Dinheiro em embalagem de vinho, reunião em casa e liderança do plano: as acusações contra Braga Netto

General Walter Braga Netto foi preso na manhã deste sábado (14) pela Polícia Federal dentro das investigações da Operação Contragolpe

Publicado em 14/12/2024 às 10:13
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O general Walter Braga Netto, preso na manhã deste sábado (14), é apontado pela Polícia Federal como uma figura central na tentativa de golpe que, segundo a corporação, era orquestrada em 2022 para impedir a posse de Lula.

Braga Netto é um dos personagens mais mencionados no relatório de 884 páginas da Operação Contragolpe, sendo citado 98 vezes. 

Segundo o relatório, as "ações operacionais para o cumprimento de medidas coercitivas foram planejadas em reuniões que ocorreram na cidade de Brasília, nos meses de novembro e dezembro de 2022".

De acordo com a delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, o plano de golpe foi explanado em uma reunião ocorrida no dia 12 de novembro de 2022, na casa de Braga Netto, em Brasília.

O endereço do militar, na Asa Sul da capital federal, teria sido o local onde "o planejamento operacional para a atuação dos 'kids pretos' foi apresentado e aprovado".

Mauro Cid também afirmou em depoimentos ao STF que Braga Netto entregou dinheiro vivo aos militares das Forças Especiais chamados de "kids pretos" escondidos em embalagens de vinho

Cid confirmou as descobertas feitas pela PF que implicam diretamente o general nos planos golpistas.

Mensagens trocadas via aplicativos de celular interceptadas pela PF apontam, dois dias após a reunião, os militares suspeitos de participar da trama golpista passaram então a discutir providências para colocar o plano em prática e monitorar o deslocamento de autoridades.

"Os elementos probatórios obtidos ao longo da investigação evidenciam a sua participação concreta nos atos relacionados à tentativa de golpe de Estado e da abolição do estado democrático de direito, inclusive na tentativa de embaraçamento e obstrução do presente procedimento", diz a PF.

A operação resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros 36 acusados por três crimes: tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Braga Netto preso

Além do mandado de prisão, a operação cumpre dois mandados de busca e apreensão, além de uma medida cautelar diversa da prisão, contra indivíduos acusados de dificultar a produção de provas durante a instrução processual penal. Os mandados estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro e em Brasília, com o apoio do Exército.

Segundo o relatório do inquérito, as chamadas "medidas coercitivas" previstas no plano Punhal Verde e Amarelo, que incluíam o planejamento operacional para ações de Forças Especiais, foram elaboradas para serem apresentadas ao general. Entre outras ações, o plano previa o assassinato de Lula e Alckmin, além da prisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

A operação resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros 36 acusados por três crimes: tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Com informações do Estadão Conteúdo

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