iminência de confronto
Apoiadores atribuem falsamente a Bolsonaro recuo da Rússia em relação à Ucrânia
Bolsonaro chegou em Moscou na manhã desta terça-feira (15)
Cadastrado por
Estadão Conteúdo
Publicado em 15/02/2022 às 13:41
| Atualizado em 15/02/2022 às 21:25
Notícia
X
Notícia
É o fato ou acontecimento de interesse jornalístico. Pode ser uma informação nova ou recente. Também
diz respeito a uma novidade de uma situação já conhecida.
Artigo
Texto predominantemente opinativo. Expressa a visão do autor, mas não necessariamente a opinião do
jornal. Pode ser escrito por jornalistas ou especialistas de áreas diversas.
Investigativa
Reportagem que traz à tona fatos ou episódios desconhecidos, com forte teor de denúncia. Exige
técnicas e recursos específicos.
Content Commerce
Conteúdo editorial que oferece ao leitor ambiente de compras.
Análise
É a interpretação da notícia, levando em consideração informações que vão além dos fatos narrados.
Faz uso de dados, traz desdobramentos e projeções de cenário, assim como contextos passados.
Editorial
Texto analítico que traduz a posição oficial do veículo em relação aos fatos abordados.
Patrocinada
É a matéria institucional, que aborda assunto de interesse da empresa que patrocina a reportagem.
Checagem de fatos
Conteúdo que faz a verificação da veracidade e da autencidade de uma informação ou fato divulgado.
Contexto
É a matéria que traz subsídios, dados históricos e informações relevantes para ajudar a entender um
fato ou notícia.
Especial
Reportagem de fôlego, que aborda, de forma aprofundada, vários aspectos e desdobramentos de um
determinado assunto. Traz dados, estatísticas, contexto histórico, além de histórias de personagens
que são afetados ou têm relação direta com o tema abordado.
Entrevista
Abordagem sobre determinado assunto, em que o tema é apresentado em formato de perguntas e
respostas. Outra forma de publicar a entrevista é por meio de tópicos, com a resposta do
entrevistado reproduzida entre aspas.
Crítica
Texto com análise detalhada e de caráter opinativo a respeito de produtos, serviços e produções
artísticas, nas mais diversas áreas, como literatura, música, cinema e artes visuais.
Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) estão buscado emplacar nas redes sociais a ideia de que o mandatário brasileiro teria exercido influência
na retirada de parte das tropas da Rússia da fronteira com a Ucrânia, movimento que atenuou a iminência de um confronto na região. Ministros e apoiadores do governo levantaram a hashtag "BolsonaroEvitouAGuerra", que já alcançou os assuntos mais comentados do Twitter na manhã desta terça-feira, 14.
Mesmo com parte das postagens feitas em tom de brincadeira, elas exploram uma publicação do próprio presidente, que desembarcou nesta terça-feira no país. Mais cedo, ao adentrar o espaço aéreo russo, Bolsonaro deu destaque à notícia da retirada das tropas, mesmo tendo sido aconselhado pelo Itamaraty a não tocar nesse assunto durante a viagem, como mostrou o Estadão.
O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles compartilhou uma montagem que simula o presidente na capa da revista americana "Time". A manchete da edição falsa atribui a Bolsonaro o "Prêmio Nobel da Paz de 2022" por seu "papel fundamental na crise entre Rússia e Ucrânia", além de descrever o mandatário como "o homem que poderá definir o futuro do planeta". Na postagem, Salles não sinalizou que se trata de uma montagem. "Parabéns, presidente", ele se limitou a escrever.
Em outra publicação, o ex-ministro usou indevidamente o logo de um canal de notícias para dizer que Bolsonaro "evitou a terceira guerra mundial". Nesta postagem, o ex-titular do Meio Ambiente sequer escreveu uma legenda.
Alvo de inquérito no TSE por disseminar desinformação, a influenciadora bolsonarista Bárbara Destefani foi ao Twitter dizer que Bolsonaro "ligou para (Vladimir) Putin do avião e disse para ele esquecer esse negócio de guerra", atribuindo ao presidente brasileiro a responsabilidade pelo gesto de recuo.
Diferentemente das postagens de Salles, Bárbara deixou mais evidente o tom humorístico de sua publicação, embora alguns seguidores tenham demonstrado, nos comentários, que acreditaram na afirmação. Posteriormente, Destefani foi às redes ironizar o fato de veículos de informação noticiarem a movimentação das postagens com seriedade.
A pesquisadora Michele Prado, autora do livro "Tempestade Ideológica: a alt-right e o populismo iliberal no Brasil", avalia que os bolsonaristas com influência nas redes aproveitam a situação para fortalecer a mobilização do público em torno do mandatário. Ela ressalta que a imagem do presidente entre seus apoiadores é envolta de "mitificação e messianismo", elementos que esse tipo de publicação tenta reforçar.
"Vão tentar usar a viagem para elevar Bolsonaro a uma espécie de salvador, algo que é recorrente", afirma a escritora. Michele classifica as postagens como uma tentativa de emplacar o que ela chama de contranarrativa - uma disposição dos fatos alheia à realidade. "O bolsonarismo tem muitas redes alternativas de influência. Eles se valem de um fato importante para forjar as narrativas que mais vão mobilizar o seu público, muitas vezes de forma extremista".
'Delírio como método'
Michele acrescenta que essa situação pode resultar na ampliação do "limite de aceitação do absurdo" dos bolsonaristas, levando à perda do senso crítico individual. "É o delírio como método. Quando recebem essas publicações (no Telegram, WhatsApp e outras redes sociais), acham que é verdadeiro. No futuro, vão acreditar em algo ainda mais absurdo e fora da realidade", diz a pesquisadora.
O próprio ministro Walter Braga Netto, que acompanha o chefe do Executivo na viagem, afirmou nesta terça-feira que a Ucrânia não está pauta da reunião do presidente com o ministro da Defesa da Rússia. Segundo ele, serão tratados temas que envolvem transferência de tecnologia.