Eleições

Partidos antecipam definições eleitorais e colocam presidenciáveis na rua antes de 2022

A filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, a vitória do governador João Doria nas prévias do PSDB, e a filiação do ex-juiz Sergio Moro são algumas movimentações recentes que já indicam que tipo de cenário eleitoral será formado a partir do próximo ano

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Mirella Araújo

Publicado em 29/11/2021 às 20:01 | Atualizado em 29/11/2021 às 20:49
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Aos poucos, os atores políticos que devem concorrer à eleição presidencial em 2022 começam a ficar mais claros, ainda que haja muito tempo para que os martelos sejam batidos. O presidente da República, Jair Bolsonaro, que está sem legenda desde 2019, assinará sua ficha de filiação no Partido Liberal (PL), por onde concorrerá à reeleição, nesta terça-feira (30). No último sábado (27), o PSDB elegeu o governador de São Paulo, João Doria, para ser o seu candidato a presidente no próximo ano. Há três semanas, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro se filiou ao Podemos e já afirmou estar disposto a encabeçar um projeto majoritário rumo ao Palácio do Planalto. Essas movimentações mais recentes já indicam que tipo de cenário será desenhado a partir do próximo ano.

“Diferente das últimas eleições, nós temos uma antecipação muito grande da composição das pré-candidaturas. Lembrando que a gente geralmente falava de pré-candidatura em fevereiro, depois do Carnaval, que era quando isso se tornava algo mais evidente, porque no mês de abril, as pessoas definiriam suas saídas dos cargos para poder disputar. Nessa eleição, nós temos isso antecipado em um ano”, avalia o cientista político e professor da Asces-Unita, Vanuccio Pimentel.

“A ida de Bolsonaro para o PL, também clarifica o cenário porque vamos ter uma disputa sobre o bloco do Centrão. Como os partidos do Centrão vão se organizar diante dessas candidaturas que estão postas. É provável que ele consiga uma parcela mais significativa desse bloco do que Lula, Doria ou Moro”, complementa Pimentel.

Também integram o tabuleiro eleitoral até o momento, os nomes como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); do ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes; do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG-PSD); da senadora Simone Tebet (MDB-MS); e do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). “Até a composição das chapas vários nomes serão colocados à mesa. A estratégia é analisar o peso político de cada uma destas figuras : suas habilidades com outros agentes públicos; os acessos a diferentes atores e /ou instituições; a rejeição ou preferência pelos seus nomes diante da ventilação feita pela própria imprensa ou pelos partidos”, observa o cientista político e historiador Alex Ribeiro.

A partir de agora o que deverá ser amplificado são as composições estaduais que podem dar sustentação a esses nomes pré-estabelecidos, mesmo que estes palanques possam sofrer mudanças. “Quais são as pendências que faltam na prática? Começar a construir alianças e trazer grupos para estes apoios. Isso é algo que vamos começar a observar. Falar sobre o candidato a vice também traz avanços. Então nomes como (ex-governador) Geraldo Alckmin, (ex-prefeito) ACM Neto, Simone Tebet, entre outros, são possibilidades. Tudo isso faz parte do jogo. Você escolher um vice que tenha esse peso eleitoral é importante para aglutinar mais votos e apoios para a chapa”, destaca o professor de Ciência Política da Unicap, Antônio Henrique Lucena.

Além disso há outros partidos que não definiram de que forma estarão presentes no pleito presidencial. O PSB, por exemplo, não descartou totalmente a possibilidade de ter candidato próprio, mas tem avançado nas negociações com o Partido dos Trabalhadores. As lideranças socialistas querem o apoio do PT em cinco estados estratégicos, em contrapartida a aliança nacional. As conversas também passam por uma indicação do partido para compor a vice na chapa com o ex-presidente Lula.

Nessas condições, o nome do ex-governador Geraldo Alckmin, que deverá deixar o PSDB após a escolha de Doria para ser o  pré-candidato à presidente pelo partido, tem ganhado força para ocupar a vaga de vice numa eventual chapa petista. Nesta segunda-feira (29), ao participar de um evento com sindicalistas em São Paulo, Alckmin disse que estava se preparando para concorrer à disputa estadual quando “surgiu a hipótese federal”.

Segundo informações do Blog do Camarotti, o ex-governador teria dito que se for candidato a vice de Lula, irá para o PSB, para que o ex-governador Márcio França possa ser candidato pelo estado paulista. Em outra configuração, Alckmin explicou que poderia se filiar ao PSD e formar uma chapa estadual com PSB, tendo Márcio como seu vice.

Outro partido que poderá lançar candidatura própria é o União Brasil, fruto da fusão entre o DEM e o PSL. O futuro presidente da legenda, que ainda aguarda ser referendada pelo Tribunal Superior Eleitoral, o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), confirmou que o União apresentará candidato à Presidência da República - o ex-ministro da saúde Henrique Mandetta, desmentiu o dirigente e disse que seu nome continua a disposição para ser o postulante dessa fusão ou para apoiar outro candidato. O União também teria iniciado conversas com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que saiu derrotado das prévias do PSDB.

Para o cientista político Vanuccio Pimentel, será inevitável termos múltiplas candidaturas na chamada “terceira via”, e o fim das coligações das chapas proporcionais para a Câmara dos Deputados é um dos principais fatores que contribuem para isso. “Isso faz com que os partidos que tenham uma base maior na Câmara, tenham candidatura presidencial para que possam viabilizar sua lista de candidatos a deputado federal. Isso é um elemento importante”, afirma Pimentel.

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