RELATÓRIO FINAL

CPI da Covid: Renan pede banimento de Bolsonaro de redes sociais e oito novos indiciamentos

O pedido de exclusão de Bolsonaro das redes ocorre após o presidente associar a vacina contra a covid-19 à aids

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Estadão Conteúdo

Publicado em 25/10/2021 às 20:11 | Atualizado em 25/10/2021 às 20:20
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Com informações da Folha de S.Paulo

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que incluirá no relatório final da CPI da Covid um pedido de medida cautelar ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) seja banido das redes sociais.

A medida ainda precisará ser aprovada pelos senadores da comissão durante a votação do texto, prevista para esta terça-feira (26). Renan também disse que pedirá a inclusão de mais oito pessoas no relatório, que já estariam com nomes pacificados entre os senadores.

Devem ser incluídos no relatório os nomes do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Helio Angotti Neto; da servidora e fiscal contrato da vacina Covaxin, Regina Célia de Oliveira; do tenente-coronel Alex Lial Marinho, ex-coordenador de logística do ministério; do coronel Marcelo Bento Pires, que teria feito pressão em favor da Covaxin; do coronel Hélcio Bruno, que teria intermediado a negociação de vacinas; de Heitor Freire de Abreu, atualmente no Ministério da Defesa; do empresário José Alves, dono da Vitamedic; e de Antonio Jordão, presidente da Associação Médicos pela Vida.

Mentira sobre aids e vacina anticovid

O pedido de exclusão de Bolsonaro das redes sociais vem após declaração do presidente que associou a vacina anticovid à aids, em sua live da última quinta-feira (21).

"Vou pôr em votação para que Bolsonaro seja excluído das redes, assim como aconteceu com o Trump [Donald, ex-presidente dos EUA]. Bolsonaro não muda, continua fazendo as mesmas coisas", disse Renan à Folha de S.Paulo.

O Facebook e o Instagram retiraram do ar neste domingo (24) a transmissão do presidente. No vídeo, o chefe do Executivo disse que pessoas que tomaram duas doses da vacina contra o novo coronavírus no Reino Unido estão desenvolvendo aids. A afirmação, que é mentirosa, foi desmentida por cientistas de todo o mundo e publicada em um site inglês conhecido por espalhar teorias da conspiração.

"O Facebook está apoiando o trabalho da comunidade global de saúde pública para manter as pessoas seguras e informadas durante esta crise. Nosso objetivo é garantir que todos tenham acesso a informações precisas, removendo conteúdo prejudicial e apoiando pesquisadores de saúde com dados e ferramentas", diz mensagem na página da companhia sobre a atuação da gigante da tecnologia durante a pandemia.

Ambas as redes sociais têm como política a responsabilidade de "reduzir a disseminação de notícias falsas". O Facebook afirma estar empenhado "em criar uma comunidade mais bem informada e em reduzir a disseminação de notícias falsas", enquanto o Instagram diz trabalhar "com verificadores de fatos independentes no mundo todo que analisam conteúdo em mais de 60 idiomas".

Fake news sobre aids e vacina é antiga

A fake news que relaciona vacinas com o desenvolvimento da aids já era conhecida, tanto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) reforçou a importância de portadores de HIV serem imunizados contra a covid-19. Como mostrou o Estadão, a propagação da mentira no momento em que o Brasil atinge mais da metade de sua população com a vacinação completa gerou revolta e críticas entre cientistas e políticos.

Por meio de nota, o Comitê de HIV/aids da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) afirmou que não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a covid-19 e o desenvolvimento de síndrome da imunodeficiência adquirida, e repudiou "toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente". O comitê da SBI também reforçou que pessoas que vivem com HIV/aids devem ser completamente vacinadas para a doença, e destacou que a dose de reforço (terceira dose) é indicada para quem recebeu a segunda dose há mais de 28 dias.

A assessoria da Presidência da República foi procurada por e-mail para comentar o episódio, mas não se manifestou até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

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