URBANISMO

Edifício Holiday, no Recife, é avaliado em R$ 34 milhões para leilão

Prédio no bairro de Boa Viagem vai a leilão nos dias 22 e 23 de maio de 2024

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Katarina Moraes

Publicado em 23/04/2024 às 7:39 | Atualizado em 23/04/2024 às 15:20
Notícia

O Edifício Holiday, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foi avaliado em R$ 34.924.000 (trinta e quatro milhões, novecentos e vinte e quatro mil reais). O valor, informado nesta segunda-feira (22) em processo judicial, deverá ser o lance inicial do prédio em leilão, marcado para os dias 22 e 23 de maio de 2024.

A 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital intimou as partes do processo para se manifestarem sobre o valor da avaliação até 8 de maio de 2024. Após o prazo, havendo ou não manifestação das partes, o juízo vai decidir sobre o laudo apresentado.

O laudo foi feito pelo perito e engenheiro civil Gustavo Farias, designado pela Justiça, e levou em consideração a estrutura atual do edifício, vistoriado por ele no dia 13 de abril, e o preço de mercado da localidade — uma área nobre da cidade.

O leilão é resultado de um processo judicial iniciado pela Prefeitura do Recife diante de fiscalizações que apontaram uma má preservação do Holiday. O prédio corria sério risco de incêndio pela precariedade das instalações elétricas e, consequentemente, colocava vidas em risco.

O condomínio, formado por 476 apartamentos, não conseguiu executar as reformas necessárias para adequação da rede elétrica, já que enfrentava uma inadimplência mensal de mais de 60%. Assim, em 2019, o prédio foi interditado, e os moradores, em sua maioria de baixa renda, foram expulsos de casa sem ajuda.

Desde então, foram feitas tentativas de financiar reformas no edifício, sem sucesso. Uma delas partiu do Grupo de Trabalho Holiday (GT Holiday), formado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) junto à Universidade de Pernambuco (UPE), que doou projetos elétrico e estrutural que custariam mais de R$ 500 mil que contemplavam todas as alterações necessárias para colocar o prédio dentro das normas atuais de segurança.

Então, em novembro do ano passado, o antigo juiz do caso, Luiz Rocha, marcou o leilão para o dia 28 de março deste ano. No mês passado, contudo, o novo juiz adiou o leilão porque o prédio ainda precisava passar por perícia antes dele.

Mas a decisão acrescentou que a venda poderia ser cancelada caso moradores apresentassem um cronograma de obras a fim de recuperar e voltar para o prédio. No entanto, o município, autor do processo, questionou a decisão, pedindo a agilidade no caso, o que foi acatado pelo juiz Marcos Garcez. 

O valor obtido pela venda será utilizado para indenizar os antigos moradores.

FUTURO DO HOLIDAY

A venda dá direito ao comprador de fazer o que bem quiser com o Edifício Holiday - inclusive demoli-lo. Apesar dos pedidos já feitos, o Holiday nunca ganhou uma proteção patrimonial. Não há, hoje, processos abertos de tombamento para o imóvel na Prefeitura do Recife, na Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) ou no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Mas diante da importância arquitetônica, histórica e paisagística que ele possui para a cidade, a Prefeitura do Recife elaborou ficha de diretrizes para orientar o comprador do edifício. Nela, recomendou que o Holiday não seja demolido ou descaracterizado a menos que “comprovadamente, seja atestado comprometimento considerável da estrutura”.

A coluna de João Alberto, deste JC, antecipou que há um consórcio de construtoras da cidade interessada em comprar o prédio e transformá-lo em "apart-hotel", a partir de um retrofit que preservaria sua estrutura. Além disso, construiria um edifício-garagem numa área anexa. O projeto já estaria pronto.

O assunto foi abordado em debate na Rádio Jornal nesta terça-feira (23), quando o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Rafael Simões, confirmou o interesse do mercado no retrofit, mas que o modelo ainda é estudado pelas empresas.

"O que eu escuto é que realmente o mercado está empenhado em encontrar uma saída por meio de retrofit. Afinal de contas é um prédio belíssimo, que marca Boa Viagem, que tem história, que foi construído no final da década de 50. Então acho que isso está sendo desenhado. Agora o mercado começa a fazer as suas projeções e contas", disse Simões.

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