Mauro Cid sai preso após depoimento no STF, nesta sexta-feira (22)
Tenente-coronel foi ouvido após criticar atuação do Supremo e da Polícia Federal, em áudio vazado
Agência Brasil e Estadão Conteúdo
O ministro Alexandre de Moraes, Supremo Tribunal Federal(STF), determinou a prisão do tenente-coronel Mauro Cid. A prisão ocorreu após ele prestar depoimento por uma hora nesta sexta-feira (22), na sala de audiências do STF. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi chamado a prestar depoimento após a revista Veja publicar áudios em que o militar critica a atuação do magistrado e da Polícia Federal.
O depoimento foi presidido pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes. Também esteve presente um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR), além de sua defesa.
REPRESENTAÇÃO CONTRA MAURO CID
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, fez uma representação contra o tenente-coronel Mauro Cid no STF na noite desta quinta-feira, 21. Nos áudios, Cid afirma que o inquérito da PF que apura a tentativa de golpe de Estado é uma "narrativa pronta".
O diretor da PF afirmou à jornalista Míriam Leitão do jornal O Globo que as declarações foram vistas "com gravidade" e que a corporação busca um esclarecimento no STF. "Ninguém acusará a PF e o STF dessa forma e ficará incólume", disse.
Nos áudios, Cid ainda disse que Moraes já tem a sentença dos investigados e que no "momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo". O tenente-coronel também afirmou que a PF queria que ele falasse coisas sem conhecimento ou que não aconteceram, pois os investigadores do inquérito "não queriam saber a verdade" sobre a tentativa de golpe de Estado, e sim confirmar a narrativa deles.
DEFESA DE MAURO CID
Por meio de nota, a defesa de Cid admitiu que a voz nas gravações divulgadas pela revista são do militar, mas alegou que as declarações são "meros desabafos" do investigado.
Mauro Cid foi preso em maio de 2023 pela PF durante a investigação sobre fraudes em cartões de vacina contra a covid-19. Em setembro ele foi solto após homologação da delação premiada, em que apontou Bolsonaro como o mandante das fraudes no sistema do Ministério da Saúde. Ainda foi revelada a existência de reuniões golpistas entre o ex-presidente e comandantes das Forças Armadas para tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).