Morre Magdalena Arraes, viúva do ex-governador Miguel Arraes, aos 95 anos

Maria Magdalena Fiúza Arraes de Alencar foi a segunda esposa de Arraes, com quem teve dois filhos: Mariana e Pedro. Ela faleceu de causas naturais

Publicado em 11/07/2024 às 8:45 | Atualizado em 11/07/2024 às 12:09

Morreu, nesta quinta-feira (11), a ex-primeira-dama de Pernambuco Magdalena Arraes, viúva do ex-governador Miguel Arraes. Ela tinha 95 anos e faleceu em casa, no Recife, de causas naturais. O falecimento foi confirmado pela família Arraes, em uma nota divulgada nesta manhã.

O velório será realizado na próxima sexta-feira (12), às 8h, na Capela do Cemitério de Santo Amaro, na região central do Recife. O sepultamento ocorrerá às 11h.

"Mada foi um exemplo de amor e dedicação, deixando um legado de bondade e generosidade. Sua partida deixa uma saudade imensa em todos que tiveram a honra de conhecê-la e conviver com ela. A família agradece as mensagens de apoio e carinho neste momento de dor e saudade", diz o comunicado da família.

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Nascida no dia 14 de dezembro de 1928, Maria Magdalena Fiúza Arraes de Alencar foi a segunda esposa de Miguel Arraes, com quem teve dois filhos: Mariana e Pedro.

Embora não tivesse laços de sangue, ela era considerada igualmente avó e bisavó por descendentes de Arraes que seguiram na política, como a ex-deputada federal Marília Arraes, o prefeito do Recife, João Campos, e os deputados Pedro Campos e Ana Arraes.

Reprodução/Instituto Miguel Arraes
Maria Magdalena Arraes - Reprodução/Instituto Miguel Arraes

Dona Magdalena, como era conhecida, ocupou o posto de primeira-dama de Pernambuco nos três mandatos do marido no governo estadual, se tornando a mulher que mais esteve nesta posição no estado.

Ao lado do ex-governador, vivenciou momentos marcantes da história política do país, como o golpe militar de 1964, quando teve que ir para o exílio na Argélia ao lado dele.

Sua ligação com a política, porém, vem de berço. Ela era neta de João Tomé Saboia, governador do Ceará entre os anos de 1916 a 1919 e senador entre 1921 e 1930.

Antes de fincar raízes em Pernambuco, ela estudou no Rio de Janeiro, onde cursou Letras.

Em 2009, inaugurou, no Recife, o Instituto Miguel Arraes, do qual também foi diretora. O espaço foi criado com o objetivo de reunir um extenso acervo com livros, jornais, revistas, cartas, fotografias, filmes e diversos itens que marcaram a trajetória política do ex-governador.

Reprodução/Instagram Marília Arraes
Maria Magdalena Arraes - Reprodução/Instagram Marília Arraes

Seis anos depois, em 2015, Dona Magdalena teve sua vida relatada em uma biografia escrita pelo jornalista Laílson Cavalcanti e pela escritora Valda Colares. Intitulada "Magdalena Arraes - A Dama da História", a obra contava episódios como o primeiro encontro dela com Miguel Arraes e passagens sobre o golpe militar e o exílio.

Na época do lançamento do livro, em entrevista ao Jornal do Commercio, Laílson, falecido em 2021, disse que queria deixar para o futuro a visão política de uma pessoa que vivenciou a história de perto.

"Eu já tinha feito um trabalho para o Instituto Miguel Arraes, quando conheci Dona Madalena e começamos a conversar e fui adquirindo um respeito e uma amizade por ela muito grande, e vi uma necessidade de transformar aquilo num livro, num objeto que pudesse servir de referência para aquelas pessoas. Acredito que é muito importante para o futuro, para uma análise histórica e para a compreensão do processo histórico na visão de uma pessoa que fez parte dele de uma posição muito privilegiada", contou o jornalista.

Homenagens

Diversos políticos e autoridades lamentaram a morte de Magdalena Arraes. A ex-deputada federal Marília Arraes, que batizou a terceira filha com o nome de Maria Magdalena em homenagem à avó, publicou, na manhã desta quinta-feira, um vídeo com diversas fotos ao lado da ex-primeira-dama.

"Vovó Mada viveu incríveis 95 anos. E eu tive o privilégio de ser sua neta por 40! Poucas pessoas fizeram tão bem ao mundo quanto ela fez. À frente do seu tempo, corajosa, de uma generosidade e um senso de justiça imensos. Agradeço a Deus pelos caminhos dela e de meu avô terem se cruzado e, com isso, meu pai e tios tiveram uma família unida e forte, em meio a tantas adversidades que atravessaram, com golpe militar, prisão, tantos anos de exílio, volta ao Brasil, vitórias e derrotas, altos e baixos", escreveu Marília.

"Sem você, vovó Mada, não seríamos quem somos hoje! Eu não seria quem sou, se não fosse sua neta, sem que você tivesse compartilhado sua sabedoria e apoio gentil, leve e ao mesmo tempo tão forte, em tantas horas cruciais. Um dia, minha Magdalena, tão pequena, vai entender a responsabilidade e o orgulho de carregar o nome da bisavó", completou.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, emitiu nota de pesar dizendo que Magdalena era uma mulher de fibra e uma ex-primeira-dama que dedicou a vida ao estado.

"Sua força e dedicação serão eternamente lembradas. Meus sentimentos à família e a todos que sentem essa perda", disse Raquel.

O prefeito do Recife, João Campos, também lamentou a morte da bisavó.

"Hoje é um daqueles dias difíceis. Me despedir da minha bisavó Magdalena aperta o peito e nos faz lembrar de tanta coisa, de tanto exemplo, do tanto que nos ensinou. Ela sempre foi um pilar de força em nossa família, uma mulher altiva, sensível e firme, sobretudo nos momentos mais difíceis. Liderou processos e inspirou transformações que até hoje nos influenciam. Neste momento de luto, nos unimos em lembrança e gratidão por tudo que ela representou e nos ensinou. Que Deus possa realizar o seu reencontro com o meu bisavô Miguel Arraes no céu", disse o prefeito.

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