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''Receber agressão de Bolsonaro aumenta meu prestígio em Pernambuco'', diz Humberto Costa, chamado de 'vampiro' pelo presidente

Entenda a polêmica envolvendo o presidente da República e o senador pernambucano

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Cássio Oliveira, Marcelo Aprígio

Publicado em 26/05/2021 às 10:59 | Atualizado em 26/05/2021 às 14:19
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Após ser chamado de 'Vampiro da Saúde' pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o senador Humberto Costa (PT) afirmou que considera o mandatário 'um desocupado que não tem o que fazer'. O parlamentar lamentou que, em meio à pandemia de covid-19, Bolsonaro esteja centrando esforços em atacar senadores em vez de trabalhar para conseguir vacinas para imunizar a população.

"Eu considero que ele é um desocupado que não tem o que fazer. O Brasil está em plena pandemia de covid-19, mas em vez de ele estar preocupado em conseguir vacina e preparar o país para enfrentar a terceira onda que está chegando e será arrasadora, ele sai da condição de presidente, abandona a liturgia do cargo para poder atacar um senador. E eu não sou primeiro. Ele já fez isso com Renan [Calheiros] e Omar Aziz", afirmou Humberto ao JC.

>> Bolsonaro chama Humberto Costa de 'Vampiro da Saúde' após senador questionar Mayra Pinheiro na CPI da Covid

O petista também se manifestou sobre o assunto na abertura da reunião, desta quarta-feira (26), da CPI da Covid. Segundo Humberto, ataques de Bolsonaro aos parlamentares acontecem porque a Comissão de Inquérito estaria incomodando o presidente. "Eu queria fazer uma manifestação, o senador Renan Calheiros, em seu Estado (Alagoas), foi destratado pelo presidente da República que lá apareceu, fez aglomeração e atacou Renan. Ele se referiu a Omar Aziz e Eduardo Braga quase fazendo ameaça de mudar a legislação da zona franca de Manaus por conta das posturas altivas e independentes eles têm aqui", disse.

Em seguida, o senador pernambucano disse ter sido vítima de duas colocações do presidente da República via Twitter. "Não que isso me preocupe. Lá em Pernambuco, receber qualquer tipo de agressão de Bolsonaro melhora meu prestígio no Estado, mas não cabe ao presidente, que deveria ter compostura do cargo, que deveria respeitar a liturgia do cargo, todo dia tirar piadinha com os senadores, é se rebaixar demais. Hoje, mais uma vez me atacou, eu sei que ele faz isso pelo meu trabalho aqui, faz isso com medo do que essa CPI vai mostrar, mas não poderia deixar de registrar meu protesto, meu espanto em ver alguém que exerce a função mais importante da República se baixar à condição de ficar fazendo galhofa contra parlamentares. Então queria dizer que ele pode falar que para mim que é bom, mas é ruim para ele. Não há presidente que aja de maneira tão vil quanto esse cidadão tem agido permanentemente. Continuarei trabalhando duramente na CPI, o que talvez lhe dê raiva, mas aja como presidente, tenha decência, saiba o papel do presidente, pare de molecagem", protestou Humberto Costa.

Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro chamou Humberto de “Vampiro da Saúde” e afirmou que o mesmo “não sabia nada” sobre o apoio do Ministério da Saúde e do governo federal a Manaus. A crítica foi publicada no perfil do presidente do Twitter nesta quarta-feira, acompanhada de um vídeo em que a a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, responde a uma pergunta do parlamentar durante a sessão da CPI da Covid.

“A senhora se preocupou em juntar um time, encher um avião e botar gente pra atender às pessoas que estavam lá em Manaus precisando?”‘, perguntou o senador, durante o trecho do vídeo compartilhado por Bolsonaro. Mayra disse que sim e afirmou ter levado 347 profissionais de saúde de outros estados. "Recebemos uma homenagem da Gol de profissionais que deslocamos do Brasil inteiro, médicos que ficaram três meses em Manaus, custeados com recursos do Ministério da Saúde, para socorrer Manaus", afirmou Mayra.

Assim, Bolsonaro e apoiadores afirmaram que o petista "nada sabia" sobre nosso apoio a Manaus. Já sobre a afirmação de "vampiro", Bolsonaro fez menção à Operação Vampiro, deflagrada pela Polícia Federal, em 2004, para investigar desvios de verbas de remédios desde os anos 1990. O senador petista estava entre os alvos da investigação e foi absolvido em 2010.

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