"Venezuela está dando um tiro no próprio pé" diz cientista político sobre a ‘tensão’ na relação com Lula

A relação entre Brasil e Venezuela nos últimos dias estremeceu e os desdobramentos foram debatidos durante o Passando a Limpo da Rádio Jornal

Publicado em 31/10/2024 às 10:47

De acordo com o doutor em ciência política, Antônio Lucena, a crise política entre Brasil e Venezuela deve esfriar e as recentes atitudes de Nicolás Maduro contra um Brasil são um "tiro no próprio pé". A análise foi feita, nesta quinta-feira (31), durante o programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal

"O que a Venezuela está fazendo é um tiro no próprio pé, porque o Brasil foi um dos poucos países que optou por manter o canal de diálogo aberto, ou seja, ele não reconheceu a vitória de Maduro e não reconheceu a vitória da oposição", afirmou. 

Antônio afirmou que após algumas atitudes do Brasil, dentre elas, o não reconhecimento da vitória de Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas e o veto da entrada do país no Brics levou o presidente a tensionar a relação entre os dois países.  

Sobre as eleições no país vizinho, o cientista político afirma que aconteceram fortes indícios de fraude eleitoral.  "As atas do CNE não foram divulgadas, isso é que fica, realmente, o problema", disse. 

"O Brasil requisitou que o governo venezuelano apresentasse essas atas eleitorais, o que nunca aconteceu. Então, aconteceu realmente um estremecimento da relação entre Brasil e Venezuela, que foi se degradando com o tempo", completou.   

Encontro dos Brics

De acordo com Lucena, o bloqueio do Itamaraty para a entrada da Venezuela nos Brics reforçou a reputação e a posição econômica do Brasil. "A entrada da Venezuela no Brics, para Maduro, seria muito relevante, porque isso mostraria um determinado apoio internacional e consolidação da sua permanência ilegítima no poder", comentou Antônio. 

Em resposta, Maduro chegou a dar alguns recados para Lula, como o pedido de volta do embaixador Venezuela no Brasil e a crítica ao embaixador Celso Amorim afirmando que é um "agente do imperialismo norte americano".

"Fontes do Itamaraty afirmaram que Lula não quer nem saber da Venezuela, não quer mais saber de eleições, isso significa que as relações com o país vão ficar congeladas durante um certo tempo", disse Antônio sobre as atitudes do presidente Lula.  

De acordo com ele, espera-se que Nicolás continue da mesma forma, no poder do país. "Então, a situação que se desenha é obviamente Maduro permanecer do jeito que tá, provavelmente, ele não sai mais do poder, pelo menos, não por enquanto e a situação é de isolamento da Venezuela".

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