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Cuba indica não poder pagar dívida atrasada com Brasil e governo Lula pode renegociar débitos

Além dos encontros multilaterais, Lula também se reunirá com o ditador cubano, Miguel Díaz-Canel

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Agência Estado

Publicado em 15/09/2023 às 21:01
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A ditadura de Cuba indicou ao governo brasileiro que não tem condições de pagar a dívida atrasada e vencida de US$ 490 milhões de Havana com Brasília, em atraso desde 2018. No total, a dívida chega a US$ 1,1 bilhão. Os cubanos também esperam "flexibilidade" do governo Lula (PT) para conseguir retomar os pagamentos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Cuba nesta sexta-feira (15) para encontro do G77, uma coalizão de países em desenvolvimento junto com a China.

Além dos encontros multilaterais, Lula também se reunirá com o ditador cubano, Miguel Díaz-Canel, em um esforço de descongelar as relações com Havana após os governos de Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PL).

O pedido de renegociação e flexibilidade aconteceu em conversas políticas informais entre a ditadura cubana e o governo brasileiro, mas ainda não há um documento oficial com o pedido, nem houve reunião dos dois lados em nível técnico para poder cobrar, segundo fontes ouvidas pelo Estadão com conhecimento sobre as negociações.

Segundo uma fonte, a determinação do Brasil é de receber os valores e não há discussão sobre moratória ou calote. A intenção de Cuba é ´renegociar a dívida, até para "sair da situação de default, para poder ter acesso a novos empréstimos, porque países em débito não podem obter novos financiamentos", disse uma das fontes.

Até o momento, autoridades ligadas à ditadura cubana disseram a representantes brasileiros que Cuba não possui meios para o pagamento das suas obrigações neste momento, e que pretendem renegociar a dívida em reuniões que ainda serão marcadas.

Os atrasos começaram em meados de 2016 e se agravaram a partir de junho de 2018, quando o país caribenho parou de pagar suas parcelas de financiamento às exportações brasileiras junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A maior parte dos recursos emprestados via BNDES foi para financiamento do projeto do Porto de Mariel, que fica a cerca de 40 km de Havana.

ENCONTRO DO G77

O G77 foi criado em 15 de junho de 1964, durante o período da guerra fria. Na época, o grupo tinha 77 países, mas foi ampliado e conta com nações da Ásia, África e América Latina. A China se juntou ao grupo em 1990 e será representada por Li Xi, membro do comitê permanente do escritório político do Partido Comunista da China.

O grupo alega que a intenção do bloco é promover interesses econômicos coletivos e expandir a capacidade de negociação dos países. Cuba ocupa a presidência rotativa do bloco e o encontro terá o tema "Desafios Atuais do Desenvolvimento: Papel da Ciência, Tecnologia e Inovação".

Dezenas de chefes de Estado e de Governo participam do encontro. Além de Lula, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, estarão presentes.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, que inaugurará a cúpula, de caráter extraordinário, ao lado do ditador cubano, Miguel Díaz-Canel, chegou na quarta-feira, 13, à capital cubana. Entre os países representados no encontro estão Irã, Catar, Angola, Índia e Sri Lanka.

O QUE É O G77

É a abreviação de Grupo dos 77, nome que remete à sua criação em 1964, ao final da primeira sessão da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em Genebra, quando tinha 77 membros fundadores - hoje são 134.

 

 

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