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Se contrapondo a Lula, Bolsonaro cita ações de seu governo contra o aborto no Brasil

A pauta do aborto é uma das mais importantes para o segmento evangélico, um dos principais grupos de apoio de Bolsonaro

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Cássio Oliveira

Publicado em 25/04/2022 às 9:24
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O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), voltou a defender nesta segunda-feira (25), o posicionamento contra o aborto no Brasil.

Em publicação nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que “não cabe relativização na defesa da vida, especialmente de inocentes incapazes de se defender”.

Ele listou ações do governo contra o aborto, contra "a ideologia de gênero e em defesa das famílias em fóruns internacionais”.

Uma discussão mais acalorada sobre o aborto voltou a acontecer nas últimas semanas, depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizer que o aborto deveria ser tratado como questão de saúde pública e um direito de todas as mulheres.

Porém, após a repercussão de sua fala, o petista disse ser contrário à interrupção da gravidez, mas reforçou a opinião sobre o assunto ser uma questão de saúde.

“A única coisa que eu deixei de falar, na fala que eu disse, é que eu sou contra o aborto. Eu tenho cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Eu sou contra o aborto. O que eu disse é que é preciso transformar essa questão do aborto numa questão de saúde pública”, disse Lula à rádio Jangadeiro BandNews de Fortaleza, no Ceará.

Bolsonaro

Na campanha de 2018, Bolsonaro chegou a afirmar que vetaria decisões do Congresso sobre o assunto. A pauta do aborto é uma das mais importantes para o segmento evangélico, um dos principais grupos de apoio de Bolsonaro.

Em fevereiro, o presidente criticou decisão da Corte Constitucional da Colômbia sobre a descriminalização da interrupção da gravidez até a 24ª semana de gestação.

Quando o aborto foi legalizado na Argentina, em dezembro de 2020, Bolsonaro também fez críticas semelhantes em suas redes sociais. No Brasil, a interrupção da gravidez é permitida quando há risco para a vida da mãe, quando a gestação é decorrente de estupro e em casos de anencefalia do feto.

Em sua publicação nas redes sociais, o presidente também mencionou a assinatura do Decreto Nº 10.531, em 2020, que institui a Estratégia Federal de Desenvolvimento para o Brasil no período de 2020 a 2031.

No documento de diretrizes, o governo estabeleceu como ação orientadora “promover o direito à vida, desde a concepção até a morte natural, observando os direitos do nascituro, por meio de políticas de paternidade responsável, planejamento familiar e atenção às gestantes”.

Entre outras medidas, o chefe do Executivo listou a criação da Secretaria da Família; a ampliação do disque 100 para denúncias de violações de direitos humanos; e o lançamento do plano nacional de Prevenção Primária do Risco Sexual Precoce e Gravidez de Adolescentes e à sanção da Lei que garante o pagamento de pensão mensal vitalícia à famílias de crianças com microcefalia decorrente do vírus zika.

O governo também enviou em julho de 2021 projeto de lei que cria o Dia Nacional do Nascituro e de Conscientização sobre os Riscos do Aborto. A proposta ainda está em análise no Congresso.

Pesquisa

No fim de 2021, uma pesquisa internacional apontou que, quando perguntados se "o aborto deve ser permitido sempre que uma mulher assim o desejar", apenas 31% dos brasileiros responderam que sim — colocando o Brasil como o quinto menos favorável à legalização total do aborto em um conjunto de 27 países analisados pela edição de 2021 do estudo Global Views on Abortion, da Ipsos.

A média de aceitação à descriminalização do aborto sempre que for o desejo da mulher foi de 46% nos países pesquisados. Atrás do Brasil no baixo apoio a esta afirmação ficaram apenas a Colômbia (26%), o México (24%), o Peru (15%) e a Malásia (14%).

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