Paulo Gustavo morre aos 42 anos e deixa o Brasil órfão da sua graça
Nesta terça, dia 4 de maio, o Brasil perdeu Paulo Gustavo, vítima de complicações causadas pela Covid-19. O humorista, acostumado a fazer o Brasil sorrir com seus filmes, peças e programas, morreu em um hospital carioca, aos 42 anos. Ele deixa seu marido, Thales Bretas, e dois filhos: Gael e Romeu.
Paulo Gustavo estava internado desde o dia 13 de março. Desde então, parentes e amigos se dividiam entre atualizar o público com notícias sobre a evolução do estado de saúde do artista e pedir orações. Entre melhoras e pioras, o humorista precisou ser intubado para acelerar o processo de cura, crucial para quem tem asma e, consequentemente, integra o grupo de risco.
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No início de abril, a situação se agravou e o artista começou a respirar através de ECMO (sigla em inglês para oxigenação por membrana extracorpórea). Trata-se de uma espécie de pulmão artificial, responsável por salvar vidas nesta pandemia de Covid-19. Em determinado momento, ele chegou a demonstrar melhora e interagir com o marido.
No início de maio, porém, sua situação voltou a se complicar: o ator sofreu uma embolia, insuficiência cardíaca e lesões cerebrais causadas por uma fístula broncovenosa - abertura entre os pulmões e as veias. Segundo comunicado, a situação clínica atual era "instável e de extrema gravidade".
Na porta do hospital, fãs de diversas regiões ficaram em vigília pelo humorista. Uma delas, Fernanda Cortese, de 59 anos, que está há mais dias. Em entrevista ao portal UOL, ela disse que saiu de São Paulo e foi até o Rio de Janeiro para apoiar o humorista. “Sou muito fã dele. Adoro o ‘Vai que Cola’ e me divirto com ‘Minha Mãe É uma peça’. Queria ver a família, o [ator] Marcos Majella, sou fã deles. Sou muito católica e estou em orações”, disse ela sobre o quanto admira Paulo Gustavo.
Paulo Gustavo nasceu em Niterói, município do estado do Rio de Janeiro, no dia 30 de outubro de 1978. Seu sorriso vai-se junto com os de outros 353 mil brasileiros que faleceram, até o momento, de Covid-19 na pandemia. No final do ano passado, ele gravou o vídeo acima, que resume sua visão sobre a vida e a arte.
A trajetória de Paulo Gustavo
Em março de 2015, há seis anos, publicou-se uma declaração de Fernanda Montenegro sobre o humorista, no DVD Hiperativo. Ela conseguiu não somente analisar sua história até o momento, como também prever o crescimento artístico do colega:
"O principal impacto do Paulo Gustavo é que para ele não existe a divisão palco e plateia. O espaço cênico é ele e o espectador grudados, integrados, desdobrados, aqui, todo mundo junto. É uma força cênica avassaladora. É um artista independente, popular, afirmativo, abusado, amado. Galvaniza plateias de 10.000 espectadores com o arraso de seu talento. (...) é um fenômeno a ser estudado".
Seu surgimento enquanto artista de calibre nacional deu-se no teatro, com o espetáculo Minha mãe é uma peça, visto por mais de três milhões de pessoas. O roteiro foi adaptado ao cinema, com uma trilogia homônima de sucesso inigualável no Brasil. Somente o terceiro filme da franquia foi assistido por mais de 11,5 milhões de pessoas no cinema, enquanto os dois anteriores somam cerca de 15 milhões de espectadores.
O casamento que fecha a franquia foi inspirado na vida pessoal do próprio artista, mais especificamente na sua união com o dermatologista Thales Bretas.
A importância do humorista no cenário artístico nacional fez com que diversas personalidades brasileiras publicassem mensagens durante sua internação, como foi o caso da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), na publicação reproduzida acima.
Vale a lembrança de que espetáculo Minha mãe é uma peça foi montado somente um ano depois de Paulo Gustavo se formar na Casa das Artes de Laranjeiras, em 2005. Assim como nos palcos e nas telonas, ele também mostrou seu talento na TV. Nas telinhas, ele fez sucesso com produções como Vai que cola (2018), A vila (2017) e Além da ilha (2017).