'Faço dancinha porque sou apaixonado pelo trabalho', diz João Campos em convenção da Frente Popular
Após rebater críticas da oposição, candidato do PSB a reeleição focou em realizações da gestão: 'Não é para se perder por briga pequena'
"Faço dancinha porque sou realizado e apaixonado pelo o que faço. A minha responsabilidade não me impede de fazer com alegria", disse João Campos, rebatendo as constantes críticas da oposição pelo seu comportamento nas redes sociais. A fala ocorreu durante discurso da convenção da Frente Popular do Recife, realizada na manhã deste domingo (4), no Clube Português.
No último sábado (3), a vice-governadora Priscila Krause havia dito, na convenção de Daniel Coelho (PSD), que Recife "precisa de um prefeito preocupado com o povo e não em fazer dancinhas”.
Ainda sobre o tema, João continuou: "Eu aprendi com a minha mãe que na vida a gente tem que fazer as coisas com o coração. Trabalho para fazer a coisa bem feita, faço tudo bem feito, com gosto e dedicação."
O ato da Frente Popular contou com a participação de várias lideranças políticas locais e nacionais, e representantes dos 12 paridos da base de apoio ao candidato, além da militância. Campos defendeu a sua gestão, exaltando feitos na área da educação (creches) e na infraestrutura urbana (obras em áreas de morros).
Críticas
João Campos também relembrou dos comentários negativos feitos a ele na campanha municipal de 2020, quando tinha 26 anos. "Foi dito no início dessa jornada que eu era ‘o menino', 'o príncipe'. 'Será que vai dar conta de fazer? É muito novo para ser prefeito’. Eu nunca busquei tirar a razão das pessoas. Mas, eu só pedia uma oportunidade de poder me apresentar e trabalhar", disse.
No restante do discurso, o prefeito focou em seus feitos durante os quase quatro anos de gestão e evitou rebater mais críticas de opositores. “Eu ouvia o meu pai dizer que na política ganha quem sai para fazer um dever de casa bem feito, sai disposto a somar e fazer, construir, não se perder por briga pequena”, resumiu.
Gestão
"Eu faço questão de destacar algumas coisas. Conseguimos em três anos e oito meses, fazer o dobro de vagas de creches que existiam na cidade. Foram necessários 40 anos para fazer 6500 vagas, mas entregamos 7 mil vagas a mais. O que é saltar 15 posições na alfabetização? O que é chegar a 50% da educação integral?", disse João, ao listar feitos da gestão.
"Temos três obras por dia inauguradas somente em áreas de morro da nossa cidade. Isso não se faz somente com boas ideias, se não tem capacidade de fazer. Na saúde, fizemos a expansão mais extensa dos últimos 15 anos da cidade, chegando a 80% de cobertura."
Candidato a vice
O candidato do PSB também procurou externar a sua confiança no trabalho de Victor Marques, que foi o seu chefe de gabinete na Câmara dos Deputados e na Prefeitura. Eles se conheceram na Universidade Federal de Pernambuco e, desde então, nutrem uma amizade e parceria profissional. O vice pode assumir a gestão municipal caso Campos seja candidato a governador em 2026.
"Meu amigo, meu irmão, o futuro vice-prefeito da cidade. Esse cara sabe trabalhar. Esse cara me ajudou a cuidar do Recife, ajudou a liderar o nosso time. [...] Não tem uma tarefa que ele não pegou para cuidar que não teve efeito, que não fez com sensibilidade", disse.
Em discurso feito antes de Campos, Marques frisou que não "não caiu de paraquedas" neste palanque. "Vocês podem estar se perguntando: 'E quem danado é Victor?', 'Por que a Frente Popular do Recife escolheu esse cara para ser candidato a vice?'", disse, ao se apresentar.
"Nesse momento, vai chegar gente com conversa bonita dizendo que faz isso e aquilo, aí quando chega lá não faz porque é preciso ter time, saber fazer gestão, precisa ter gente que tira do papel. Esse discurso não é só meu, esse discurso é de dona Maria, que agora trabalha porque o filho pode ficar na creche. Esse discurso é de seu José, que dorme a noite tranquila enquanto está chovendo porque sua encosta está protegida. Esse discurso é de Gabriela, Rafaela, que ajuda em casa porque fez um curso de tecnologia do Embarque Digital", declarou Marques.
