ELEIÇÕES 2022

ELEIÇÕES 2022: Brasil vai às urnas com pesquisas mostrando Lula na liderança e Bolsonaro em segundo lugar

Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro se enfrentam neste domingo (2), no primeiro turno das eleições presidenciais

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JC

Publicado em 30/09/2022 às 16:36 | Atualizado em 30/09/2022 às 16:39
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da AFP

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) se enfrentam neste domingo (2), no primeiro turno das eleições presidenciais, nas quais o candidato de esquerda é favorito, segundo as pesquisas eleitorais.

A dois dias da disputa mais polarizada em décadas, o ex-presidente Lula mantém a vantagem de 14 pontos sobre o presidente, de acordo com a última pesquisa do instituto Datafolha, divulgada nessa quinta-feira (29).

Lula, que liderou o país entre 2003 e 2010, tem 48% das intenções de voto. Bolsonaro tem 34%.

Na reta final, o petista saiu em busca do voto útil dos apoiadores do candidato de centro-esquerda Ciro Gomes (6%) e da centrista Simone Tebet (5%) que queiram evitar um segundo turno em 30 de outubro.

Nesta campanha, Lula contou com o apoio de celebridades como Caetano Veloso e Anitta, além de votos inesperados, como do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, relator do Mensalão, escândalo que marcou o primeiro mandato de Lula.

Veja trajetória de Lula

Já Bolsonaro obteve na quinta-feira o apoio explícito do jogador Neymar.

Veja trajetória de Bolsonaro

- Disputa de legados -

Bolsonaro concentrou sua estratégia na valorização das armas, dos valores morais ("Deus, pátria, família") e os ataques a seu adversário.

Em tenso debate eleitoral, voltou a chamar Lula de "ladrão", em referência à condenação por corrupção anulada pelo STF, mas que o manteve preso por um ano e meio e o afastou das eleições de 2018.

O ex-capitão do Exército tem o apoio de influentes setores como o evangélico, empresarial e agropecuário. Porém, enfrenta uma forte resistência dos eleitorados feminino e jovem e também entre os mais pobres, após sua turbulenta gestão da pandemia que deixou 686 mil mortos.

O ex-deputado de 67 anos também é criticado pelo aumento da pobreza e da fome, por recordes de desmatamento na Amazônia, suspeitas de irregularidades sobre sua família e aliados, além dos ataques contra o Judiciário e a imprensa.

Lula deixou a Presidência com uma aprovação superior a 80%, mas teve sua imagem manchada pela operação "Lava Jato", que investigou denúncias de corrupção na Petrobras. Ele garante que voltará ao poder para "arrumar o país" e cita as conquistas sociais de seus mandatos, sem esclarecer seu programa futuro.

"Em 2 de outubro, o povo vai te mandar para casa", lançou o esquerdista contra Bolsonaro no debate, criticando um presidente que "mente o tempo todo".

O debate inflamado refletiu a polarização do eleitorado.

"Polarização política, a rigor, sempre houve no Brasil", mas atualmente o que se vê "é um fenômeno de natureza distinta - um confronto puramente ideológico, onde o adversário passa à condição de inimigo", com toda violência decorrente disso, explica o cientista político André César, da consultora Hold.

- Bolsonaro contra as pesquisas -

Bolsonaro voltou a desacreditar as pesquisas nesta semana e questionar sem provas a confiabilidade das urnas eletrônicas, um discurso repetido pelas correntes de desinformação nas redes sociais.

"Estamos assistindo pela primeira vez, se a gente for acreditar no Datafolha, o presidente, segundo o Datafolha de hoje, que vai ganhar no primeiro turno, sem voto", criticou Bolsonaro.

Sua atitude reforçou temores de que ele não reconheça uma eventual derrota e que ocorram incidentes similares aos dos Estados Unidos em 2021, quando partidários do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio.

Sem descartar distúrbios, o cientista político Jairo Nicolau, da Fundação Getúlio Vargas, acredita que Bolsonaro não conta com o "apoio militar, da opinião pública ou do mundo político" para se agarrar ao poder, se derrotado.

Outros especialistas acreditam que podem ocorrer episódios de violência se Bolsonaro não aceitar a derrota. Para o analista político Michael Shifter, do Inter American Dialogue, Bolsonaro é o "presidente mais antidemocrático desde o regime militar" (1964-1985).

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