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Secretário de Bolsonaro compara divulgação de dados da pandemia com horário de transmissão de futebol

Os dados oficiais do coronavírus estão sendo divulgados cada dia mais tarde pelo Ministério da Saúde

Alice Albuquerque
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Alice Albuquerque
Publicado em 08/06/2020 às 17:03 | Atualizado em 08/06/2020 às 17:51
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência da República - FOTO: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pelo Twitter, nesta segunda-feira (8), o secretário de comunicação da presidência da República, Fábio Wajngarten, criticou a mídia por usar "dois pesos e duas medidas" por conta do atraso na divulgação dos dados oficiais do coronavírus no Brasil pelo Ministério da Saúde. Wajngarten desdenhou da situação, "divulgar boletim da saúde às 22:00 é escândalo", e comparou com o horário da transmissão do futebol.

Desde a última quarta-feira (3), dia em que o País registrou recorde de 1.349 mortes por coronavírus em 24 horas, a divulgação dos dados do coronavírus pelo colegiado atrasou e tem sido feita cada vez mais tarde. Na quarta, a divulgação foi feita às 22h.

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Ainda na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, os dados eram apresentados diariamente em coletiva de imprensa. No começo de maio, com o comando do também ex-ministro Nelson Teich, os dados passaram a ser divulgados às 19h e apenas comentados no dia seguinte.

Na última sexta-feira (5), terceiro dia consecutivo com atraso na divulgação dos dados, o presidente da República satirizou que "acabou matéria no Jornal Nacional", e também não confirmou de quem era a ordem do atraso. "Não interessa de quem partiu. Acho que é justa essa ideia da noite, sair o dado completamente consolidado", disse.

O ministro interino da pasta, general Pazuello, só foi nomeado ao posto 19 dias depois da saída de Teich do governo. Pazuello estava no comando da Saúde desde o dia 15 de maio, tempo que a pasta está sem titular e, de acordo com o presidente, Pazuello "vai ficar muito tempo" no cargo.

Bolsonaro também chegou a minimizar novamente os números da doença no País e sugeriu que outras doenças são a real causa de muitas mortes. "Tem de saber quem perdeu a vida do covid ou com covid. A pessoa tem 10 comorbidades, 94 anos. Tem, pegou vírus. Potencializa. Parece que esse pessoal.. Globo, Jornal Nacional, gosta de dizer que o Brasil é recordista em mortes. Falta, inclusive, seriedade. Mortes por milhões de habitantes nem se faz", disse o presidente, criticando a imprensa que, por sua vez, faz um trabalho sério e de checagem de informações.

Paulo Câmara critica

Neste sábado (6), através das redes sociais, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) criticou o governo Bolsonaro e disse ter se tornado "exemplo do que é errado e inaceitável". "Negar a realidade é grave. Sonegar dados é ultrapassar os limites. O Governo Federal brasileiro tornou-se, sob todos os aspectos, exemplo do que é errado e inaceitável", afirmou.

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O governador também ressaltou que a tentativa de manipulação do presidente através do Ministério da Saúde "não vai destruir o esforço da nação inteira". "Manipulação, omissão e desrespeito são traços marcantes em gestões autoritárias. Seguiremos levantando, sistematizando e divulgando os dados. Só assim alcançaremos resultados. Apesar da irresponsabilidade federal, a luta pela vida avança", exaltou.

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