Críticas

Mídia internacional faz críticas a Bolsonaro sobre postura diante da pandemia do coronavírus

Jornal inglês Financial Times classificou as atitudes de Bolsonaro como 'palhaçadas'

Bruna Oliveira Estadão Conteúdo
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Bruna Oliveira
Estadão Conteúdo
Publicado em 25/05/2020 às 15:09 | Atualizado em 25/05/2020 às 16:10
EVARISTO SA/AFP
Bolsonaro foi criticado pela mídia estrangeira - FOTO: EVARISTO SA/AFP

Os jornais ingleses Financial Times, The Telegraph e a revista norte-americana Time publicaram reportagens com duras críticas ao posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diante da pandemia do novo coronavírus. A América do Sul é novo epicentro da pandemia, de acordo com declaração da Organização Mundial de Saúde (OMS) feita na sexta-feira (22).

Intitulado como “O populismo de Jair Bolsonaro está levando o Brasil ao desastre", o texto publicado pelo colunista Gideon Rachman no Financial Times, nesta segunda-feira (25), comenta sobre a abordagem “irresponsável e perigosa” utilizada por Bolsonaro com relação à pandemia, medidas comparadas com a de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

O texto destaca a posição do Brasil como o país com a segunda maior taxa de pessoas infectadas pelo vírus no mundo e o sexto com maior número de mortes em decorrência da covid-19. Além disso, o colunista também se referiu às atitudes de Bolsonaro como “palhaçadas”.

"A composição econômica e social do Brasil significa que o país será severamente atingido à medida que a pandemia se acelera. Infelizmente, o Brasil já está pagando um preço alto pelas palhaçadas de seu presidente — e as coisas estão piorando rapidamente", disse o texto.

De acordo com Rachman, Bolsonaro não é "responsável" pelo vírus, no entanto, ao desrespeitar o isolamento social e com a saída dos ministros, ele pode ser responsável pela "resposta caótica que permitiu que a pandemia saia do controle".

O texto ainda pontua que "não há dúvida de que Bolsonaro está com problemas políticos" e diz que o apoio que o presidente tinha de conservadores tradicionais "agora está desmoronando". 

The Telegraph

Nesse domingo (24), o jornal britânico The Telegraph também fez críticas sobre a postura do presidente diante da crise do coronavírus e disse que Bolsonaro “agora enfrenta a perspectiva de se tornar conhecido como o homem que quebrou o Brasil”.

A reportagem também relembrou o risco de morte do presidente há dois anos, quando foi esfaqueado durante a campanha presidencial e, mesmo assim, atualmente "exibiu um sorriso malicioso ao afirmar que estaria imune a qualquer um dos sintomas graves da doença [covid-19] devido ao seu 'passado como atleta'".

Revista Time

A revista norte-americana Time publicou, em sua última edição, uma matéria com críticas à atuação do presidente da República, Jair Bolsonaro, ante a pandemia do novo coronavírus no Brasil, que já infectou 363.211 e matou 22.666 pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o País é o novo epicentro da covid-19 no mundo, fato destacado pela revista.

O título do texto é "Brasil começa a perder a luta contra o coronavírus - e o seu presidente está olhando para o outro lado"

Na matéria, a repórter Ciara Nugent conta que a resposta de Bolsonaro durante a crise causa surpresa mesmo em comparação a outros governantes que também menosprezaram o impacto da pandemia.

Como exemplo, Nugent cita o episódio em que Bolsonaro, no dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 10 mil mortes pela covid-19, passeou de jet-ski no Lago Paranoá, em Brasília.

Ao trazer uma fala do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), a reportagem evidencia como Bolsonaro pode ser responsabilizado pela expansão da covid-19 no Brasil.

"Com discursos irresponsáveis, quase delinquentes, ele encoraja a população a ocupar as ruas. Ele empurrou muitas pessoas para a morte", disse Virgílio Neto em depoimento resgatado pela revista "O mandato do Presidente pode ainda sobreviver, mas muitos de seus cidadãos não vão", conclui a matéria.

O texto da Time contextualiza ainda a crise política provocada por Bolsonaro contra governadores que apoiam medidas restritivas para combater a doença, além das demissões de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich do Ministério da Saúde e de seus atritos com o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que acusou Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para proteger familiares.

Moro, ao falar à Time, disse que "há dificuldade no enfrentamento da pandemia no Brasil" por conta da posição "negacionista" do presidente.

Resposta de Bolsonaro

Ao ser questionado por simpatizantes sobre "não ser bem visto no exterior", nessa segunda-feira, Bolsonaro voltou a dizer que é perseguido pela imprensa.

“A imprensa mundial é de esquerda. O Trump sofre muito nos Estados Unidos também”, declarou.

 

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