Sergio Moro critica ''silêncio'' do Governo Bolsonaro sobre mortes na Ucrânia: ''precisa se posicionar''
Autoridades ucranianas alegam que após o recuo de tropas russas do, os corpos de ao menos 410 civis foram encontrados
O ex-juiz Sergio Moro cobrou, nesta segunda-feira (4), uma posição do Governo Jair Bolsonaro sobre as acusações de crimes de guerra praticados pelo exército da Rússia na Ucrânia.
Autoridades ucranianas alegam que após o recuo de tropas russas de territórios na região da capital Kiev, os corpos de ao menos 410 civis foram encontrados. Muitos dos cadáveres tinham as mãos amarradas, ferimentos de tiros à queima-roupa e sinais de tortura. Em Bucha, aproximadamente 280 estavam em valas comuns.
Líderes internacionais condenaram as supostas atrocidades e pediram sanções mais duras contra Moscou.
"Repugnante o massacre de civis em Bucha, na Ucrânia, pelo exército invasor. Enquanto isso, o Brasil guarda silêncio sobre a invasão e essas atrocidades. O país precisa se posicionar. Empatia e respeito à dor do outro, onde estão?", questionou Sergio Moro nas redes sociais.
O ex-juiz é crítico do governo Bolsonaro do qual fez parte como ministro da Justiça, mas saiu em no início de 2020 alegando interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.
Hoje, Moro é cotado como pré-candidato a presidente da República, mas deve desistir da candidatura após ter entrado no União Brasil. Caso desista, ele deve disputar um cargo no Legislativo.
Bolsonaro
Com relação à Ucrânia, o governo brasileiro vem mantendo uma posição neutra sobre a guerra enquanto o governo ucraniano vem apelando para que o Brasil crie sanções econômicas contra a Rússia.
Na última semana, Jair Bolsonaro (PL) voltou a dizer que não se posicionará em relação à guerra, durante cerimônia de inauguração de sistema 5G em Baixa Grande do Ribeiro (PI).
“Se alguns, inclusive da imprensa, quisessem que eu tomasse partido, vão continuar querendo. Eu sou chefe do Executivo de 210 milhões de brasileiros. É para esses que devo trabalhar, buscar paz e prosperidade”, disse Bolsonaro.
O governo não tem intenções de criar indisposição com Moscou no momento em que há disparada dos preços dos fertilizantes e que o Brasil é dependente do produto para acelerar o produto interno bruto (PIB) agrícola do País.
Ucrânia
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o país vai conduzir uma investigação sobre supostas atrocidades praticadas pelos russos. Em pronunciamento, ele afirmou que "chegou a hora de fazer com que crimes de guerra cometidos por tropas russas sejam a última maldade do tipo na Terra".
A Rússia rebateu as acusações de Kiev como uma "provocação" de autoridades ucranianas e iniciou uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir a questão.
O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse que as denúncias ucranianas de que forças de Moscou teriam matado centenas de civis nos arredores da capital Kiev não são confiáveis e rejeitou "categoricamente" as alegações.
Peskov afirmou que os materiais de foto e vídeo na área refletem "manipulações" e instou os líderes internacionais a analisarem cuidadosamente os fatos e a ouvirem os argumentos russos antes de correrem para culpar Moscou.