Equipe de Bolsonaro buscou opinião do hacker da 'Vaza Jato' sobre as urnas eletrônicas
Advogado do hacker confirmou encontro com a equipe de campanha de Bolsonaro e fotos publicadas pela Veja mostram Walter Delgatti Neto entrando no Alvorada
Reportagem da Revista Veja flagrou um carro de um agente da Polícia Legislativa da Câmara levando Walter Delgatti Neto - o hacker que ficou famoso por ter acesso a mensagens do Telegram trocadas por membros da Lava Jato -, até o Palácio da Alvorada, onde estaria o presidente Jair Bolsonaro (PL), para uma reunião fora da agenda oficial.
Na quarta-feira, o advogado Ariovaldo Moreira, que defende Delgatti, já havia afirmado que a campanha do presidente Bolsonaro, candidato à reeleição, se encontrou com o hacker para saber a opinião dele sobre a segurança das urnas eletrônicas.
O hacker foi o responsável pela chamada "Vaza jato", que acessou contas do aplicativo de mensagens Telegram usadas por autoridades. Delgatti foi preso em 2019, mas obteve direito a aguardar o julgamento em liberdade.
De acordo com o advogado, entre as pessoas com quem Delgatti esteve está Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL. Aliada de Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) também teria se encontrado com o hacker.
“Estou em contato com ele”, disse a deputada. Zambeli teria seguido ao Alvorada junto com Delgatti para o encontro com Bolsonaro.
De acordo com o G1, ela e a assessoria de Bolsonaro negam. Procurada, Zambeli disse: “Nego (sobre encontro com Bolsonaro), mas confirmo que estive com ele (Delgatti)”.
Operação Spoofing
Walter Delgatti foi preso durante a Operação Spoofing, que desarticulou uma organização suspeita de crimes cibernéticos. As investigações apontaram que o grupo acessou contas do aplicativo de mensagens Telegram usadas por autoridades.
Um dos alvos foi o então juiz Sergio Moro, que depois virou ministro da Justiça do governo Bolsonaro e atualmente é candidato ao Senado pelo Paraná.
À época da prisão, Walter Delgatti admitiu à PF que entrou nas contas de procuradores da Lava Jato e confirmou que repassou mensagens ao site The Intercept Brasil. Ele disse não ter alterado as mensagens e não ter recebido dinheiro por isso.
Investigadores disseram que os hackers tiveram acesso a um código enviado pelos servidores do aplicativo Telegram ao celular das vítimas para abrir a versão do aplicativo no navegador.