Steve Jobs: com fundador morto há 10 anos e sem grandes revoluções, como a Apple mantém o sucesso?
A Apple não apresentou aos consumidores nenhum outro produto tão revolucionário desde o iPhone, mas segue ampliando seus resultados
Esta terça-feira (5) marca os 10 anos da morte do fundador da Apple, Steve Jobs, vítima de um câncer no Pâncreas, Jobs até hoje é uma figura controvérsia nas rodas de conversa, por vezes considerado “linha dura” na sua atuação como empresário, mas também admirado pela determinação em busca do crescimento de seus resultados. O legado, no entanto, não deixa dúvidas do sucesso da estratégia do negócio levantado por ele. Desde o lançamento do iPhone, em 2007, a Apple não apresentou aos consumidores nenhum outro produto tão revolucionário, mas segue ampliando seus resultados, sendo ainda a segunda marca mais valiosa do mundo.
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A história sobre a abertura da empresa a partir da garagem de casa, ligações despretensiosas para magnatas como o Bill Hewlett, da HP. Mas o que Jobs fez com o mundo ao criar a Apple foi muito além disso. Colocando a tecnologia num novo patamar na relação com o consumidor, Jobs apostou primeiro no design para a criação de produtos que estivessem muito além da concorrência. Pode parecer besteira apostar as fichas num negócio como o do Apple nesse detalhe, mas ele até hoje segue como um dos grandes trunfos da empresa, demandando uma renovação constante que mantém um lastro de seguidores ao redor de todo o mundo.
Como já mostrou a revista Forbes, em texto de Tim Bajarin, que acompanha a evolução da Apple há décadas, outro princípio de Jobs estava baseado na crença de que a experiência de computação deveria ser intuitiva, facilitando o uso pelas pessoas. A introdução de mouse e uma interface gráfica mais amigável com os usuários foram diferenciais que levaram o Mac a cair no gosto dos consumidores.
Em sua carta de despedida da empresa, Jobs deixou claro que a passagem de bastão não significaria uma mudança drástica na companhia, exceto, obviamente, por não mais haver sua presença.
“Em atenção à equipe Apple e comunidade. Eu sempre disse que quando chegasse o dia no qual eu pudesse não atender às obrigações e expectativas como CEO da Apple, eu seria o primeiro a dizer isso. Infelizmente, este dia chegou. Demito-me do cargo de CEO. Se o conselho considerar adequado, gostaria de continuar como presidente do conselho, diretor e funcionário da Apple. Quanto ao meu sucessor, recomendo fortemente que implementemos o plano de sucessão e nomeamos Tim Cook como CEO da Apple. Acredito que os dias mais brilhantes e inovadores da Apple ainda estão por vir. E estou ansioso para ver e contribuir para o seu sucesso nesta nova função. Na Apple, fiz alguns dos melhores amigos da minha vida e sou muito grato a você pelos muitos anos que trabalho com você”, disse Jobs em seu último comunicado, em tradução livre.
A mensagem fora enviada no dia 24 de agosto. Em outubro, mais precisamente no dia 5 do mês, no ano de 2011, Jobs acabou não resistindo à luta que travava contra o câncer.
Dali em diante, Tim Cook passou a comandar a empresa, mantendo números relevantes. No primeiro trimestre de 2011, a empresa apresentava uma receita de US$ 26,7 bilhões. O número praticamente dobrou no mesmo período do ano seguinte (US$ 46,3 bilhões). No primeiro trimestre de 2021, a receita já era de US$ 111,4 bilhões.
Há quanto tempo temos produtos Apple*:
AirPods: 5 anos
Apple Watch: 6 anos
iPad: 11 anos
iPhone: 14 anos
Apple TV: 14 anos
MacBook: 15 anos
iPod: 20 anos
iMac: 23 anos
Macintosh: 37 anos
Lisa: 38 anos
Apple II: 44 anos
Apple I: 45 anos
Mas neste período, o que a Apple apresentou de tão diferente para alavancar seus resultados? O iPhone, que lidera as vendas da empresa, chegou no ano de 2007. Depois dele, os lançamentos se restringiram a AirPod; Apple Watch, iPad e App Store. Nenhum produto tão disruptivo quanto o próprio iPhone, que tem restringido às suas novas versões pontuais melhorias de capacidade, sistema e outras funcionalidades como as câmeras, mas a experiência do cliente, prioridade de Jobs outrora, permanece latente, renovando ano após anos os resultados estrondosos.
Segundo a Counterpoint, a Apple perdeu mercado para a Xiaomi pela primeira vez. O ranking tem as vendas globais lideradas pela Samsung (18%), Xiaomi (16%) e Apple (15%). Mas ainda assim, a receita continua bastante expressiva.
No terceiro trimestre de 2021, encerrado em 26 de junho de 2021, a empresa registrou a maior receita do trimestre para junho, no valor de US$ 81,4 bilhões, um aumento de 36% na comparação ano a ano, e lucro diluído de US$ 1,30 por ação. Segundo a Apple, foram gerado US$ 21 bilhões em fluxo de caixa operacional, retornando quase US$ 29 bilhões aos acionistas.
Em 2018, a Apple conquistou a marca de US$ 1 trilhão (R$ 3,76 trilhões, à época) em valor de mercado em Wall Street. Dois anos depois, a empresa bateu a marca de US$ 2 trilhões (R$ 11 trilhões à época) no pregão do dia 19 de agosto daquele ano.
Receita da Apple no primeiro trimestre, em bilhões*:
2021: US$111.4
2020: US$91.8
2019: US$84.3
2018: US$88.3
2017: US$78.4
2016: US$75.3
2015: US$74.6
2014: US$57.6
2013: US$54.5
2012: US$46.3
2011: US$26.7
Dados compilados por Jon Erlichman
Em setembro de 2020, era estimada a marca de 1 bilhão de celulares da Apple ativos ao mesmo tempo no mundo. Números compilados pelo analista Neil Cybart estimaram que cerca de 80% das vendas de iPhone no mundo ano passado eram feitas para quem já tem um celular da Apple e resolveu fazer um upgrade, enquanto outros 20% seriam de usuários Android que deram uma chance ao iOS.
Na mensagem do CEO Tim Cook, a filosofia do negócio, disposto a atrair milhares em busca da renovação de seus aparelhos, mesmo num momento como esse de crise, continuou precisamente semelhante ao de seu antecessor. “Continuamos incorporando os valores que nos definem em tudo que fazemos, incentivando uma nova geração de desenvolvedores a aprender programação, nos aproximando da nossa meta ambiental para 2030 e trabalhando para um futuro mais justo”.