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Prima e aliados de Danilo Cabral somam quase R$ 340 milhões em solicitações do orçamento secreto

O Jornal do Commercio fez levantamento dos cadastros feitos para as emendas do chamado "orçamento secreto" em 2022. Candidato do PSB, Danilo Cabral critica adversários por solicitações para os recursos

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Augusto Tenório

Publicado em 14/09/2022 às 18:41 | Atualizado em 15/09/2022 às 13:14
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Levantamento feito pelo Jornal do Commercio indica que correligionários, parlamentares aliados e prefeitos ligados a Danilo Cabral, candidato do PSB ao Governo de Pernambuco, somam quase R$ 340 milhões em solicitações do chamado "orçamento secreto" em 2022. O mecanismo é alvo de críticas incisivas do deputado federal contra Marília Arraes (Solidariedade) e demais adversários.

Danilo Cabral, que visa disputar com Marília Arraes o voto de esquerda em Pernambuco, critica a adversária pela solicitação de R$ 3,6 milhões em emendas do relator, valor confirmado pelo Jornal do Commercio. O candidato do PSB aponta que os cadastros vão de encontro a Lula (PT), que chama o mecanismo de "safadeza". A solicitação do recurso é legal.

Deputados do PSB de Pernambuco somam mais de R$ 72 milhões em pedidos do "orçamento secreto" no legislativo nacional. Ao levar-se em conta aliados de partidos que integram a Frente Popular, como Republicanos, PT e MDB, a soma salta para R$ 322 milhões. Em 2021, aliados de Danilo também solicitaram o recurso.

O montante é equivalente a 37,07% do valor das emendas do relator solicitadas pela bancada de Pernambuco no Senado e na Câmara. Não há como saber se os valores foram executados ou não.

Em inserção veiculada na TV, a Frente Popular, coligação que apoia o PSB, cita o pedido de emendas do orçamento secreto para afirmar que Marília Arraes traiu o PT e, consequentemente, Lula. Eles iniciaram uma batalha judicial por causa das afirmações do candidato.

No último debate, Danilo Cabral citou as denúncias de que a verba do orçamento secreto é utilizada para cooptar parlamentares no congresso para votação favorável às pautas governistas.

Em destaque no ranking de solicitações do orçamento secreto, entre os aliados de Danilo Cabral, ficam: Silvio Costa Filho, do Republicanos (R$ 61.6 milhões); Felipe Carreras, do PSB (R$ 46.5 milhões); Eduardo da Fonte, do PP (R$ 45.8 milhões); e Augusto Coutinho, do Republicanos (R$ 25.3 milhões).

MARCUS MENDES/DIVULGAÇÃO
SOCIALISTA Na Frente Popular, Danilo Cabral tem Luciana Santos na vice - MARCUS MENDES/DIVULGAÇÃO

Fora do congresso nacional, aliados próximos a Danilo Cabral também fazem solicitações. Ana Célia Cabral (PSB), prima do candidato e prefeita de Surubim, cadastrou emenda de R$ 1.3 milhão para a cidade. Márcia Conrado (PT), prefeita de Serra Talhada, fez cadastros que somam mais de R$ 15 milhões. 

Quando soma-se o valor solicitado pelas prefeitas aos das emendas cadastradas pelos aliados de Danilo Cabral na Câmara e no Senado, o total é de R$ 339.055.970,01. Além de Marília Arraes, o socialista já criticou Miguel Coelho (UB) e o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), chamando o parlamentar de "rei do orçamento secreto.

As solicitações em Pernambuco

O valor total das solicitações de emendas do "orçamento secreto" pela bancada de Pernambuco no Senado e na Câmara dos Deputados é de R$ 632.740.652,08. Quem lidera o ranking é Daniel Coelho (Cidadania), com cadastros que ultrapassam R$ 70 milhões.

Também se destacam no ranking: o vice na chapa de Marília Arraes, Sebastião Oliveira (Avante), com R$ 54 milhões cadastrados;  Ricardo Teobaldo (Podemos), com solicitações que ultrapassam R$ 48 milhões; e Fernando Coelho Filho (UB), com mais de R$ 42 milhões cadastrados.

Na bancada de Pernambuco, somente o senador Humberto Costa (PT) e os deputados Danilo Cabral, Wolney Queiroz (PDT), Túlio Gadelha (REDE) e Renildo Calheiros (PCdoB) não aparecem no banco de dados das emendas do "orçamento secreto".

Bastidores do orçamento secreto

Em 2022, as indicações de emendas ganharam um banco de dados, graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Ouvidas sob reserva, fontes da Câmara dos Deputados explicam que as indicações feitas nominalmente para as emendas do relator não são indicação de que um parlamentar deseja esconder o caminho da verba.

Fontes do legislativo apontam que, para esconder a solicitação, parlamentares pedem que aliados desconhecidos cadastrem as emendas para que, somente então, elas sejam indicadas à Presidência da Câmara dos Deputados. Dessa forma, à princípio, esse não seria o caso dos parlamentares que solicitaram as verbas com seu nome no cadastro.

Temor pela 'criminalização da política'

Lideranças da política local temem, inclusive, que o discurso de criminalização das solicitações das emendas crie uma onda antipolítica no estado. Apontam que não há problema em cadastrar as emendas nominalmente e que o errado seria fazê-lo sem a identificação.

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