'DESMAME'

Prefeito de Timbaúba, em Pernambuco, é alvo de operação da PF que apura desvio de recursos destinados à saúde

A PF estima que, ao todo, entre 2013 e 2016, cerca de R$ 7,9 milhões foram desviados da compra de medicamentos e material hospitalar

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Marcelo Aprígio

Publicado em 03/02/2021 às 7:42 | Atualizado em 03/02/2021 às 21:05
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A Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Desmame, em Timbaúba, na Zona da Mata de Pernambuco, na manhã desta quarta-feira (3). A ação visa combater uma organização responsável por crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro relacionados a contratos de fornecimento de medicamentos e material hospitalar à cidade. Entre os alvos da operação está o atual prefeito do município, Marinaldo Rosendo (PP), que governa Timbaúba pela segunda vez.

Ao todo, a ação, que conta com a atuação de 50 policiais, cumpre mandados de busca e apreensão em dez endereços em Recife, Olinda e Timbaúba. As ordens judiciais estão sendo cumpridas contra políticos, empresários, servidores e ex-servidores da Prefeitura, inclusive o atual prefeito e um ex-prefeito do município que se sucederam entre 2013 e 2016.

REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS MARINALDO ROSENDO
Pelos registros da própria prefeitura, no período sob investigação, os gestores da cidade eram Marinaldo Rosendo (dir.) e Júnior Rodrigues (esq.) - REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS MARINALDO ROSENDO

Pelos registros da própria prefeitura, no período, os gestores da cidade eram Marinaldo Rosendo e Júnior Rodrigues. Rosendo, à época no PSB, governou a cidade entre 2009 e início de 2014, quando renunciou ao mandato para ser candidato a deputado federal.

Em janeiro de 2014, com a renúncia, assumiu o cargo de prefeito o então vice Júnior Rodrigues (PSB), que ficou no cargo até o final de 2016, quando disputou a reeleição e não obteve vitória nas urnas. Em 2018, já no PP, Marinaldo Rosendo não conseguiu ser reeleito para deputado federal. Mas em 2020, o político disputou a eleição para prefeito de Timbaúba e conseguiu vencer, retornando ao cargo após sete anos em janeiro de 2021.

A PF suspeita da prática de crime de fraude à competitividade em processos licitatórios, desvio de recursos públicos praticado por prefeitos e lavagem de dinheiro, cujas penas, somadas, podem chegar a 26 anos de prisão. A corporação estima que, ao todo, cerca de R$ 7,9 milhões foram desviados.

DIVULGAÇÃO/PF
Entre os alvos das ordens judiciais estão políticos, empresários, servidores e ex-servidores da Prefeitura, inclusive ex-prefeitos - DIVULGAÇÃO/PF
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Entre os alvos das ordens judiciais estão políticos, empresários, servidores e ex-servidores da Prefeitura, inclusive ex-prefeitos - DIVULGAÇÃO/PF
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Entre os alvos das ordens judiciais estão políticos, empresários, servidores e ex-servidores da Prefeitura, inclusive ex-prefeitos - DIVULGAÇÃO/PF

Investigações

As investigações que deram origem à “Desmame” tiveram início em 2017, quando a PF recebeu uma denúncia anônima sobre suposto direcionamento em licitações, com favorecimento a uma distribuidora sediada na cidade. Além disso, a criminação apontou irregularidades na execução de contratos que contavam com aporte de recursos federais do Sistema Único de Saúde (SUS).

Durante o inquérito, a PF confirmou em parte a denúncia, obtendo evidências de favorecimento à distribuidora, e ainda averiguou que, no período dos contratos com o município de Timbaúba, a empresa realizou diversas transações financeiras com companhias do grupo empresarial de um dos ex-prefeitos da cidade.

Resposta de Marinaldo Rosendo

A assessoria de comunicação da prefeitura de Timbaúba enviou nota ao JC, em nome do prefeito do município, afirmando que, no "período fiscalizado, Marinaldo já não era mais o prefeito, pois ao final de 2013 renunciou ao mandato para se dedicar ao processo eleitoral de 2014 para a Câmara".

Leia a íntegra:

Marinaldo Rosendo de Albuquerque, prefeito de Timbaúba, vem a público informar que:

Sempre prezou pela lisura na gestão, pautado nos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade zelando pela coisa pública.

Ressalte-se ainda que no período fiscalizado, Marinaldo já não era mais o prefeito, pois ao final de 2013 renunciou ao mandato para se dedicar ao processo eleitoral de 2014 para Câmara Federal.

Cumpre ainda salientar que a empresa que prestou serviço de fornecimento de medicamentos com recursos do SUS se deu apenas a partir do ano de 2014, conforme o processo licitatório número 001/2014 e contrato número 03/2014.

A construção da residência divulgada pela imprensa iniciou no ano de 2009 tendo sido interrompida no ano de 2015, a qual foi inteiramente financiada por meio de recursos próprios, advindos das atividades empresariais conforme comprovação realizada no imposto de renda.

Assim sendo, o prefeito confirma que se encontra à disposição para contribuir com as investigações, principalmente a fim de trazer luz à verdade acerca de sua cabal inocência.

 

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