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CPI da Covid vai ouvir nesta quinta vendedor de vacina que denunciou suposta propina

Luiz Paulo Dominguetti disse ter recebido em fevereiro um pedido de propina do então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias

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Estadão Conteúdo, Agência Senado

Publicado em 01/07/2021 às 0:14 | Atualizado em 01/07/2021 às 1:24
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A  CPI da Covid mudou a agenda prevista para esta quinta-feira (1º) e decidiu ouvir o representante da Davati Medical Suply no Brasil, Luiz Paulo Dominguetti, em vez de Francisco Maximiano, da Precisa Medicamentos.

Em entrevista a "Folha de S.Paulo", publicada nessa terça (29), Dominguetti disse ter recebido em fevereiro um pedido de propina do então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, em troca de um contrato de vacinas. No mesmo dia, a pasta anunciou a exoneração de Roberto do cargo. Segundo Dominguetti, foi pedida propina de US$ 1 por dose de vacina e a negociação envolvia 400 milhões de doses

"A CPI decidiu antecipar o depoimento do representante da empresa de vacinas Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que disse que recebeu proposta de propina US$ 1 por dose de vacina para venda ao Ministério da Saúde. Vai ser nesta quinta, a partir das 9h", informou o senador Omar Aziz, pesidente da CPI.

O empresário Francisco Emerson Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos, que estava previsto para falar à CPI na reunião de quinta, teve a convocação adiada, sem nova data. A Precisa é responsável por um contrato com o Ministério da Saúde para aquisição da vacina indiana Covaxin, que também está sendo investigado pela CPI depois das denúncias feitas no depoimento dos irmãos Luis Miranda e Luis Ricardo Miranda.

Novas convocações

A CPI da Covid aprovou na manhã desta quarta-feira (30) a convocação do líder do governo e deputado federal, Ricardo Barros (Progressistas-PR), apontado como suspeito de participar das negociações do contrato da vacina indiana Covaxin. Os senadores também deram aval a convocação do ex-diretor Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias e do empresário Luciano Hang.

 

Após cobrança do líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE), Aziz marcou para a próxima quinta-feira (8) a oitiva de Barros. Na quarta-feira (7) será a vez de Ferreira Dias.

A CPI também aprovou a quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Ferreira Dias. Além disso, pediu informações ao Brasília Shopping e ao restaurante Vasto, onde teria ocorrido a reunião entre Luiz Pereira e o ex-diretor do Ministério da Saúde.

A realização de uma oitiva secreta para ouvir o deputado Luis Miranda também foi chancelada pela CPI. O depoimento deve ocorrer na próxima terça-feira (6). Os senadores ainda pediram informações ao Ministério da Saúde sobre os acessos aos sistemas da pasta pelo servidor Luis Ricardo Miranda, irmão do Luis Miranda. Neste domingo, o deputado afirmou que o Ministério da Saúde bloqueou o acesso do servidor ao sistema do ministério. Os senadores ainda aprovaram a convocação de Marcelo Bento Pires, ex-funcionário do Ministério da Saúde também apontado como responsável por pressionar no negócio da Covaxin.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), afirmou aos senadores da CPI da Covid que o governo decidiu exonerar o diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, para "facilitar toda a apuração" que estaria sendo feita pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Ao falar sobre a exoneração, o governista Bezerra afirmou que a Astrazeneca já teria "desmentido" a representação pela Davati. "Governo não coaduna com qualquer tipo de irregularidade, exonerou para justamente facilitar toda a apuração que está sendo feita pela CGU", disse.

Quebra dos sigilos de Pazuello

A maioria oposicionista na CPI conseguiu aprovar a quebra dos sigilos telefônico, bancário, fiscal e telemático do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. O pedido partiu do senador Rendolfe Rodrigues, que pretende investigar uma denúncia apresentada em maio pelo Jornal Nacional. Conforme o noticiado pela TV Globo, na gestão de Pazuello, militares escolheram, sem licitação, empresas para reformar prédios antigos no Rio de Janeiro. E, para isso, usaram a pandemia como justificativa para considerar as obras urgentes.


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