O ex-ministro de Segurança Pública Raul Jungmann (Cidadania), em entrevista à Rádio Jornal nesta terça-feira (27), falou sobre o controle que grupos organizados, como é o caso do PCC (Primeiro Comando da Capital), podem ter nas eleições municipais. Ainda esta semana a Polícia Civil de São Paulo começou a investigar a possível atuação do PCC nas eleições municipais da cidade. Para Jungmann, isso acende um alerta para uma preocupação que precisa ser nacional.
"Isso é uma preocupação que precisamos ter nacionalmente, por que não só existe o PCC. Temos o Comando Vermelho, Amigo dos Amigos, Terceiro Comando da Capital, a Família do Norte no Amazonas. São 70 facções espalhadas e que começam sua atuação dentro de 1500 unidades prisionais no Brasil", afirmou.
Em São Paulo, o alvo das investigações está a possibilidade de a facção usar seu poder para impedir que candidatos possam fazer campanha em comunidades dominadas por criminosos no Estado. De acordo com o Estadão, há relatos de ameaças nas regiões de Campinas e da Baixada Santista.
Jungmann destacou o nível de atuação dessas facções no Rio de Janeiro, onde os grupos são um "governo paralelo" na cidade.
"Dois milhões e meio de cariocas vivem sobre o controle das milícias e quem controla o território, controla o voto. E quem controla o voto elege uma bancada do crime. Se cria uma bancada das milícias e essa bancada vai participar da divisão do "bolo" dos cargos. Você pode ter representantes das milicias dentro Executivo, Judiciário", explicou.
O ex-ministro destacou que, apesar de existir infiltração desses grupos criminosos em vários estados do Brasil, nenhum se compara a situação do Rio de Janeiro.
"Existem graus de infiltração. No caso do Rio de Janeiro é o grau máximo. Lá a milícia é um poder paralelo, um governo paralelo. Lá realmente existe uma relação entre milícia, crime organizado e política."
Entenda
A Polícia Civil de São Paulo investiga a possível atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas eleições municipais. No alvo dos investigadores está a possibilidade de a facção usar seu poder para impedir que candidatos possam fazer campanha em comunidades dominadas por criminosos no Estado. O Estadão apurou que há relatos de ameaças nas regiões de Campinas e da Baixada Santista.
Há cerca de 20 dias, a direção da polícia na Baixada Santista foi procurada por políticos ligados ao PSDB que estavam preocupados com relatos de cabos eleitorais envolvendo ameaças durante a distribuição de material de campanha em comunidades da cidade. A preocupação principal incluía os candidatos de Praia Grande e de Santos do PSDB, partido que governa os dois municípios e o Estado.
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