EX-GOVERNADOR

'Bolsonarista fanático está banido', diz Ciro Gomes sobre as eleições 2020, na Rádio Jornal

O ex-governador acusou ainda o governo Bolsonaro de roubo e comparou as ações do presidente aos esquemas de corrupção revelados durante a administração petista

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 08/10/2020 às 10:47 | Atualizado em 08/10/2020 às 15:02
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Isso não existe (Lula ser meu vice). Lula é grande demais, ele deveria, se tivesse um pouquinho de grandeza, até em respeito a si próprio, guardar o lugar justo que ele tem na história. Um presidente que fez muita coisa pelo povo naquele momento, mas que errou profundamente na política, a ponto de ser ele a maior vítima", rebateu Ciro Gomes (PDT) ao ser questionado sobre a possibilidade de compor chapa com Lula em 2022. - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

Em entrevista à Rádio Jornal, nesta quinta-feira (8), o ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou que candidatos ideologicamente mais alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foram banidos pelos eleitores da disputa pelas prefeituras em novembro e que mesmo acontecerá com quem defender posições extremistas.

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“Acredito que os extremos serão banidos por regra nessas eleições municipais. Tirando o Recife, onde o PT está em terceiro lugar, e Fortaleza, onde está em segundo, no resto do país, o PT está distante da disputa de segundo turno. Claro, tudo isso pode mudar, pois o povo é quem sabe", declarou Gomes, que concorreu à Presidência da República em 2018.

"E aquele bolsonarista fanático sumiu. Esse bolsonarista boçal, fanático está banido no país inteiro. Veja no Recife onde eles estão”, completou.

Virtual candidato do seu partido em 2022, o pedetista disse que ainda que disputas como a que acontece no Recife podem indicar um caminho para o que ele chamou de “alternativa progressista com ideário nacional”. "Esse voto dado na capital, é, para além de escolher um bom administrador, um voto para construir uma saída disso, de Bolsonaro e seu banditismo fascista e, do outro lado, permita a gente não cair de volta no passado do petismo", pontuou. 

Lava Jato e estelionato eleitoral

O ex-governador criticou o discurso do presidente da República realizado nessa quarta-feira (7). Durante a cerimônia de lançamento do programa Voo Simples, o chefe do Executivo nacional afirmou ter acabado com a operação Lava Jato e justificou o ato dizendo que não existe corrupção em seu governo. "Essa anta, ontem, disse que acabou com a Lava Jato. Primeiro, é mentira, porque a ela não é uma operação do Executivo, mas do Judiciário e do Ministério Público. Segundo, é um estelionato eleitoral grosseiro, porque ele se elegeu em cima desse discurso moralista, sendo um velho picareta, que eu conheço de longuíssima data", enfatizou o pedetista.

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A declaração de Bolsonaro foi direcionada às recentes críticas de apoiadores do ex-juiz Sérgio Moro, chamados de lavajatistas, pelo presidente ter se aproximado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se posicionam contrários à operação. A prerrogativa de encerrar a Lava Jato, no entanto, não é do Poder Executivo, mas da Procuradoria-Geral da República (PGR). "Eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato! Porque não tem mais corrupção no governo", disse, sendo aplaudido por autoridades presentes no local após a fala.

Ciro Gomes acusou ainda o governo Bolsonaro de roubo e comparou as ações do presidente aos esquemas de corrupção revelados durante a administração petista. "Ele diz que não há corrupção no governo, mas o que esses caras estão roubando na Petrobras é sem precedentes, e olha que eu vi o escândalo do PT. O que ele [Bolsonaro] fez? Aparelhou a PF, a PGR e agora está se confraternizando com o lado politiqueiro do Judiciário brasileiro."

Impeachment

Questionado se ainda defende o impedimento do presidente Jair Bolsonaro, apesar da crescente popularidade do mandatário, em virtude de fatores como o auxílio emergencial, Ciro Gomes afirmou que continua defendendo a tese de que "o impeachment é a punição que Bolsonaro merece pelos crimes que cometeu". Ele, no entanto, reconheceu as dificuldades para fazer avançar a tramitação do processo. 

"O impeachment de Bolsonaro não sai, não por ele ser popular, porque é falsa esta perspectiva de popularidade. Recebo pesquisas a toda hora, por causa das eleições municipais, mostrando Bolsonaro com algo em torno de 35% a 37% de aprovação. Se isso é ser popular, não sei o que eram os meus 76% de aprovação quando saí do Governo do Ceará. O que Bolsonaro conseguiu foi comprar o Centrão", declarou Ciro.

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Apontado por parte da esquerda como um dos responsáveis pela eleição de Bolsonaro, Ciro fez questão de se defender e afirmar que o antipetismo foi o responsável pela derrota de Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições 2018. "Todas as pesquisas mostravam que Bolsonaro se elegia a não ser que fosse eu ao segundo turno. Menos por mérito meu, mas por causa do antipetismo", disse o ex-candidato, afirmando que os petistas mais agressivos desconhecem sua ajuda a Lula durante mais de 30 anos.

"Agora, nem sequer respeito eu tenho dessa gente, porque passei a discordar da imprudência de Lula. Fui avisando, dizendo, dizendo, aí o limite entornou quando Lula acertou com Michel Temer, um notório corrupto, colocando ele na linha de sucessão", criticou Ciro.

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