Edifício Holiday, no Recife, é avaliado em R$ 34 milhões para leilão
Prédio no bairro de Boa Viagem vai a leilão nos dias 22 e 23 de maio de 2024
O Edifício Holiday, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foi avaliado em R$ 34.924.000 (trinta e quatro milhões, novecentos e vinte e quatro mil reais). O valor, informado nesta segunda-feira (22) em processo judicial, deverá ser o lance inicial do prédio em leilão, marcado para os dias 22 e 23 de maio de 2024.
A 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital intimou as partes do processo para se manifestarem sobre o valor da avaliação até 8 de maio de 2024. Após o prazo, havendo ou não manifestação das partes, o juízo vai decidir sobre o laudo apresentado.
O laudo foi feito pelo perito e engenheiro civil Gustavo Farias, designado pela Justiça, e levou em consideração a estrutura atual do edifício, vistoriado por ele no dia 13 de abril, e o preço de mercado da localidade — uma área nobre da cidade.
O leilão é resultado de um processo judicial iniciado pela Prefeitura do Recife diante de fiscalizações que apontaram uma má preservação do Holiday. O prédio corria sério risco de incêndio pela precariedade das instalações elétricas e, consequentemente, colocava vidas em risco.
O condomínio, formado por 476 apartamentos, não conseguiu executar as reformas necessárias para adequação da rede elétrica, já que enfrentava uma inadimplência mensal de mais de 60%. Assim, em 2019, o prédio foi interditado, e os moradores, em sua maioria de baixa renda, foram expulsos de casa sem ajuda.
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Desde então, foram feitas tentativas de financiar reformas no edifício, sem sucesso. Uma delas partiu do Grupo de Trabalho Holiday (GT Holiday), formado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) junto à Universidade de Pernambuco (UPE), que doou projetos elétrico e estrutural que custariam mais de R$ 500 mil que contemplavam todas as alterações necessárias para colocar o prédio dentro das normas atuais de segurança.
Então, em novembro do ano passado, o antigo juiz do caso, Luiz Rocha, marcou o leilão para o dia 28 de março deste ano. No mês passado, contudo, o novo juiz adiou o leilão porque o prédio ainda precisava passar por perícia antes dele.
Mas a decisão acrescentou que a venda poderia ser cancelada caso moradores apresentassem um cronograma de obras a fim de recuperar e voltar para o prédio. No entanto, o município, autor do processo, questionou a decisão, pedindo a agilidade no caso, o que foi acatado pelo juiz Marcos Garcez.
O valor obtido pela venda será utilizado para indenizar os antigos moradores.
FUTURO DO HOLIDAY
A venda dá direito ao comprador de fazer o que bem quiser com o Edifício Holiday - inclusive demoli-lo. Apesar dos pedidos já feitos, o Holiday nunca ganhou uma proteção patrimonial. Não há, hoje, processos abertos de tombamento para o imóvel na Prefeitura do Recife, na Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) ou no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Mas diante da importância arquitetônica, histórica e paisagística que ele possui para a cidade, a Prefeitura do Recife elaborou ficha de diretrizes para orientar o comprador do edifício. Nela, recomendou que o Holiday não seja demolido ou descaracterizado a menos que “comprovadamente, seja atestado comprometimento considerável da estrutura”.
A coluna de João Alberto, deste JC, antecipou que há um consórcio de construtoras da cidade interessada em comprar o prédio e transformá-lo em "apart-hotel", a partir de um retrofit que preservaria sua estrutura. Além disso, construiria um edifício-garagem numa área anexa. O projeto já estaria pronto.
O assunto foi abordado em debate na Rádio Jornal nesta terça-feira (23), quando o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Rafael Simões, confirmou o interesse do mercado no retrofit, mas que o modelo ainda é estudado pelas empresas.
"O que eu escuto é que realmente o mercado está empenhado em encontrar uma saída por meio de retrofit. Afinal de contas é um prédio belíssimo, que marca Boa Viagem, que tem história, que foi construído no final da década de 50. Então acho que isso está sendo desenhado. Agora o mercado começa a fazer as suas projeções e contas", disse Simões.