PANTANAL: primeira Maria Bruaca relembra repercussão da personagem e celebra legado: 'contribuiu para a luta do feminismo'
Maria Bruaca vive o papel de uma pessoa que está buscando a liberdade de um casamento abusivo, em 'Pantanal'
A atriz Ângela Leal, que interpretou Maria Bruaca na primeira versão de 'Pantanal' (1990) revelou que sente orgulho do legado que deixou com a personagem na teledramaturgia brasileira.
Entretanto, ela explica que não tem mais interesse em atuar novamente. Atualmente aos 74 anos, Ângela, que é mãe da também atriz Leandra Leal, se dedica à administração do teatro Rival Refit.
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"Gosto de dizer que não estou mais atriz. Só faço uma coisa ou outra quando a Leandra me convence. Fiz o filme dela, e agora gravei a série dela, [chamada] A Vida Pela Frente. Só porque ela me pediu para fazer, de mãe para filha", disse ela, em entrevista ao jornal O Globo.
Ângela revela que deixou de atuar por falta de paciência com todo o processo de maquiagem e figurino para entrar em cena.
"Se existisse um pó de pirlimpimpim que jogassem na gente e, quando abríssemos os olhos, já estivéssemos prontos, maquiados e no cenário para gravar, aí eu estava dentro. Mas esperar horas, ter que vestir, fazer maquiagem, não tenho mais essa vontade", explicou.
Maria Bruaca foi um marco para o feminino na TV
Com a nova versão de 'Pantanal' sendo exibida pela Globo, a história de Maria Bruaca, vivida agora por Isabel Teixeira, tem se destacado entre os telespectadores. A personagem é uma das queridinhas do público, que faz questão de comentar a trajetória de libertação de um casamento abusivo da mulher.
Ângela relembra que o papel fez muito pelo feminismo, ainda na versão de 1990, e a considera um marco para a televisão.
"Naquela época, a mulher de 43 anos era considerada velha. A Bruaca é fruto de um período em que o preconceito estrutural estava instaurado. Então, o substantivo Bruaca virou uma chacota, um adjetivo como a bichinha, a galinha, a piranha, aquelas coisas que o preconceito estrutural permitia. E, para mim, é uma grande felicidade perceber que, depois de 32 anos, a sociedade evolui em vários pontos desse assunto. Tenho certeza de que a Bruaca daquela época contribuiu, e muito, para a luta do feminino", afirmou.
Ela também relembra que na época recebeu mensagens de diversas mulheres que se uniam para discutir os temas levantados pela história de Maria Bruaca.
"Para o machismo, para a homarada, a Bruaca virou piranha quando deu a volta por cima. Já as mulheres levavam um choque elétrico. Imagine o mal-estar que era "uma Bruaca" com o marido assistindo à novela juntos, naquela época?", pontua.
Carinho do público com Maria Bruaca surpreendeu autor de 'Pantanal'
Ainda segundo ela, Benedito Ruy Barbosa teria falado que o destino e as reviravoltas de Maria Bruaca na novela saíram do seu controle devido o carinho do público para com ela.
"Quando ele [o autor] me chamou para fazer, a Bruaca era definida como uma mulher submissa que descobriria a traição e ficaria muita louca. Mas não estava claro como nem por qual caminho ela ia seguir, se ia ficar chorando pelos cantos ou qualquer outra coisa. E deu uma reviravolta muito incrível, de repente, pôs a Bruaca em situações muito difíceis. Vira chalaneira, depois vai para a tapera da Juma. Tudo isso tornou a personagem emblemática. Sinto um orgulho muito grande por ter feito essa Bruaca. Ela preenche essa minha vontade de, como atriz, trabalhar para o bem da sociedade", celebrou Ângela.