BASTIDORES

REDE defende grupo de Túlio Gadelha por apoio a Raquel Lyra e expõe racha com PSOL

Em Pernambuco, encontra-se rachada a federação formada pela Rede Sustentabilidade com o PSOL. Legendas medem força na divisão entre apoios a Raquel Lyra (PSDB) e Marília Arraes (SD)

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Augusto Tenório

Publicado em 26/10/2022 às 20:33 | Atualizado em 26/10/2022 às 20:59
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Em Pernambuco, encontra-se fraturada a federação formada pela Rede Sustentabilidade com o PSOL. Isso porque a legenda de Túlio Gadelha saiu em defesa do deputado e seu grupo, que declarou apoio a Raquel Lyra (PSDB). O parlamentar foi alvo de críticas de pessolistas, que apoiam Marília Arraes (SD) e o acusaram de desrespeitar a união entre os partidos.

Em nota, Luiz Marcelo Camargo, porta-voz da Rede Sustentabilidade em Pernambuco, afirma que a candidatura de Raquel Lyra não defende ou representa um palanque bolsonarista no estado. O dirigente afirma que liberou seus filiados para livre apoio às candidatas, numa resposta em resposta às críticas de Tiago Paraíba (PSOL), presidente da federação em Pernambuco

Sob reserva, uma liderança local do PSOL afirma ao JC que a legenda ainda busca afinar o diálogo com a Rede Sustentabilidade em Pernambuco. Assume, porém, que as conversas com o grupo ligado a Túlio Gadelha sempre foram dificultosas.

Uma liderança da Rede, em tempo, afirma que o movimento causou racha interno da sigla. Eles questionam o rito estatutário. O grupo, ligado a Guto Santa Cruz, eleito suplente para a Alepe nesta eleição, deve se movimentar junto à executiva nacional.

Divulgação / Psol PE
Tiago Paraíba, 33 anos, recifense do Alto do José do Pinho, é o novo presidente estadual do Psol - Divulgação / Psol PE

O descompasso entre as legendas foi exposto logo após a coletiva. Tiago Paraíba, presidente da federação PSOL-Rede, manifestou repúdio à declaração de apoio de Túlio Gadelha a Raquel Lyra. Nos bastidores, sabe-se que o deputado não tem boa relação com Marília desde a eleição para a Prefeitura do Recife, em 2020.

O dirigente acusou o parlamentar de desrespeitar "a deliberação coletiva da Federação de não apoiar quem traz em seu palanque bolsonaristas, como os Collins e Tércios". Ele fez referência aos grupos ultraconservadores que também apoiam a tucana.

Luiz Marcelo Camargo, na nota publicada nesta quarta, afirmou que a decisão foi tomada a partir do princípio da autonomia partidária, previsto no Art. 1º, § 1º, do Estatuto da Federação PSOL-Rede. Ele aponta que os pessolistas usaram o mesmo princípio para externar voto em Marília Arraes, "sem que essa deliberação fosse feita no âmbito da Federação".

A declaração de apoio de Túlio Gadelha e dirigentes da Rede a Raquel Lyra

Jornal do Commercio teve acesso à ata de reunião da Rede do último dia 11 de outubro. Na ocasião, o apoio a Raquel Lyra recebeu maioria dos votos, mas foi condicionado à assinatura de uma carta-compromisso com bandeiras da legenda e com a eleição de Lula (PT) à Presidência da República. Como o documento não foi respondido, o apoio foi transferido à Marília Arraes.

Uma nova reunião da Rede, porém, foi convocada para a última segunda-feira, 24 de outubro. Nela, a ala ligada a Túlio Gadelha formou maioria dos votos para que a legenda liberasse o apoio dos filiados a qualquer uma das candidaturas. Dessa forma, o deputado federal reeleito declarou apoio à candidata tucana numa coletiva convocada nessa quarta.

Leia, na íntegra, a nota de Luiz Marcelo Camargo:

Após publicação de reportagem do jornal O Globo, a REDE PE informa que ambas as candidaturas majoritárias ao Governo de Pernambuco não defendem, nem representam palanque bolsonarista e, também por esse motivo, comunicamos que, na última segunda-feira (24), o Elo Estadual da REDE PE, decidiu, por maioria simples, pela liberação de seus membros no apoio às candidaturas colocadas ao governo de Pernambuco neste segundo turno das eleições de 2022.

A decisão foi tomada a partir do princípio da autonomia partidária, previsto no Art. 1º, § 1º, do Estatuto da Federação, mesmo princípio adotado pelo PSOL PE, quando, em 11 de agosto de 2022, externou voto na candidata Marília Arraes (SOLIDARIEDADE), sem sem que essa deliberação fosse feita no âmbito da Federação. Dessa forma, a REDE PE convoca ex-candidatos, dirigentes e demais filiados para a campanha do presidente Lula (PT) e libera para que os demais correligionários façam suas escolhas para o Governo de Pernambuco a partir de suas convicções.

Dito isso, reafirmamos que não procedem as informações e declarações sobre desrespeito de integrantes do partido REDE Sustentabilidade, ao optarem também, pela candidatura da companheira Raquel Lyra (PSDB) ao Governo de Pernambuco.

Luiz Marcelo Camargo
Porta-Voz da Rede Pernambuco

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