Eleições 2022

De luto pela morte do marido, Raquel Lyra solicita à Justiça Eleitoral adiamento do início do guia de rádio e TV

A propaganda eleitoral de Rádio e TV deve retornar na próxima sexta (7), mas a campanha de Raquel pede que o início da veiculação se dê na segunda (10)

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Renata Monteiro

Publicado em 05/10/2022 às 14:28 | Atualizado em 05/10/2022 às 15:12
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O departamento jurídico da coligação Pernambuco quer Mudar, da candidata a governadora Raquel Lyra (PSDB), solicitou à Justiça Eleitoral o adiamento do início da propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV, que começa oficialmente na próxima sexta-feira (7). Raquel perdeu o esposo, Fernando Lucena, no último domingo (2), dia da votação do primeiro turno, depois que ele sofreu um infarto agudo.

A solicitação foi feita nesta quarta-feira (5). "No último domingo, 02/10/2022, data da realização do primeiro turno das Eleições Gerais de 2022, o Sr. Fernando Lucena, esposo da candidata ao Governo do Estado de Pernambuco, a Srª Raquel Teixeira Lyra Lucena, veio a falecer de forma trágica, vítima de infarto fulminante. O relacionamento do casal remete à adolescência, ocasião em que Fernando, que tinha 44 anos, começou a namorar Raquel há 29 anos. Eles eram casados há 18 anos e tiveram 2 filhos, João e Fernando, ainda crianças de tenra idade", diz trecho do requerimento.

Mais adiante, o jurídico da candidata afirma que "o sentimento é de dor, consternação e extremo luto para Raquel, seus filhos e inúmeros membros da sua campanha", e que o quadro torna-se ainda mais delicado devido ao processo eleitoral, já que ela chegou, ao lado de Marília Arraes (Solidariedade), ao segundo turno.

"Mesmo notabilizada por sua fortaleza, a candidata não se encontra em condições psicológicas e mentais de retornar ao processo eleitoral", afirma outra parte do documento.

Os advogados de Raquel dizem, ainda, que a postulante ao governo está em "profundo luto", bem como os seus filhos, "extremamente apegados ao pai, que deles cuidava nos diversos momentos em que a mãe precisava se ausentar para dedicar-se aos compromissos da vida pública".

O texto pede, então, que "por questões humanitárias", se adie o início da veiculação da propaganda eleitoral do dia 7 para o dia 10 de outubro, próxima segunda-feira. "Tal período é o mínimo que se pode conceder à candidata, que poderá participar da missa de sétimo dia em memória de seu falecido esposo, além de reunir as forças necessárias para consolar os seus filhos e para vivenciar o seu próprio luto, sem precisar ser submetida às gravações dos programas para rádio e televisão durante período tão delicado de sua vida", pontua o requerimento.

A campanha de Raquel reconhece, no documento, que não existe previsão normativa para o adiamento solicitado, mas afirma que o deferimento do pedido é possível "através da manifestação de solidariedade e de vontade pelas coligações envolvidas no pleito". Os advogados citam, até, caso semelhante que ocorreu após a morte do ex-governador Eduardo Campos, na campanha presidencial de 2014.

"A possibilidade chegou a ser ventilada com o advento do falecimento do Sr. Eduardo Campos, candidato à presidência, durante a campanha eleitoral de 2014. O Presidente do TSE chegou a se manifestar publicamente e asseverou a possibilidade do seu deferimento a partir do consenso entre as coligações envolvidas", diz o texto.

Hoje pela manhã, durante audiência pública realizada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Pernambuco, a equipe da tucana chegou a solicitar, informalmente, o adiamento do guia aos advogados da coligação de Marília, Pernambuco na Veia, mas a manifestação preliminar deles foi contrária, "alegando cogência da legislação eleitoral".

"Confiam os requerentes na reavaliação da posição adotada, em respeito e solidariedade à dor e ao profundo luto vivenciado pela candidata adversa, preservando os melhores ditames da boa política que devem pautar o processo eleitoral", completa o requerimento.

A campanha da ex-prefeita de Caruaru finaliza o material fazendo três solicitações: que Marília se manifeste sobre o pedido em até quatro horas, devido à proximidade do início do guia; a oitiva do Ministério Público Eleitoral, para que se manifeste a respeito do requerimento, também em quatro horas; e, no mérito, "requer a procedência do pedido, em respeito à dignidade humana da requerente, para adiar a veiculação da propaganda eleitoral gratuita até este domingo, 09/10/2022, para que seja retomada na segunda-feira vindoura, 10/10/2022".

Advogado da coligação Pernambuco Quer Mudar, Túlio Vilaça afirmou que não considera que o adiamento trará qualquer prejuízo às campanhas de Marília e Raquel, e que o acatamento da solicitação demonstraria "sensibilidade de uma candidata para a outra". Ele disse, ainda, que não há nenhum impedimento para a alteração, caso ambas as postulantes estejam de acordo.

"Nós estamos buscando humanidade e compaixão, até porque o nosso pedido não traz prejuízo para qualquer das partes. Nós não queremos retardar retardar o debate eleitoral ou tirar do leitor o direito de ver o guia, estamos pensando na questão da humanidade, em uma mulher que perdeu o marido e está em uma situação complicada, em que gravar propaganda nesse momento é até desumano", declarou.

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