitas vezes parte da identidade de uma cidade e de um povo, como é o caso do Marco Zero para a sociedade recifense. Dessa forma, vamos deixar para momento posterior a discussão com a sociedade sobre a ocupação da cobertura dos imóveis", disse o REC Cultural.

Assim, está mantido o restante do projeto — que foi, inclusive, celebrado pelas mesmas entidades que criticaram o zeppelin. Nele, está prevista a restauração dos dois imóveis e a criação de espaços para a exibição pública de quadros e esculturas, loja, restaurante, café, auditório, biblioteca, laboratório e sala de aula.

PRESSÃO CONTRA ZEPPELIN

Desde que tomaram conhecimento do projeto, diferentes entidades ligadas à arquitetura e à proteção do patrimônio histórico agiram para que o zeppelin não fosse construído. Nessa quinta-feira (14), dezessete organizações do tipo assinaram um recurso para que o presidente do Iphan, Leandro Grass, suspendesse a decisão do superintendente do órgão no Estado, que o aprovou. O recurso ainda está em análise.

Uma das argumentações das organizações foi que, na segunda-feira (11), a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que também tem autoridade sobre o Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico do Antigo Bairro do Recife, respondeu em parecer técnico ser contra o projeto.

TÉCNICOS NEGARAM PROJETO

Os edifícios de nº 23 da Av. Rio Branco e o de n° 58 da Av. Marquês de Olinda foram comprados pela empresa EBrasil com a intenção de construir o espaço cultural no local. Por ser uma área tombada nacionalmente, precisou ser submetido ao Iphan, mas o primeiro pedido, de setembro de 2023, foi rejeitado com unanimidade por técnicos justamente pelo zeppelin.

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Iphan argumentou que construção descaracterizaria imóvel - REPRODUÇÃO

Em janeiro, foi novamente protocolado: dessa vez junto a um ofício da Secretaria de Política Urbana e Licenciamento do Recife (Sepul) recomendando a aprovação, afirmando que a estrutura seria temporária. Mais uma vez, todos os técnicos negaram, alegando que a estrutura não tem caráter provisório — opinião ratificada pela Fundarpe.

Contudo, o superintendente do Iphan, Jacques Ribemboim, aprovou o REC sob a justificativa de que ele seria um "investimento privado de interesse público, que reforçaria a vocação do bairro como um “importante cluster turístico e cultural, com geração de renda e emprego.”

 

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