Oposição

Recém-chegado na oposição a Paulo Câmara, Alberto Feitosa reafirma defesa do governo Bolsonaro

Deputado estadual Alberto Feitosa, agora no PSC depois de ser expulso do Solidariedade, tem o desejo de se candidatar à Prefeitura do Recife

Luisa Farias
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Luisa Farias
Publicado em 14/04/2020 às 18:00 | Atualizado em 19/05/2020 às 16:41
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Alberto Feitosa durante filiação ao PSC, acompanhado do presidente PSC-PE, André Ferreira, o presidente do PL-PE, Anderson Ferreira e os vereadores do Recife Fred Ferreira (PSC) e Renato Antunes (PSC) - FOTO: Divulgação

Depois de expulso do Solidariedade, o deputado estadual Alberto Feitosa (PSC) tornou-se um recém chegado no bloco de oposição ao governador Paulo Câmara (PSB) ao ingressar no PSC. O deputado já vinha fazendo críticas ao governo estadual e se aproximando da bancada de oposição da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) em algumas pautas. 

Alberto Feitosa tem o desejo de se candidatar à Prefeitura do Recife, e vem reafirmando seu posicionamento em defesa do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cujo grupo em Pernambuco também se filiou ao PSC. 

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A migração para o PSC do grupo "bolsonarista" ocorreu depois que a criação do novo partido Aliança Pelo Brasil não conseguiu ser oficializada, devido a falta de todas as assinaturas necessárias.

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Nesse grupo estão nomes como o presidente da Embratur, Gilson Machado, Coronel Meira, ex-candidato ao governo de Pernambuco nas eleições de 2018 e Silvio Nascimento, que foi candidato à Prefeitura de Caruaru pelo PSL nas eleições de 2012 e deve se candidata novamente ao pleito.

Outros pré-candidatos à PCR, como Mendonça Filho, a delegada Patrícia Domingos (Podemos) - apoiada por Wanderson Florêncio (PSC) - e o procurador Charbel Maroun (Novo) já fizeram sinalizações em direção a Bolsonaro, mas até então, não há um candidato oficialmente "bolsonarista" na disputa pelo comando da capital pernambucana. 

 

"Enquanto eles faziam sinalizações, eu fiz ações efetivas. Eu fui o único deputado estadual a estar presente quando Bolsonaro entregou a Reforma da Previdência na Câmara. Eu sou militar (tenente-coronal da reserva da Polícia Militar), tenho uma relação com ele, ele já me apoiou a deputado federal na eleição lá atras, eu subi no palanque para defender a melhoria na economia", afirma o deputado. 

Em dezembro de 2019, ele foi autor de dois requerimentos de voto de aplauso para ações do governo federal, um pelo envio de 280 viaturas para as guardas municipais de 68 municípios do Estado e outro pela Medida Provisória nº 907, que transformou a Embratur de Instituto Brasileiro de Turismo para Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo.

Ambos os requerimentos foram rechaçados por deputados da bancada de governo. Na época, a deputada Teresa Leitão (PT) disse que a Alepe estava "contaminada" pela polarização. "Não sei o que tem de bonito e engraçado em louvar um presidente da República que faz do ódio, do armamento, do assassinato, do feminicídio, do genocídio de índios e negros coisas de menos importância", disse. 

"Foram essas coisas que fizessem com que o grupo mais ligado a Bolsonaro tivessem uma identidade maior com o PSC e o nosso ingresso lá, enquanto os outros flertam. Querem o bônus, mas não assumem o ônus que possa vir porque ninguém é unanime, e a gente tem que ter um lado. Eu escolhi um lado, eu sempre defendi o que é certo", afirmou Feitosa. 

Oposição

O deputado filiou-se ao PSC, partido presidido pelo deputado federal André Ferreira (PSC) na última quinta-feira (9). Também estiveram presentes no ato de filiação os vereadores do Recife Renato Antunes (PSC) e Fred Ferreira (PSC) e o presidente do PL em Pernambuco e prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira. 

 

Feitosa conta que, antes de tomar a decisão de entrar no PSC, conversou com as lideranças do campo oposicionista no estado, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), o ex-senador Armando Monteiro (PTB), os ex-governadores Roberto Magalhães (PSDB) e Gustavo Krause (DEM), o ex-ministro Mendonça Filho (DEM) e o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), esses dois últimos também pré-candidatos.

"Embora eu já tivesse adotado uma postura de mais independência desde a campanha (de 2018), eu acho que eu estava fazendo uma transição e procurei fazer essa transição lenta e gradual, porque não é simples. É uma mudança de grupo, ideológica, de rumo. Eu tinha que conversar com as pessoas que estão na oposição", explicou. 

Ele conta que pretende ser pré-candidato, mas afirma que ninguém entra no partido apenas para isso. "A questão da pré-candidatura depende da evolução da relação", afirma. 

Ex-secretário de Saneamento do Recife no primeiro mandato de Geraldo Julio, Feitosa também não poupa críticas à gestão do socialista. Durante o debate da CBN desta terça-feira (14), ele afirmou que o prefeito será "o grande vilão" por não adotar ações como municípios menores fizeram de, por exemplo, suspender a cobrança do IPTU, diante da crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus. "Mas aqui não, recife foi a unica que criou essa coisa absurda de querer antecipar o IPTU de 2021", afirma. 

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Solidariedade

O Solidariedade anunciou a expulsão de Feitosa em 18 de março. De acordo com a sigla, ela se deu em decorrência "das sucessivas declarações de Alberto Feitosa em dissonância com o alinhamento da sigla no Estado". Em Pernambuco, o presidente estadual do SD e deputado federal Augusto Coutinho é aliado de primeira hora de Paulo Câmara. O partido integra a Frente Popular, liderada pelo PSB. 

O deputado era inclusive vice-presidente estadual do partido. "Eu estava desconfortável, embora tenham mantido uma relação pessoal, estava desconfortável com a linha ideológica de apoio a Paulo Câmara, do PT, do PCdoB, essa radicalização irresponsável contra o governo federal. Eu vinha me manifestando", conta. 

Na Alepe, Alberto Feitosa vinha adotando um tom crítico ao governo estadual. Em 2019 apresentou um Projeto de Emenda à Constituição (PEC) para aumentar o percentual de destinação de recursos para as emendas parlamentares, o que gerou um amplo debate na Casa e divergências com a bancada do governo. 

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