Acusado de divulgar fake news sobre Raquel Lyra, aliado de Marília Arraes diz que está sendo atacado por 'horda de bolsonaristas'
José Matheus Gomes de Araújo afirmou que está sendo perseguido pela tucana e que vai reagir 'com a coragem de um menino preto, da periferia'
Poucas horas após a coordenação jurídica da campanha de Raquel Lyra (PSDB) ao Governo de Pernambuco divulgar que acionou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), o Ministério Público Eleitoral e a Polícia Federal para denunciar a divulgação de fake news sobre a tucana por pessoas diretamente ligadas à sua adversária no segundo turno, Marília Arraes (Solidariedade), um dos dois citados nas representações, José Matheus Gomes de Araújo, usou as próprias redes sociais para comentar o caso. Segundo o jovem, ele está sendo perseguido pela ex-prefeita de Caruaru e, por conta disso, uma "horda de bolsonaristas" está lhe atacando.
Segundo os advogados de Raquel, José Matheus possui um cargo na campanha da deputada federal ao Governo do Estado, de coordenador de militância, e por isso já teria recebido R$ 4.700, conforme conta na prestação de contas da candidata no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda assim, ele e outro aliado de Marília, José Múcio Magalhães de Souza, ex-assessor da parlamentar, teriam disseminado fake news sobre a campanha da postulante do PSDB "a respeito de supostos posicionamentos e atos políticos pretéritos e futuros das candidatas ora noticiantes".
Na maior parte das publicações relacionadas pela defesa de Raquel, os denunciados tentam ligar as imagens de Raquel e Priscila Krause (CID), candidata a vice-governadora, à do presidente Jair Bolsonaro (PL), embora elas ainda não tenham declarado apoio a nenhum candidato à Presidência da República neste segundo turno. Em um dos posts compartilhados por José Matheus, um texto do Instagram do JC Online foi adulterado para afirmar que, na próxima quinta-feira (13), "Bolsonaro irá receber o apoio da ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, aliada do tucano Aécio Neves".
"A campanha de Raquel Lyra convocou uma coletiva de imprensa e representou contra mim, me acusando de postar fake news. É fake news que os bolsonaristas estão com Raquel Lyra? É fake news que a população de Caruaru até hoje protesta contra o governo que foi de Raquel Lyra? É fake news que os servidores e professores de Caruaru até hoje falam dos problemas contra Raquel Lyra? A campanha de Raquel decidiu representar contra os meus posicionamentos políticos, contra a minha essência enquanto jovem preto, da periferia do Recife, que luta pelas causas sociais e democráticas do meu Estado", afirmou Matheus, em vídeo publicado na terça (11) à noite.
O jovem, que foi candidato a vereador do Recife nas eleições de 2020 pelo PT e foi expulso do partido em 2022, após declarar apoio a Marília, também disse estar sofrendo ataques virtuais após o movimento da equipe da tucana.
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"O resultado dessa perseguição é uma horda de bolsonaristas me atacando nas redes sociais. Bolsonaristas raivosos, que estão de apoio com Raquel Lyra para o Governo de Pernambuco. Sempre um pobre, da periferia, preto, da classe trabalhadora e social do nosso Estado, que luta pelos seus direitos é alvo de perseguição política. Por que a mim, Raquel? Por que me perseguir durante todo esse processo? Quero dizer que não tenho medo de bolsonaristas e vou reagir, sim, aos ataques da campanha de Raquel Lyra com a coragem de um menino preto, da periferia do meu Estado", completou Matheus.
A assessoria de imprensa de Marília Arraes foi procurada para que a candidata comentasse as denúncias feitas pela equipe de Raquel Lyra, mas não encaminhou resposta à reportagem do JC até a publicação desta matéria.
A campanha de Raquel Lyra solicitou ao TRE a concessão de uma liminar para determinar que o Twitter e o Instagram removam os conteúdos publicados contra a tucana. A ex-prefeita solicitou, ainda, que o Ministério Público Eleitoral e a Polícia Federal investiguem os fatos.
Derrota de Marília na Justiça
Nesta quarta-feira (12), a campanha de Raquel comemorou uma vitória na Justiça contra Marília Arraes, que teve negado um pedido de remoção de publicações nas redes sociais de integrantes do núcleo político da prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), com imagens e pedidos de apoio para Lula (PT) e Raquel. Hoje, Márcia esteve com Raquel para formalizar apoio a ela neste segundo turno.
Na decisão, o desembargador eleitoral auxiliar Rogério Fialho Moreira destacou que o conteúdo veiculado nas redes sociais é uma "escolha pessoal dos candidatos dos representados a Presidente da República e a Governador do Estado de Pernambuco".
"Não estamos tratando de propaganda realizada por partido político e sim do uso da liberdade de expressão de diversos eleitores, apontando seus candidatos no segundo turno do pleito eleitoral de 2022. A Liberdade de Expressão, princípio consagrado na Constituição Federal, estipula que a manifestação do pensamento deve ser plenamente protegida em todas as suas formas, podendo, entretanto, haver a devida apreciação pelo órgão competente dos casos em que os meios publicitários empregados criem, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais, o que não é o caso destes autos", frisou Fialho.