O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta terça-feira (28) que a Polícia Federal (PF), agora sob novo comando, reabra a investigação da tentativa de assassinato contra ele, na campanha eleitoral de 2018. Bolsonaro foi atingido por uma facada desferida por Adélio Bispo, durante uma atividade de campanha em Juiz de Fora (MG). Em entrevista na entrada do Palácio do Alvorada, residência oficial, na noite desta terça-feira (28), o presidente voltou a dizer que acredita que há um mandante por trás da tentativa de homicídio praticada por Adélio.
"Eu não tenho provas, tenho sentimento. O que for possível a Polícia Federal fazer, dentro da legalidade, para apurar quem pagou o Adélio para me matar, vai fazer", afirmou a jornalistas.
As investigações da Polícia Federal concluíram que Adélio planejou e agiu sozinho no caso. No ano passado, a Justiça Federal considerou Adélio Bispo inimputável por transtorno mental, e a defesa do presidente da República não chegou a recorrer da decisão. Bispo foi diagnosticado com transtorno delirante persistente e cumpre internação no Hospital Psiquiátrico de Custódia Jorge Vaz, em Barbacena (MG).
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No último domingo (26), em carta aberta ao presidente da República, a Associação de Delegados da Polícia Federal (ADPF) disse que o inquérito do caso foi conduzido com prioridade e atendendo aos protocolos. "O inquérito recebeu total atenção da PF, e seguiu em caráter prioritário em razão de ser um crime contra a segurança nacional e a própria democracia”, diz o texto. “As linhas investigativas continuam sendo exauridas, para que ao final a sociedade tenha a certeza absoluta de que a verdade foi alcançada ou foram esgotadas todas as possibilidades de apuração. Entretanto, não é possível produzir em uma investigação um resultado específico desejado. As atividades da Polícia Federal seguem a legislação e protocolos pré-estabelecidos e estão sob os controles da Corregedoria, do Ministério Público, do Judiciário, da Controladoria Geral da União, do Tribunal de Contas da União, das defesas e, em última análise, da sociedade organizada", acrescenta a nota.
O presidente Jair Bolsonaro também defendeu a escolha de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal. O delegado foi nomeado mais cedo, juntamente com André Mendonça, escolhido para comandar o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
"Eu conheço o Ramagem desde o primeiro dia após o segundo turno", disse Bolsonaro. O delegado chefiou a equipe de segurança do presidente ainda durante a campanha eleitoral, após o episódio da facada, e era o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) até a nomeação para comandar a PF. "Eu conheci, gostei do trabalho dele, é uma pessoa excepcional. Eu conheço a capacidade dele, bem como os seus colegas", acrescentou o presidente.
Em meio a tentativas de partidos de oposição de barrar a nomeação de Ramagem para o cargo, em ação no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro voltou a dizer que não haverá interferência política e que apenas vinha cobrando do então ministro Sergio Moro acesso a relatórios de inteligência.
"Eles mesmos dizem que as investigações não tem como ser controladas. Agora, eu sempre cobrei dele [Sergio Moro] relatórios de inteligência. Eu tinha que saber o que aconteceu no último dia para estar bem informado no dia seguinte", disse.
Para a ADPF, não cabe à Polícia Federal fornecer relatórios diários ao presidente da República, mas à Abin.
"O ordenamento jurídico prevê que as atividades investigativas da Polícia Federal são sigilosas e somente os profissionais responsáveis em promovê-las é que devem ter acesso aos documentos. O mesmo se aplica aos relatórios de inteligência. Quando a PF, por meio de suas atividades de inteligência, toma conhecimento de fatos que interessam à tomada de decisões por parte do Governo, estas são compartilhadas pelo Sistema Brasileiro de Inteligência e seguem fluxo já estabelecido até chegar ao conhecimento institucional da Presidência da República, não havendo qualquer previsão legal de comunicações pessoais, gerais e diárias ao mandatário, função esta que é da Abin", diz um trecho da carta.
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