Entenda a operação Colosseum, da Polícia Federal, que teve como alvos Ciro e Cid Gomes
Os irmãos pedetistas e ex-governadores do Ceará, além de mais 14 nomes, estao sendo investigados por suposto esquema de fraudes e pagamentos de propina relacionados às obras da Arena Castelão de 2014
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (15) a operação “Colosseum”, que investiga suposto esquema de fraudes e pagamentos de propina relacionados às obras da Arena Castelão de 2014. A operação possui diversos alvos, dentre eles os ex-governadores do Ceará Ciro e Cid Gomes, ambos do PDT.
Os alvos: Cid, Ciro e outras 14 pessoas
Segundo a Polícia Federal, por meio do inquérito aberto em 2017, foram encontrados indícios de pagamentos de até R$ 11 milhões em propinas em dinheiro, disfarçadas de doações eleitorais e com notas fiscais fraudulentas, feitas por empresas fantasmas. O esquema criminoso teria ocorrido quando o estado do Ceará era governado pelo atual senador da República Cid Gomes, entre os anos de 2010 e 2013.
O fraude teria sido realizado para que a Galvão Engenharia vencesse a licitação das obras no principal estádio da capital cearense. O valor da concorrência foi de R$ 518 milhões, oriundos do BNDES. De acordo com informações da Folha de São Paulo, quatro delatores foram ouvidos, incluindo dois executivos da Galvão Engenharia.
Ainda segundo a PF, ainda há suspeitas de que, durante a execução contratual, tenham sido pagos valores indevidos para que o governo estadual pudesse repassar valores supostamente retidos. A investigação leva em consideração informações fornecidas pela PF, que apontam para pagamentos sistemáticos de propinas para Ciro, Cid e Lúcio Ferreira Gomes.
Dois advogados que ocupavam os cargos de procurador-geral do Estado e de presidente da comissão de licitações na época, Fernando Antônio Oliveira e José Leite Jucá, também teriam recebido valores para garantir a vitória da empresa na disputa.
Veja a lista completa dos alvos:
1.Galvão Engenharia S/A
2.Cid Ferreira Gomes
3.Ciro Ferreira Gomes
4.Lúcio Ferreira Gomes
5.Hélio Parente de Vasconcelos
6.José Leite Jucá Filho
7.Fernando Antônio Costa de Oliveira
8.Gerardo Júnior Cavalcante Lopes
9.Distribuidora Noronha LTDA
10.Comercial de Aço e Cimento Souza Lopes LTDA
11.PL Comércio Material de Construção e Transportes LTDA
12.Legend Engenheiros Associados
13.SM Terraplanagem
14.Ricardo Cordeiro de Toledo
15.José Gilberto de Azevedo Branco Valentim
16.Raimundo Maurílio Freitas
Colosseum
A operação foi nomeada de “Colosseum” em alusão ao Coliseu italiano. A investigação foi autorizada pela 32ª Vara da Justiça Federal do Ceará que expediu 14 mandados de busca e apreensão para alvos em Fortaleza, Meruoca e Juazeiro do Norte, dentro do estado, além de São Paulo, Belo Horizonte e São Luís.
Em nota, a corporação afirma que os investigados, que não tiveram os nomes divulgados, responderão na medida de suas responsabilidades, por lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, associação criminosa, corrupção ativa e passiva.
Ciro se pronuncia sobre a acusação
Ciro Gomes, que é ex-ministro e atual pré-candidato à República pelo PDT, descreveu a operação como uma “aberração”, que deve ser resultado da “intrusão” do presidente Jair Bolsonaro (PL) na PF.
Durante entevista ao programa “Manhã Bandeirantes”, apresentado por Luiz Datena, Ciro afirmou que não ocupava qualquer cargo público nos anos em que teriam ocorrido o suposto fraude. O último cargo público exercido por ele foi o de deputado federal, entre os anos de 2006 e 2010.
O ex-ministro nega as acusações e afirma que a licitação das obras no Castelão foi decidida “pelo menor preço”, e os valores para pagamento das faturas vinha do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Sendo assim, segundo ele, a suposição de que houve atrasos nos pagamentos e possibilitar o recebimento de propinas não se sustenta, já que os valores para pagamento vinha do banco público e não do tesouro do Estado.
Em nota conjunta, o PDT argumenta que a ação é "notoriamente ilegal", pois os mandados foram expedidos por juiz de 1ª instância e, quando se trata de uma investigação sobre um senador da República, como é o caso de Cid Gomes, tal decisão caberia ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Por fim, o partido, em nota conjunta, reitera o estranhamento de Ciro Gomes, de que a investigação trata sobre episódios de 10 anos atrás, quando o ex-ministro não possuía cargo público no governo do Ceará.