O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello autorizou a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Polícia Federal (PF) e o ex-ministro Sergio Moro a terem acesso ao vídeo de uma reunião onde, segundo Moro, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), tentou interferir de forma indevida nas atividades da PF. O material foi enviado pelo governo à Corte, na última sexta-feira (8), com pedido para que o conteúdo fique sob sigilo. As informações são do jornal O Globo.
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Celso de Mello também autorizou o juiz auxiliar do seu gabinete, Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho, a ter acesso integral aos registros. Diferentemente dos outros materiais deste inquérito, que são públicos, o vídeo seguirá em sigilo até que seja analisado. Caberá ao ministro decidir se, e quando, este sigilo será derrubado.
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Mello justificou o acesso ao vídeo para que as partes possam orientar a formulação de perguntas durante os depoimentos testemunhais já agendados a partir da próxima segunda-feira (11), tendo conhecimento pleno do que se passou na reunião ministerial em questão, realizada dia 22 de abril, no Palácio do Planalto.
A Polícia Federal também está autorizada pelo ministro a, caso necessário, realizar novos depoimentos no inquérito que investiga Bolsonaro por suposta tentativa de interferência política na PF e Moro.
O ministro do STF disse ainda que decidirá "brevissimamente, em momento oportuno, sobre a divulgação, total ou parcial, dos registros audiovisuais" da reunião do dia 22 de abril.
Demissão, acusação e mais de oito horas de depoimento
Ministro da Justiça e Segurança Pública desde o início do governo Bolsonaro, Sergio Moro anunciou o pedido de demissão do cargo no dia 24 de abril. Neste anúncio, acusou o presidente de tentar interferir na Polícia Federal. A partir das declarações do ex-ministro, a PGR pediu e o STF abriu um inquérito para investigar as acusações. Jair Bolsonaro nega ter cometido irregularidades.
No último dia 2 de maio, Sergio Moro prestou depoimento por mais de oito horas na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba. Ele foi questionado sobre as acusações de que Bolsonaro tentou interferir no trabalho da PF e em inquéritos relacionados a familiares.
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