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Estados reforçam segurança contra violência no 7 de Setembro

Em Brasília e São Paulo, locais mais críticos, polícia promete revistar manifestantes em busca de armas

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Paulo Veras

Publicado em 02/09/2021 às 7:51
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Com agências

Governadores de vários estados e o Supremo Tribunal Federal (STF) anunciaram medidas para evitar que os atos convocados para o 7 de Setembro possam terminar em confrontos ou atos de violência. A ideia é reforçar a segurança pública nas principais capitais do País e garantir que manifestações a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro ocorram em locais afastados, evitando que os dois grupos se encontrem, o que poderia resultar em conflito.

A preocupação tem sido ainda maior em duas cidades, São Paulo e Brasília, porque em ambas Bolsonaro disse que deve ir pessoalmente para discursar para os manifestantes. Ao menos nesses dois locais, a polícia deve realizar revistas em busca de armas.

Nesta quarta-feira (1º), Bolsonaro voltou a elevar a preocupação ao defender o armamento da população e afirmar, em evento militar no Rio, que "com flores não se ganha a guerra".

Na capital federal, o Supremo, talvez o principal alvo das convocações bolsonaristas, decidiu não ter expediente no dia 6, véspera do feriado. A Corte vai decretar ponto facultativo, sob o argumento de que isso vai "facilitar os preparativos de segurança".

Grito dos excluídos

Promovido desde os anos 1990 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Dia da Independência, o tradicional Grito dos Excluídos deve ocorrer em 63 municípios de 21 estados. Em muitas dessas cidades também estão previstos atos a favor do governo.

Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) até tentou barrar a manifestação da oposição ao governo, e chegou a dizer que a Secretaria de Segurança Pública iria vetar o ato, mesmo depois que ele foi transferido para o Vale do Anhangabaú, deixando a Avenida Paulista para os bolsonaristas. A Justiça, porém, decidiu que não há possibilidade de vetar manifestações, desde que os grupos diferentes estejam convocando para locais diferentes. Segundo a Justiça, é a Polícia Militar tem obrigação de garantir a segurança dos dois atos.

Mesmo assim, o presidente da comissão de Ação Transformadora da CNBB, d. José Valdeci Santos Mendes, afirmou que há "uma preocupação muito grande" na entidade com a possibilidade de episódios de violência. Pelo entendimento do Judiciário, cabe aos próprios organizadores orientar manifestantes em relação às medidas de segurança. Entre elas, deve-se evitar se deslocar sozinho até o local do protesto. Também não é recomendado responder a eventuais provocações de outros grupos.

Em Brasília, o Grito vai ocorrer na Torre de TV, que fica a menos de dois quilômetros da Esplanada dos Ministérios, onde Bolsonaro vai discursar a apoiadores ainda pela manhã, antes de embarcar para São Paulo.

Mas em outras cidades, a distância entre os atos será maior. No Rio de Janeiro, o posto 5 de Copacabana, tradicional reduto dos bolsonaristas, fica a mais de 10 quilômetros da esquina da Rua Uruguaiana com a Presidente Vargas, no Centro, onde o Grito marcou sua concentração.

Em Salvador, a manifestação pró-governo sairá do Farol da Barra. Já o Grito e um protesto pelo impeachment de Bolsonaro sairão do bairro do Campo Grande em direção à Praça Municipal. Em João Pessoa, os dois protestos também ocorrerão em locais diferentes da cidade. A polícia paraibana promete monitorar os espaços com drones e usar policiamento motorizado.

Guerra

Às vésperas das manifestações do 7 de Setembro, o presidente usou uma metáfora bélica para incentivar seus apoiadores. "Com flores não se ganha a guerra. Se você fala em armamento... Se você quer paz, se prepare para a guerra", declarou Bolsonaro. Na semana anterior, ele já havia sugerido a apoiadores que "tem que todo mundo comprar fuzil".

Embora o presidente incentive os atos, a equipe do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, tem dialogado com movimentos de caminhoneiros para tentar monitorar o envolvimento da categoria.

A avaliação da pasta é que o caminhoneiro Zé Trovão, suposto líder da classe e alvo da Polícia Federal após fazer uma convocação para atos antidemocráticos, não tem tanto peso na categoria. O ministério de Tarcísio teria dito ao Planalto que não apoia qualquer paralisação. A avaliação do grupo é que uma greve pode provocar transtornos à circulação nas rodovias.

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