São Paulo
Ao tomar posse, Covas diz que São Paulo 'está pronta para vacinar em massa'
Covas afirmou que "o negacionismo está com os dias contatos" e que agora é necessário banir o "vírus do ódio"
Na cerimônia de posse do seu segundo mandato como prefeito de São Paulo, o tucano Bruno Covas afirmou nesta sexta-feira, 1º, que a cidade de São Paulo está pronta para vacinar a sua população. "As vacinas vão chegar e a nossa cidade está pronta para vacinar em massa", disse em seu discurso, acrescentando que ainda é necessário manter as medidas de isolamento social de combate ao coronavírus. O ato ocorreu na Câmara dos Vereadores de São Paulo, no centro da cidade.
Em um discurso alinhado ao do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu aliado político, Covas afirmou que "o negacionismo está com os dias contatos" e que agora é necessário banir o "vírus do ódio". O prefeito defendeu ainda que a atividade política "não é para lacradores", em referência aos governantes que adotam um perfil mais extremado contra os adversários. "As urnas deram o recado de moderação muito claro", argumentou.
A fala fez referência à forma como a crise vem sendo conduzida pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, que já chamou a doença como "gripezinha" em diversas ocasiões, inclusive em pronunciamento em rede nacional. Esse discurso tem sido refutado por Doria, que pretende disputar a Presidência em 2022.
O debate em torno da vacinação no Brasil se tornou o mais novo ringue de batalha entre Doria e Bolsonaro, que tenta transferir as responsabilidades pela marcha lenta do processo de imunização no País aos laboratórios que produzem vacinas. Já o governo Doria acena para a possibilidade de vacinar a população paulista a partir do final de janeiro um imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantã em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Essa vacina, no entanto, ainda não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso e está na terceira fase de testes.
O ato serviu como cerimônia de posse de Covas, do vice-prefeito Ricardo Nunes (MDB) e dos 55 vereadores da 18ª Legislatura (2021-2024) da Câmara. Em seu discurso, Nunes afirmou que, durante a pandemia do novo coronavírus, ninguém, na cidade de São Paulo sob Covas, ficou sem tratamento, sem respirador.
Doria, que participou virtualmente, também voltou a defender a necessidade da vacina para solucionar a pandemia do novo coronavírus.
Cerimônia híbrida
A natureza híbrida - presencial e virtual - da cerimônia causou alguns enguiços na hora em que cada um dos 55 vereadores tinham que responder "assim o prometo" a um juramento para dar início ao mandato. O juramento ocorreu em ordem alfabética, mas um dos primeiros chamados que participavam por videoconferência, Arselino Tatto, estava com o microfone fechado, não conseguiu abrir o dispositivo, foi pulado e fez seu juramento depois de superar a questão técnica.
A Mesa que conduziu a cerimônia foi presidida pelo vereador Eduardo Suplicy (PT), o mais idoso entre os eleitos. Milton Leite, presidente da Câmara na legislatura que se encerra, atuou como o secretário da Mesa, onde também se sentaram Covas e Nunes.
Após o discurso de Covas, Suplicy se dirigiu a ele publicamente para criticar o decreto emitido pelo prefeito e pelo governador que vai eliminar a partir de fevereiro a gratuidade do transporte público para idosos de 60 a 65 anos. Do lado de fora da Câmara, cerca de dez manifestantes protestavam contra a medida.
Além de Doria, o ato contou com a participação virtual de diversos secretários da administração estadual, do desembargador Federal Mairan Maia, presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Nuevo Campos, do arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer e de Orlando Faria, atual secretário municipal da Casa Civil e próximo secretário municipal da Habitação, entre outras autoridades.
Inicialmente, algumas autoridades iriam participar presencialmente, mas foram desconvidadas na última terça-feira, dia 29, quando a Mesa Diretora da Câmara publicou um ato que ampliou os protocolos de segurança em virtude da covid-19.
Ao longo de toda a cerimônia, metade do telão que exibia os participantes virtuais ficou mostrando o rosto do governador de maneira permanente.