Eleições 2022

O que a vitória de João Doria nas prévias do PSDB impacta na eleição em Pernambuco

Raquel Lyra declarou apoio ao governador de Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que foi derrotado pelo governador de São Paulo, João Doria

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Luisa Farias

Publicado em 29/11/2021 às 20:54 | Atualizado em 29/11/2021 às 22:27
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O resultados das prévias do PSDB que escolheu o governador de São Paulo, João Doria, como o candidato do partido para concorrer à Presidência da República trouxe a definição de como a sigla vai se movimentar para as eleições de 2022.

Em Pernambuco, a presidente estadual e prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), declarou publicamente apoio ao adversário de Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Mas ela e seus aliados garantem que o gesto não prejudica a sua pré-candidatura, a partir a linha de que o debate sobre as eleições estaduais não deve e não pode ser nacionalizado. 

Na condição de presidente estadual, Raquel Lyra chegou a receber em Pernambuco os três candidatos das prévias do PSDB: Doria, Eduardo Leite e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. Ao JC, ela fez questão de ressaltar o bom trânsito com os nomes, aos quais apresentou o Pacto pelo Nordeste, programa voltado para os problemas e soluções para a região. Ela saiu dos encontros com a garantia de que o pacto seria incorporado por quem vencesse a disputa interna. 

"Eu tinha que escolher um dos candidatos. Entendia que Eduardo tinha sua contribuição a dar, unindo aqueles que não estão em torno dessa polarização que existe hoje no Brasil para construir o país no futuro, o candidato (escolhido) foi João Doria e prevaleceu a maioria e eu estarei com o meu partido, com o candidato escolhido por ele. Nada muda no nosso propósito, no Pacto pelo Nordeste e internamente a discussão em Pernambuco, permanece o nosso trabalho, os nossos aliados do Cidadania, PL e PSC", completou Raquel. 

O Levanta Pernambuco, liderado por Raquel e o presidente do PL-PE e prefeito de Jaboatão dos Guararapes, integra nomes como os presidentes estaduais Daniel Coelho (Cidadania), Anderson Ferreira (PL) e André Ferreira (PSC), além do ex-senador Armando Monteiro (PSDB) e mais recentemente a deputada estadual Priscila Krause (DEM), de malas prontas para sair do partido, cujo pré-candidato é o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. 

O grupo já começou a percorrer as regiões do estado na pré-campanha e no próximo final de semana tem como destino o sertão do Moxotó. Raquel chegou a relatar que vem mantendo diálogo até com lideranças de partidos que hoje estão na base do governador Paulo Câmara (PSB), sem citar nomes. 

"Tem gente que está na base mas não quer se apresentar agora com receio de algum tipo de perseguição, alguns já estão se colocando, saindo de lá, construindo", disse. "Não é só a discussão com partidos, mas com lideranças políticas que estão na base do governo mas demonstram uma preocupação com o estado de inércia que Pernambuco se encontra, diante da omissão do estado sobre problemas relevantes sobre Pernambuco", completou. 

Segundo o Blog de Jamildo, Anderson Ferreira deve estar em Brasília nesta terça-feira (30) para participar da cerimônia de filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao PL. Desde quando o presidente foi anunciado para ir para o partido, surgiram discussões sobre a possibilidade dele querer interferir nas questões estaduais. 

Anderson garantiu junto ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, autonomia para conduzir a formação de chapas majoritárias e proporcionais do partido no estado, enquanto o próprio Valdemar obteve de todos os presidentes estaduais autonomia para concretizar a filiação de Bolsonaro. 

Questionada sobre os efeitos da entrada de Bolsonaro no PL, Raquel recua ao afirmar que ainda é cedo para conjecturar sobre as eleições presidenciais. "O ambiente nacional ainda está muito incerto. O PSDB definiu o seu candidato e os outros vão se posicionar. A única certeza que nós temos é discutir uma agenda para Pernambuco e o que nos une em Pernambuco", finalizou. 

Aliada de primeira hora de Raquel Lyra, Priscila Krause avalia que o cenário nacional segue um processo diferente do local, e que a definição do candidato do PSDB influencia menos do que se imagina. "Faz uma semana que se começou a falar que o resultado da prévia poderia ser ruim para Raquel, eu acho isso uma análise equivocada. Acho que evidentemente pode influenciar o outro, mas não é determinante de jeito nenhum", disse. 

Para Priscila, esse discurso acaba por favorecer a Frente Popular. "Acho inclusive que isso é uma boa estratégia para o PSB porque o que ele quer é nacionalizar o debate que é para esquecer que tem Paulo Câmara como governador. E o que a gente vai fazer é 'pernambucanizar' o debate das eleições", prometeu. 

Sobre mais de um palanque dentro da futura chapa do Levanta Pernambuco, a parlamentar diz ser um cenário natural. Além de Doria e Bolsonaro, o Cidadania até então também tem pré-candidato, que é o senador Alessandro Vieira. 

"Não é impeditivo e nem uma coisa do outro mundo muito menos inédita. Eu acho que é saber as construções políticas para cada um respeitar a situação ou o posicionamento do outro e através do que converge, e buscar o que converge. o nosso adversário é o PSB", pontuou. 

Análise

Em entrevista concedia à Rádio Jornal na tarde desta segunda-feira (29), Raquel Lyra falou sobre as prévias do PSDB, a configuração do movimento Levanta Pernambuco para as eleições e também sobre a expectativa para as festas de fim de ano, o Carnaval e até o São João de 2022, a festividade mais importante do ano para Caruaru, município que comanda. 

Raquel afirma que esteve em Aracaju recentemente em um encontro da Frente Nacional de Prefeitos para tratar sobre discutir sobre a pandemia e a realização de grandes eventos nos municípios. Ela é presidente do G100, grupo composto por municípios com mais de 80 mil habitantes, alta vulnerabilidade socioeconômica e baixa renda per capita. 

"Não existe ainda uma decisão tomada. Estamos entendendo como é que vai se dar essa evolução dessa nova variante, que já há informações de casos no Brasil que já estão testados. O avanço da vacina é um alento, porque o Brasil tem conseguido continuar uma vacinação plena. Se vai ser suficiente esse esforço para nesse momento fazer festa de réveillon e carnaval, ainda é um ambiente muito incerto". 

Após uma entrevista concedida por Raquel Lyra, o cientista político Juliano Domingues fez uma análise na Rádio Jornal sobre o discurso da pré-candidata. 

"Veja que a Raquel Lyra traz referências ao falar sobre a questão da nova variante e o aspecto de grandes eventos, e ai mais precisamente o São João de Caruaru, há uma preocupação dela de demonstrar o quanto ela está inserida do ponto de vista nacional à interlocução com outros prefeitos", disse.

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