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Veja como pré-candidatos ao Governo de Pernambuco pretendem atacar o problema da pobreza

Grande Recife tem 40% da população sobrevivendo com R$ 275 per capita

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Cássio Oliveira

Publicado em 08/04/2022 às 15:55 | Atualizado em 08/04/2022 às 17:35
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Números divulgados no Boletim Desigualdade das Metrópoles apontaram que o Grande Recife é uma das áreas metropolitanas do Brasil com o maior percentual de pessoas vivendo com 1/4 de salário mínimo.

Em 2021, a capital e seu entorno mantiveram 39,8% de indivíduos sobrevivendo com R$ 275 per capita, valor que corresponde a 1/4 do salário mínimo vigente no ano passado, de R$ 1.100.

Na Região Metropolitana do Recife, a renda média passou a ser a terceira pior dentre as metrópoles brasileiras: R$ 831,66. No recorte dos mais pobres, é aqui onde a situação de vulnerabilidade mostra-se ainda pior. Já que o Grande Recife detém o título de metrópole onde os mais pobres têm o pior rendimento do País.

Nos próximos meses o assunto deve estar ainda mais em evidência, pois já entramos na pré-campanha da disputa pelo Governo de Pernambuco e os postulantes devem atacar o problema.

O JC ouviu, nesta sexta-feira (8), pré-candidatos ao Governo de Pernambuco sobre possíveis soluções para o problema da desigualdade no Estado. Os planos de governo ainda estão na fase de construção, mas, ainda assim, os postulantes trataram do tema.

Propostas de programas sociais de distribuição de renda e críticas à gestão do PSB em Pernambuco e no Recife foram pontos de destaque no posicionamento dos pré-candidatos.

Confira o posicionamento dos pré-candidatos ao Governo de Pernambuco sobre a pobreza no Estado:

Anderson Ferreira (PL)

Guga Matos/JC Imagem
Anderson Ferreira é pré-candidato ao Governo de Pernambuco pelo PL - Guga Matos/JC Imagem

Esse indicativo lamentável é somente mais um dentre tantos que envergonham a população do estado e que são frutos da falta do comprometimento do PSB. Recife, em 2019, figurou como a capital nacional da desigualdade social. E o que há em comum entre o cenário de 2019 e o de 2022? O PSB à frente das gestões na Prefeitura do Recife e no Governo e Pernambuco.

Quando fomos convocados para esse novo desafio, nos preocupamos em montar um time do bem, preparado, para construir, ao lado da população, um programa de governo com eixos prioritários, e o combate à fome e à miséria é um desses pilares. Medidas como a ampliação de programas sociais de distribuição de renda; a promoção de um plano de incentivo à agricultura familiar, ao cooperativismo e as parcerias com a iniciativa privada. Mas temos afirmado que o maior programa social é a geração de emprego e renda.

Pernambuco, hoje, lidera o ranking nacional do desemprego e da falta de competitividade. São índices que têm impacto direto na vida das pessoas, particularmente na parcela mais pobre da população, com forte impacto, inclusive, na segurança pública. Mas esse cenário vai mudar e nós, como oposição ao PSB, estamos dando nossa contribuição ao debate, unindo forças para que essa chave possa mudar."

Danilo Cabral (PSB)

Divulgação
- Divulgação

As desigualdades sociais se aprofundaram com o governo Bolsonaro. Ele colocou o Brasil de volta ao Mapa da Fome. A queda na renda dos brasileiros não é uma questão específica do Grande Recife, de Pernambuco. Nós defendemos o fortalecimento do sistema de proteção social do país, esvaziado nos anos recentes pelo governo federal, tanto que nosso mandato defende o auxílio no valor de R$ 600 e a constitucionalização de um programa de renda mínima. Nossa proposta de ampliação do financiamento do Sistema Único de Assistência Social deve ser votada neste mês pela Câmara dos Deputados.

Novas alternativas para reduzir as desigualdades também irão integrar o nosso programa de governo, tanto na Região Metropolitana quanto no interior do estado. A meta é seguir olhando à frente, com mais ações para impulsionar a geração de emprego e renda, reduzir a insegurança alimentar e fazer valer novos direitos, com o Brasil e Pernambuco caminhando juntos.

João Arnaldo (PSOL)

Ashlley Melo/Divulgação
João Arnaldo é pré-candidato ao Governo de Pernambuco pelo PSOL - Ashlley Melo/Divulgação

A Região Metropolitana do Recife é a maior do Norte-Nordeste, a sexta mais populosa do Brasil e uma das 120 maiores do mundo. São mais de 4 milhões de habitantes distribuídos nos 14 municípios que a compõem.

