De passagem pelo Recife nesta terça-feira (16) para acompanhar o trabalho da Marinha, do Exército e da Aeronáutica no combate ao coronavírus no Nordeste, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, disse que não há “viés político” nas Forças Armadas, mas que acredita que os Poderes devem “respeitar os limites um do outro”. A declaração do auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diz respeito ao manifesto contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, elaborado por um grupo de militares da reserva, um oficial da Polícia Militar do Rio de Janeiro e 30 civis. O magistrado é o relator do inquérito sobre supostas interferências de Bolsonaro na Polícia Federal.
O documento comentado por Azevedo afirma que “ninguém entra nas Forças Armadas por apadrinhamento”, nem atinge postos na carreira por ter “um palavreado enfadonho, supérfluo, verboso, ardiloso, como um bolodório de doutor de faculdade”. O grupo fecha o texto afirmando que “nenhum militar atinge o generalato se não merecer o reconhecimento dos seus chefes, o respeito dos seus pares e a admiração dos seus subordinados”.
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Apesar das duras críticas a um membro da mais alta corte do País, o ministro defendeu a isenção política das declarações. “Desde a Constituição de 1988 somos fiéis ao ordenamento jurídico e democrático em vigor. Nós já demos provas disso nessas três décadas. Agora somos conscientes também do artigo 2º da Constituição, que fala da harmonia e independência dos Poderes. Cada Poder tem que respeitar o limite do outro e nós, as Forças Armadas, somos forças sem nenhum viés político”, cravou o ministro.
Questionado sobre a polêmica causada pela participação do ministro da Educação Abraham Weintraub em um ato com conotação antidemocrática no último domingo (14), Azevedo tergiversou. “Eu estou vendo as minhas operações. Questão de ministros, eu não vou dar opinião. Não compete a mim dar opinião. Os ministros, atitudes de ministros ou qualquer questão sobre os ministros são de responsabilidade do presidente comentar”, disparou, encerrando a entrevista coletiva. Sobre o caso, Bolsonaro chegou a afirmar que Weintraub tornou-se um “problema” no governo.
OPERAÇÃO COVID-19
O ministro Fernando Azevedo e Silva chegou ao Recife na tarde desta terça, depois de visitar o Comando do 3º Distrito Naval, em Natal, no Rio Grande do Norte. O objetivo do general era conhecer detalhes das atividades dos 10 Comandos Conjuntos articulados pelo Ministério da Defesa para ajudar no enfrentamento da pandemia da covid-10 no País.
No Recife, o ministro visitou o Centro de Coordenação de Operações, onde teve acesso às ações desenvolvidas em Alagoas, Ceará, Pernambuco, Piauí e Sergipe. Logo em seguida, Azevedo comandou uma videoconferência com os outros nove Comandos Conjuntos para que seus comandantes pudessem lhe repassar dados sobre os trabalhos desenvolvidos nos demais Estados. Nesta quarta-feira (17), o ministro seguirá para o 2º Distrito Naval, em salvador, na Bahia, onde vai encerrar sua viagem pelo Nordeste.
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