MANIFESTO

Representantes de centro e esquerda assinam manifesto pela renúncia de Bolsonaro

Ex-presidenciáveis, governadores e outros representantes políticos assinaram o documento que afirma que Bolsonaro "tornou-se um problema de saúde pública"

Carolina Fonsêca
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Carolina Fonsêca
Publicado em 30/03/2020 às 15:28 | Atualizado em 30/03/2020 às 15:41
SERGIO LIMA/AFP
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) - FOTO: SERGIO LIMA/AFP

Ex-presidenciáveis, governadores e representantes de partidos políticos de centro e de esquerda assinaram um manifesto que acusa o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de ser, entre outras coisas, "um presidente da República irresponsável" e pede a renúncia dele. Intitulado de "O Brasil não pode ser destruído por Bolsonaro", o manifesto afirma ainda que o presidente tem agravado a crise do coronavírus e que "comete crimes, fralda informações, mente e incentiva o caos", segundo o portal de notícias O Dia.

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O texto é assinado pelos ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT-SP), Ciro Gomes (PDT-CE), Guilherme Boulos (Psol-SP) e por Manuela D'ávila (PCdoB), além do governador do Maranhão, Fávio Dino (PCdoB), o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, o presidente do PDT, Carlos Lupi, o presidente do PCB, Edmilson Costa, a presidente do PCdoB, Luciana Santos e o presidente do Psol, Juliano Medeiros.

A oposição classificou Bolsonaro como "o maior obstáculo à tomada de decisões urgentes para reduzir a evolução do contágio, salvar vidas e garantir a renda das famílias, o emprego e as empresas. Atenta contra a saúde pública, desconsiderando determinações técnicas e as experiências de outros países".

Na visão do grupo de políticos de centro e esquerda que assina o manifesto, Jair Bolsonaro não tem condições de continuar governando o Brasil, tampouco de enfrentar crises que comprometem a saúde e a economia nacional. "Ele precisa ser urgentemente contido e responder pelos crimes que está cometendo contra nosso povo", consta no documento.

Leia o manifesto na íntegra

O BRASIL NÃO PODE SER DESTRUÍDO POR BOLSONARO

O Brasil e o mundo enfrentam uma emergência sem precedentes na história moderna, a pandemia do coronavírus, de gravíssimas consequências para a vida humana, a saúde pública e a atividade econômica. Em nosso país a emergência é agravada por um presidente da República irresponsável. Jair Bolsonaro é o maior obstáculo à tomada de decisões urgentes para reduzir a evolução do contágio, salvar vidas e garantir a renda das famílias, o emprego e as empresas. Atenta contra a saúde pública, desconsiderando determinações técnicas e as experiências de outros países. Antes mesmo da chegada do vírus, os serviços públicos e a economia brasileira já estavam dramaticamente debilitados pela agenda neoliberal que vem sendo imposta ao país. Neste momento é preciso mobilizar, sem limites, todos os recursos públicos necessários para salvar vidas.

Bolsonaro não tem condições de seguir governando o Brasil e de enfrentar essa crise, que compromete a saúde e a economia. Comete crimes, frauda informações, mente e incentiva o caos, aproveitando-se do desespero da população mais vulnerável. Precisamos de união e entendimento para enfrentar a pandemia, não de um presidente que contraria as autoridades de Saúde Pública e submete a vida de todos aos seus interesses políticos autoritários. Basta! Bolsonaro é mais que um problema político, tornou-se um problema de saúde pública. Falta a Bolsonaro grandeza. Deveria renunciar, que seria o gesto menos custoso para permitir uma saída democrática ao país. Ele precisa ser urgentemente contido e responder pelos crimes que está cometendo contra nosso povo.

Ao mesmo tempo, ao contrário de seu governo - que anuncia medidas tardias e erráticas - temos compromisso com o Brasil. Por isso chamamos a unidade das forças políticas populares e democráticas em torno de um Plano de Emergência Nacional para implantar as seguintes ações:

- Manter e qualificar as medidas de redução do contato social enquanto forem necessárias, de acordo com critérios científicos;

- Criação de leitos de UTI provisórios e importação massiva de testes e equipamentos de proteção para profissionais e para a população;

- Implementação urgente da Renda Básica permanente para desempregados e trabalhadores informais, de acordo com o PL aprovado pela Câmara dos Deputados, e com olhar especial aos povos indígenas, quilombolas e aos sem-teto, que estão em maior vulnerabilidade;

- Suspensão da cobrança das tarifas de serviços básicos para os mais pobres enquanto dure a crise,

- Proibição de demissões, com auxílio do Estado no pagamento do salário aos setores mais afetados e socorro em forma de financiamento subsidiado, aos médios, pequenos e micro empresários;

- Regulamentação imediata de tributos sobre grandes fortunas, lucros e dividendos; empréstimo compulsório a ser pago pelos bancos privados e utilização do Tesouro Nacional para arcar com os gastos de saúde e seguro social, além da previsão de revisão seletiva e criteriosa das renunciais fiscais, quando a economia for normalizada.

Frente a um governo que aposta irresponsavelmente no caos social, econômico e político, é obrigação do Congresso Nacional legislar na emergência, para proteger o povo e o país da pandemia. É dever de governadores e prefeitos zelarem pela saúde pública, atuando de forma coordenada, como muitos têm feito de forma louvável. É também obrigação do Ministério Público e do Judiciário deter prontamente as iniciativas criminosas de um Executivo que transgride as garantias constitucionais à vida humana. É dever de todos atuar com responsabilidade e patriotismo.

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