PCdoB reforça confiança
A presidente nacional do PCdoB e ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, apesar de não ter participado do anúncio que oficializou a indicação de Victor no mês passado, afirmou que confia na chapa formada porque ela é "uma chapa de construção política".
"Não tem vez para aqueles que não olham para as pessoas que mais precisam. Não tem vez para aqueles que são contra os pobres do nosso Recife e do nosso país. Aqui é o lado da democracia, o lado da inclusão, o lado do desenvolvimento e crescimento econômico", disse a ministra.
Vice-presidente
O vice-presidente da República, Geraldo Alckimin (PSB), também esteve presente no ato partidário, onde relembrou a vocação política do ex-governador Eduardo Campos, falecido em um trágico acidente de avião em 2014, e declarou que a terra do presidente Lula "salvou a democracia do país".
"Cumprimento pela grande frente política que você lidera, mostrando a capacidade de diálogo e união para servir melhor a nossa população; É importante ganhar a eleição, mas é mais importante fazer um bom governo e o João fez um belíssimo trabalho", disse o vice-presidente. Tabata Amaral (PSB), candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB, também esteve no palanque e foi citada por Alckmin.
Apoio do PT
Senadores pelo PT em Pernambuco, Humberto Costa e Teresa Leitão fizeram questão de endossar o apoio do PT à chapa da Frente Popular. O partido tentou emplacar um nome para compor a vice de João Campos, mas não obteve espaço.
“Estamos aqui, eu, Teresa, a militância do PT e os companheiros que constroem este partido, e também trazemos o apoio do presidente Lula por uma questão de justiça. Você é, sem dúvida, um grande gestor que esta cidade tem”.
Geraldo Julio fala em 'fake news'
Prefeito do Recife pelo PSB entre 2013 e 2020, Geraldo Julio também compareceu ao ato e criticou a campanha dos adversários. "Eles só fazem atacar. Aí é mentira, é fake news, agressão. Eles fazem de tudo, mas não mudamos a nossa atitude. Nós olhamos para as condições de vida do povo".
Lideranças como o deputado federal Pedro Campos (PSB); Raul Henry, presidente do MDB; Silvio Costa Filho (Republicanos), Ministro de Portos e Aeroportos; e Danilo Cabral, superintendente da Sudene e candidato do PSB do Governo do Estado em 2022, também discursaram.
Tom oposicionista a Raquel Lyra
Durante os discursos, chamou atenção o tom oposicionista adotado por agora ex-aliados da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), que está apoiando o candidato a prefeito Daniel Coelho (PSD). O presidente da Assembleia Legislativa (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), fez questão de reforçar o palanque do socialista, mencionando que na política "é preciso ter lado".
"Ontem, em uma convenção, disseram que iria incomodar e fazer raiva, mas a gente sabe que eles estão incomodando e fazendo raiva ao povo de Pernambuco com o Governo do Estado que não faz entrega. Por isso que o povo do Recife vai dar 'a maior pisa' da história da capital pernambucana", disse Porto. A convenção mencionada por Porto foi a do ex-secretário de Turismo e ex-deputado federal Daniel Coelho.
Outro exemplo de tom oposicionista contra Lyra foi o do ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (União), que havia declarado apoio à governadora em 2022. "Para os adversários que lhe criticam, deixe eles falando sozinhos. Até porque Marília [Arraes], quem hoje está criticando João Campos, prometeu mudança em Pernambuco, mas só deu desculpas até hoje e nada fez para melhorar nosso Estado".
Marília Arraes
Marília Arraes, que declarou apoio à reeleição de Campos desde abril deste ano, foi uma outra demonstração de alinhamento à Frente Popular após um passado conturbado na federação. "A construção da nossa unidade começou no momento mais crítico do país, em que a democracia estava ameaçada, os direitos do povo brasileiro, do trabalhador, cada vez sendo mais atacados. Foi aí que João Campos e todo seu partido, declararam apoio ao nosso projeto em 2022. Independentemente do resultado das urnas, a política é feita pelo nosso lado e pelos nossos sonhos.”
"Fico muito feliz porque quem torce pelo 'quanto pior, melhor' nem deveria estar na política. Tem gente que está aí em cadeiras por onde passou muita gente forte, que está torcendo pelo 'quanto pior, melhor' para nossa cidade. Aqui a gente torce e fica feliz quando o povo tá bem", disparou Arraes, em crítica ao Governo do Estado.