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Dividida, oposição vai às ruas contra Bolsonaro neste domingo

Atos pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro acontecerão no Recife e em outras capitais

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JC

Publicado em 11/09/2021 às 23:09 | Atualizado em 11/09/2021 às 23:43
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Com informações da Agência O Globo

O plano de transformar as manifestações convocada por grupos de centro-direita para este domingo (12) em atos mais amplos, com presença de simpatizantes de diversas correntes políticas, enfrenta obstáculos. O PT e o Psol descartam aderir ao protesto, que tem a intenção de servir como resposta às falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no 7 de setembro. Por outro lado, as demais siglas de esquerda, PDT, PSB e PCdoB, anunciaram participação, apesar das divergências históricas com o Movimento Brasil Livre (MBL), um dos organizadores. Na capital pernambucana, a manifestação será realizada a partir das 13h, no Marco Zero, Bairro do Recife.

Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência da República, afirmou na quinta-feira (9) que irá à manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo. "Sempre tentarei ir a outras manifestações que forem convocadas contra Bolsonaro", escreveu no Twitter.

A participação de partidos nos atos foi discutida em uma reunião na quarta entre dirigentes de PT, PT, PDT, PSB, PCdoB, PV, Solidariedade, Cidadania, Rede e Psol. O presidente do Cidadania, Roberto Freire, tentou convencer as demais siglas a aderiram.

O PSB, que ensaia uma aliança nacional com Lula, aderiu. "O PSB vai participar de todas as manifestações pelo impeachment do presidente Bolsonaro. Além da manifestação do dia 12, o partido sugere outra do campo democrático para 19 de setembro, a da 'Primavera Democrática, Ditadura Nunca Mais'. Não compactuamos com movimentos autoritários", disse o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira.

Após os atos de apoio a Bolsonaro no dia 7 de setembro, o MBL decidiu mudar a pauta da manifestação, "nem Lula nem Bolsonaro", com objetivo de ampliar o alcance. O lema agora é "Fora, Bolsonaro!". Também foi anunciado que a cor oficial da manifestação será o branco. Presidentes do PT, Gleisi Hoffmann, e do Psol, Juliano Medeiros, descartaram a adesão oficial, mas não impedirão a presença espontânea de filiados.

O entendimento de petistas e psolistas é que para ter amplitude a manifestação precisa ser organizada conjuntamente desde o princípio. Há receio de dirigentes dos partidos de esquerda de serem vaiados ao participarem de um ato organizado pelo movimento que se consolidou na mobilização pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e que faz críticas frequentes a Lula.

Na reunião dos partidos, foi discutida a convocação de um grande ato em alguma data nacional, como resposta à apropriação do Dia de Independência por Bolsonaro. Foram sugeridos o 3 de outubro, o domingo anterior ao 5 de outubro, data promulgação da Constituição de 1988, e o 15 de novembro, Dia da Proclamação da República.

O objetivo é tentar atrair, além dos partidos que estiveram no encontro, legendas como PSD, DEM, PSDB e MDB, que vivem divisões internas sobre apoiar ou não o impeachment do presidente.

No PSDB e no DEM, há resistência de deputados beneficiados por emendas do governo federal. O PSDB de São Paulo, porém, aprovou a participação na manifestação. No estado, a sigla é comandada pelo grupo do governador João Doria.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), deve comparecer ao ato em Porto Alegre, "como cidadão", segundo sua assessoria de imprensa. De acordo com o  presidente nacional do partido, Bruno Araújo, os filiados estão liberados para participar.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que tem se colocado como pré-candidato a presidente pelo DEM, também afirmou que vai.

Ato no Recife

No Recife, a manifestação será realizada a partir das 13h, no Marco Zero, Bairro do Recife. O ato vem sendo organizado pelos movimentos Livres, UJL, MBL, Lola, Juventude Cidadania e Cidadania Diversidade.

A reportagem tentou confirmar a presença de políticos no ato como André de Paula (PSD), Augusto Coutinho (SD), Danilo Cabral (PSB), Daniel Coelho (Cidadania), Tadeu Alencar (PSB), Carlos Veras (PT), Fernando Monteiro (PP), mas não obteve retorno.

A assessoria da deputada Marília Arraes (PT) informou que ela não deve comparecer e o deputado federal Felipe Carreras (PSB) explicou que ir às ruas em meio à proibição de aglomerações na pandemia de covid-19 seria desrespeito ao povo.

O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, que é secretário estadual de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, confirmou que o partido está convocando para o ato deste final de semana. Ele próprio afirmou que irá à manifestação. "Estamos mobilizando nossos segmentos e militância", afirmou ao JC.

Pautas

Em nota enviada ao Blog de Jamildo no início do mês, um dos coordenadores do MBL, Izaque Costa, afirmou que o movimento está sendo organizado porque Bolsonaro "traiu a pátria, provocou a morte de inocentes por sua negligência, terminou de quebrar a economia, meteu inflação no bolso do pai de família de classe média e baixa, se vendeu para a banda mais podre do Centrão e agora tenta um golpe contra a nossa democracia".

Na última quarta (8), Renan Santos, liderança nacional do MBL, convocou até mesmo não-simpatizantes do movimento e pessoas da esquerda a participar do ato.

Em uma publicação no Instagram, o MBL-PE comparou o gesto à união, durante a Segunda Guerra Mundial, de Churchill (Partido Conservador), Roosevelt (Republicano) e Stalin (Comunista) contra Adolf Hitler.

"Guardada as devidas proporções, anos depois nos deparamos em um cenário parecido. Quando falas eram tidas como tão somente falas alopradas, elas eram ignoradas, como o tio chato do rolê. Agora, quando as falas se travestem de supedâneos e intenções golpistas, devemos nos aclarar e responder à altura. Por isso, vamos deixar de lado as nossas circunstanciais diferenças ideológicas, e nos unir contra um adversário em comum, afirma o post.

"Não é pensando em 2022, e sim pensando na democracia, na economia em frangalhos, no meio milhão de mortos e na defesa do estado democrático de direito", argumenta ainda.

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