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Ao lado de Guedes, Bolsonaro fala em 'confiança absoluta' e diz que não fará aventura com Auxílio Brasil

"Entendemos que a economia está ajustada, não existe solavanco ou descompromisso de nossa parte", enfatizou

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Estadão Conteúdo

Publicado em 22/10/2021 às 15:56 | Atualizado em 22/10/2021 às 20:14
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Atualizada às 19h10
Após especulações de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, poderia até mesmo deixar o cargo ainda nesta sexta-feira (22) o presidente Jair Bolsonaro fez no período da tarde uma declaração ao lado do ministro bancando a continuidade do trabalho da pasta. "Como é de praxe, de vez em quando, visito Paulo Guedes, pessoa que conheci antes das eleições. Nós nos entendemos muito bem, tenho confiança absoluta nele e Guedes entende as aflições que o governo passa", afirmou Bolsonaro, após reunião no gabinete do ministro. "Entendemos que a economia está ajustada, não existe solavanco ou descompromisso de nossa parte", enfatizou.
Bolsonaro fez nova defesa do Auxílio Brasil em R$ 400, que levou às alterações no teto de gastos que culminaram com a saída de quatro secretários da Economia na quinta-feira.
"O tíquete médio do Bolsa Família hoje é de R$ 192, o que é insuficiente. Com responsabilidade, vínhamos estudando há meses essa questão, e chegou-se um valor. Deixo claro que o valor decidido por nós tem responsabilidade, não faremos nenhuma aventura. Não queremos colocar em risco nada no tocante à economia", prometeu o presidente.
Mais uma vez, Bolsonaro tentou jogar a culpa da crise econômica atual nas medidas de isolamento social impostas por governadores e prefeitos para reduzir a curva de contágio e óbitos durante a pandemia de covid-19. "Muitas medidas tomadas no ano passado abalaram a economia, com a política do fique em casa, a economia a gente vê depois", reafirmou.
O presidente lembrou que o governo gastou mais de R$ 300 bilhões em 2020 para pagar o auxílio emergencial a mais de 68 milhões de brasileiros - chamados de invisíveis pela equipe econômica.
Ele destacou ainda a criação de empregos com carteira assinada a partir do segundo semestre do ano passado, com mais de 2 milhões de novas vagas em 2021. "A economia realmente voltou em 'V' como falava o ministro Paulo Guedes. Mas temos um legado ainda da política do fique em casa, tem muita gente passando necessidade, com problemas. Agravou-se a questão a inflação, chegando a dois dígitos, isso não é exclusivo do Brasil, o mundo todo vive isso", argumentou.
Bolsonaro alegou mais uma vez que o Brasil é um dos países que menos sofre na economia atualmente e citou projeções de crescimento de 5% no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

Guedes nega pedido de demissão e pede compreensão

O ministro Paulo Guedes negou que tenha pedido demissão. "Trabalho para um presidente democraticamente eleito, bem intencionado. Estou errado em não pedir demissão porque vão gastar R$ 30 bilhões a mais? Estou fazendo o que de errado? Peço compreensão. Vamos trabalhar até o fim do governo."

Ele disse ainda que, em nenhum momento, o presidente Bolsonaro insinuou algo semelhante, ou seja, a sua demissão.

Segundo Guedes, ele soube, que, quando estava nas reuniões do FMI, houve "uma movimentação política no Brasil" para retirá-lo do cargo. "Não falo que são ministros fura teto, existe uma legião de fura teto", disse, admitindo que é uma regra restritiva.

Surpresa

O ministro da Economia relatou que foi pego de surpresa pela saída de quatro secretários na quinta. Após a confirmação do acordo político para alterar a regra do teto de gastos para abrir espaço para um Auxílio Brasil de R$ 400 em 2022, a pasta anunciou os pedidos de exoneração do secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, do secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, - e de seus adjuntos.

Guedes lembrou que os ex-secretários trabalharam com as equipes que elaboravam a proposta do auxílio no Congresso. "Eu soube 24 horas antes só que Funchal e Jeferson pediriam para sair. Eles negociaram, negociaram, e de repente disseram que iam sair. Os secretários disseram que estávamos furando o teto, eu falei que furamos no ano passado para atender a saúde", relatou.

O ministro ainda argumentou que não quer tirar "nota 10 em fiscal" e deixar os brasileiros mais frágeis passarem fome. "Como ministro da economia tenho que lutar pelo teto sim, e lutei até o final. Mas se desacelerarmos reformas, a nossa capacidade de atender social também é desacelerada. Não existe essa antítese entre o liberal e o social. Não posso ser contra protótipo de programa de renda mínima, mas quero o financiamento correto", completou.

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