O Recife, há praticamente uma década, vem amargando o título de capital mais desigual do Brasil. Em 2021, fechamos o ano com 19% da população desempregada. Temos um dos maiores e mais vergonhosos déficits habitacionais do país, nossos jovens da periferia estão sendo assassinados aos montes.

Falta integração, falta compartilhamento, falta planejamento e diálogo. Ou o Estado reassume o protagonismo necessário, ou cada uma das 14 “ilhas” da RMR continuará sozinha. Aqui já tivemos uma das experiências mais exitosas quando se fala em gestão metropolitana, através do Condepe/Fidem, hoje sucateado. Modernizar essa iniciativa, deixá-la pronta para os desafios atuais pode ser o primeiro passo para transformar essa realidade e inverter as prioridades.

Marília Arraes (Solidariedade)

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Marília Arraes é pré-candidata ao Governo de Pernambuco pelo Solidariedade - Guga Matos/JC Imagem

Há anos o Recife tem se mantido como a capital das desigualdades e claro que isso impacta fortemente em toda a Região Metropolitana, como pode ser claramente observado na pesquisa divulgada hoje pelo JC. E não há solução mágica, como alguns gestores insistem em querem defender.

Ou se inverte as prioridades ou se enxuga gelo. Não há desenvolvimento econômico sem justiça social. Emprego, moradia, educação, saúde, segurança não podem ser peças de propaganda.

A pandemia da Covid-19 teve seu papel na piora dos índices, claro, mas essa realidade é anterior a crise sanitária. A RMR precisa se reconectar. Não há como resolver questões tão profundas de forma isolada. Nossa gente não pode mais esperar."

Miguel Coelho (União Brasil)

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Miguel Coelho é pré-candidato ao Governo de Pernambuco pelo União Brasil - DIVULGAÇÃO

Os dados são a comprovação de uma política pública que falhou, em um governo (do PSB) que está há 16 anos no Estado e na capital, há 24, ambos mais ou menos na mesma premissa ideológica de política pública e está comprovado que não deu certo. Quem mais sofreu foi a população mais vulnerável, que vive com as maiores adversidades e dificuldades.

Não é a primeira vez, é o terceiro ano que Pernambuco está entre os três piores no indicador de extrema pobreza. O governo falhou na premissa mais básica, que é prover o essencial, o básico, a oportunidade de emprego. É preciso discutir uma nova politica e ver indicadores que possamos trabalhar, criando emprego e investindo em saneamento, infraestrutura, melhorando a qualidade de vida.

Sobre política social, pensamos na renda. As pessoas em extrema pobreza vivem com pouco mais de cem reais por mês no Recife, isso é menos que a subsistência humana, é nível de miserabilidade mesmo. Estamos vendo a matemática, mas esboçamos um programa que dure doze meses, que tenha um ponto de entrada único, que é a fonte de renda, não trataremos com coisas subjetivas. Se não tem como sobreviver com a renda, vamos garantir dignidade. Traremos proposta que não é como Chapéu de Palha, que atua na entressafra, precisamos de doze meses.

E queremos garantir uma porta de saída também, queremos que as pessoas melhorem a qualidade de vida. Mas, a partir do momento que for demitido, se perdeu e não conseguiu retomar a renda, será reinserido. O Auxílio Brasil é custeado pela União, se subir o valor, ajuda, se descer, será pressão nos programas sociais do Estado, mas não dá para fazer premissa agora, o que não pode é o Estado ficar a reboque para só fazer um complemento do auxílio, de uma parcela, como 13º, precisamos de um programa que garanta amparo à classe vulnerável.

Raquel Lyra (PSDB)

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Raquel Lyra é pré-candidata ao Governo de Pernambuco pelo PSDB - DIVULGAÇÃO

O nosso Estado ocupa novamente mais uma triste liderança. Levantamento divulgado pelo Boletim Desigualdade das Metrópoles aponta que a renda média da população que vive no Grande Recife é a terceira pior entre as metrópoles brasileiras.

A pesquisa escancara o que vemos nas ruas das nossas cidades, a fragilidade das políticas públicas estaduais, tanto na geração de oportunidades pela via da economia quanto da rede de proteção social. É, infelizmente, o Pernambuco real. Precisamos resgatar o Estado para que ele cumpra a sua razão de ser, cuidar da nossa gente.

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