Bolsonaro defende população armada para 'garantir a democracia'
Bolsonaro participa de evento em Sergipe ao lado de aliados como o senador Fernando Collor
Com informações do Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu o armamento da população civil e associou a medida com a defesa da democracia. A afirmação foi feita um dia depois de o presidente voltar a questionar, sem provas, a integridade das eleições.
"Nós defendemos o armamento para o cidadão de bem, porque entendemos que a arma de fogo, além de uma segurança pessoal para as famílias ela também é a segurança para a nossa soberania nacional. E a garantia de que a nossa democracia será preservada, não interessam os meios que, porventura, um dia tenhamos que usar. A nossa democracia e a nossa liberdade são inegociáveis", discursou Bolsonaro a apoiadores.
A declaração foi feita na inauguração de trechos da BR-101/SE, em Propriá (SE), e no momento em que o presidente, pré-candidato a um novo mandato, é acusado por opositores de preparar seu discurso para tentar "melar" as eleições deste ano em caso de derrota nas urnas.
No mesmo discurso, Bolsonaro fez um novo aceno a profissionais da segurança pública, que pressionam por uma reestruturação das carreiras prometida pelo governo.
"Lamentamos o poder aquisitivo dos servidores públicos, mas tenho certeza que brevemente isso será recuperado. Em especial nossa Polícia Rodoviária Federal, que está nos acompanhando neste momento", prometeu.
Ele ainda reconheceu a perda do poder aquisitivo da população de um modo geral, mas defendeu a atuação do governo na política para fertilizantes. "Garantimos fertilizante a vocês fazendo contato com o governo da Rússia. Na semana passada, 26 navios aportaram aqui com fertilizantes, suficiente para a safra deste ano", declarou o presidente.
Collor
Em pré-campanha, Bolsonaro também acenou ao senador Fernando Collor (PTB-AL), chamando-o de "grande aliado no Parlamento" - e repetiu a frase "o Nordeste é nosso". O Nordeste é a região do País em que o presidente enfrenta mais dificuldades ante a vantagem do pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro encerrou seu discurso com o lema "Deus, Pátria, Família e Liberdade". "Deus, Pátria e Família" era a frase-síntese da Ação Integralista Brasileira, movimento de inspiração fascista fundado no Brasil por Plínio Salgado, em 1932.
Eleições
Na segunda (16), Bolsonaro voltou a suspeitar do processo eleitoral no Brasil, sem ter provas de fraudes, ao dizer que "podemos ter eleições conturbadas" em um evento com empresários em São Paulo.
Pouco antes da fala de Bolsonaro, o ministro Edson Fachin, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), declarou que o Brasil não consente mais com "aventuras autoritárias", durante evento que debate a democracia na América Latina.
No dia 12 deste mês, o ministro, que também integra o Supremo Tribunal Federal (STF), já havia dito que "ninguém e nada interferirá na Justiça Eleitoral" e quem cuida de eleição no Brasil são as "forças desarmadas".