Bolsonaro contradiz fatos e diz que nunca se referiu à covid-19 como 'gripezinha'
No dia 26 de novembro de 2020, Bolsonaro chocou a população ao declarar que, "depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar"
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (11), durante a sua "live" semanal, que nunca se referiu à covid-19 como uma "gripezinha" nem minimizou a gravidade da doença. "Eu quero aqui, rapidamente, dar uma entrada, em especial àqueles que nos criticam sem qualquer base. 'Ah, o governo abandonou no tratamento ao covid, ah, ele é antivacina, ele falou que era uma gripezinha'. Estou esperando alguém mostrar um áudio ou um vídeo dizendo que era uma gripezinha. Estou esperando", declarou Bolsonaro.
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No dia 26 de novembro de 2020, porém, conforme amplamente divulgado pela imprensa nacional e internacional, Bolsonaro chocou a população ao declarar, com todas as letras que, "depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar". Naquele mês, o Brasil já ultrapassava a marca de 160 mil mortos pela doença.
Sem citar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro atacou o líder petista e seus ministros quando esteve à frente do Palácio do Planalto. O presidente se referiu a Lula como "o carniça" e "presidiário".
"Aqueles que dizem que sou terraplanista... O carniça, ontem, falou que ele devia procurar o Marcos Pontes, que é nosso ministro de Ciência e Tecnologia, que esteve no espaço, pra ele dizer pra mim que a Terra é redonda. Olha a qualidade do meu ministro da Ciência e Tecnologia e a qualidade dos ministros do presidiário, pra depois começar a discutir", disse Bolsonaro, em tom irônico, enquanto girava um globo terrestre colocado sobre sua mesa.
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Os ataques a Lula continuaram. "E não é só a Ciência e Tecnologia. Veja o padrão de todos os ministros meus e daqueles do governo do PT lá atrás. Lá atrás, a especialidade era outra (faz sinal de roubo), com cinco dedos. E nós sabemos pra onde foi o Brasil. Então, essas críticas baratas não procedem", declarou.
Bolsonaro mencionou datas nas quais ele teria mobilizado ações junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela liberação de vacinas. Não mencionou o nome do governador de São Paulo, João Dória, mas o atacou diretamente, sob argumento de que Doria teria feito uso político da situação, "um cara que ficava falando besteira o tempo todo na televisão".
O presidente disse que já está se "acostumando a sofrer e apanhar por tudo que os outros façam ou deixem de fazer" e mandou uma resposta aos governadores, que nesta semana se mobilizaram em um pacto pela isolamento social e cuidados na disseminação da covid-19.
"Um recado aos governadores: todos nós estamos preocupados com a vida, mas uma pessoa sem salário, passando dificuldades e até mesmo com fome, pode levar a óbito", declarou. "O Estado que fecha o comércio tem que pagar o auxílio emergencial também."
Vacinas
Sem dar nenhum detalhe, o presidente disse durante a sua "live" que o Brasil terá disponibilizado à população um total de 400 milhões de vacinas contra a covid-19 até o fim deste ano.
Atualmente, há falta generalizada de vacinas no País, em decorrência da demora do governo federal em firmar acordos com fabricantes e de brigas políticas, como a que envolveu a contratação do imunizante chinês Coronavac.
"Até o final deste ano, de forma escalonada, teremos 400 milhões de doses de vacina contratadas por várias empresas", afirmou Bolsonaro. O presidente defendeu a fabricação de uma vacina brasileira que estaria em desenvolvimento pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, mas disse que falta dinheiro para avançar com as pesquisas. Em suas contas, faltariam R$ 300 milhões para realizar o trabalho.
"Nós vamos ter que, infelizmente, aprender a conviver com esse vírus", disse Bolsonaro, defendendo ainda a viagem que seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e comitiva fizeram até Israel para conhecer o produto.
Contra o "lockdown", o presidente mencionou o acordo que 22 governadores do País fizeram para defender o isolamento social. Bolsonaro insinuou que governadores utilizaram recursos que a União enviou aos Estados para se estruturarem contra a doença em pagamento de outras contas.
"Nós mandamos recursos para todo o Brasil, e recursos abundantes, tanto é que muitos governadores pagaram até folha de pagamento e colocaram em dia muitas finanças lá, e não deu certo", afirmou Bolsonaro, sem mencionar Estados que tenham feito o que ele diz.
O presidente disse que, com as medidas restritivas vem o desemprego e que, com ele, vem também a depressão. "Todo mundo está preocupado com morte. Lamentamos toda e qualquer morte. Agora, nós sabemos que vida e economia, saúde e economia, andam juntos. O efeito colateral direto do lockdown é o desemprego."