O fim das coligações tornou as eleições de 2020 uma prova de fogo para os partidos pequenos garantirem a sua representação nas casas legislativas municipais. O fato é que todas as mudanças são fatores a serem considerados na hora dos partidos definirem qual será a melhor estratégia eleitoral para a realidade de cada município.
A possibilidade de disputar a sobra de voto mesmo sem atingir o quociente eleitoral acaba sendo um respiro que traz mais chances das siglas conquistarem ao menos uma vaga no Parlamento. “Isso é bom, porque, anteriormente, os partidos chegavam perto e morriam na praia, isso vai beneficiar quem formou chapa”, diz o presidente estadual do PRTB, Pastor Edinázio.
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Presidente do MDB em Pernambuco, o deputado federal Raul Henry conta que a estratégia de lançar candidaturas majoritárias será adotada sobretudo nas cidades do interior. “É muito mais fácil do que não tendo esse candidato. Ele não só termina puxando, como se encarrega de mobilizar as candidaturas (a vereador), de assumir a responsabilidade por isso”, resume o emedebista.
Dirigentes partidários também concordam que a tática só deve valer quando houver candidaturas competitivas, pois, caso elas não estejam bem estruturadas, o efeito pode ser o inverso. Na avaliação do presidente do PP-PE e deputado federal Eduardo da Fonte, uma chapa de prefeito que fracassa pode levar a chapa de vereadores junto. “Devemos lançar cerca de 60 candidatos a prefeitos. Mas, candidaturas competitivas. Não são aventuras. Quando você vir um candidato a prefeito do Recife ter resultado negativo nas urnas, ele vai puxar a chapa para baixo, a gente já viu isso em outras eleições”, afirmou o deputado.
Segundo Raul Henry, há cidades em que os vereadores com mandato assumem a missão de construir as chapas. Com isso, a figura do candidato a prefeito acaba não sendo imprescindível. “Também há situações em que os candidatos a vereadores que já tinham mandato se encarregaram disso. Em muitos casos, temos um ou dois vereadores com mandato, e o prefeito não é do partido”, detalhou o parlamentar.
O PSL foi o partido que elegeu a maior bancada na Câmara dos Deputados em 2018 e, consequentemente, o que terá acesso à maior fatia do fundo eleitoral, de R$ 193,7 milhões. Atualmente, porém, a sigla não ocupa nenhuma cadeira na Câmara Municipal do Recife, pois o único vereador eleito em 2016, Rogério de Lucca, migrou para o PP. “O PSL hoje não tem candidato próprio no Recife, mas pode ser que a gente lance um nome para fortalecer a chapa de vereadores. Como também pode ser que a gente apoie alguém na majoritária e até mesmo tenha um vice na chapa de um dos atuais postulantes”, cravou o presidente estadual do PSL, Frederico França.
Sobre a ausência de vereadores no Recife, França argumenta que essa situação acaba sendo um atrativo para pessoas que querem concorrer pela legenda. “O que os pré-candidatos querem é ir para uma sigla com a qual eles se identifiquem, para que tenham a chance de ser eleitos. Como não temos ninguém de mandato que tenha 5, 6, 8 mil votos, eles ficam mais à vontade de estar na legenda”, afirmou, acrescentando que o partido está investindo maciçamente na capacitação jurídica dos seus candidatos sobre as regras eleitorais.
Siglas de médio porte que já estão acostumadas em sair sozinhas nas eleições proporcionais, as chamadas “chapa puro sangue”, podem sair com vantagem nesse novo cenário sem coligações. Nas eleições para vereador do Recife em 2016, foram lançadas sete coligações que conquistaram 27 das 39 cadeiras, enquanto os partidos que saíram isoladamente conquistaram as 12 restantes.
O PP foi o mais bem sucedido, elegendo três vereadores, dois pelo quociente partidário e um através da sobra de votos. “Aqueles partidos que não tinham militância, vão ser prejudicados. Hoje, essa nova legislação obriga os partidos a fazerem o papel da militância, a terem torcida. Antes, não, tinha vereador eleito por causa da coligação”, examina Eduardo da Fonte.
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