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Com boicote à Rússia, mercado de games abre mão de mercado de US$ 3,4 bilhões

Além de posicionamento ativo contra a guerra, algumas empresas divulgaram doações e promoveram iniciativas para auxiliar as vítimas do conflito

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Ana Maria Miranda

Publicado em 09/05/2022 às 14:37
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Várias empresas do mercado de games decidiram aderir ao boicote à Rússia, como forma de pressionar o país para desistir da guerra contra a Ucrânia. Desde o início da invasão, distribuidoras, produtoras e estúdios de jogos virtuais fizeram declarações de repúdio à guerra. Ainda divulgaram doações e promoveram iniciativas para auxiliar as vítimas do conflito.

De acordo com o especialista em games e fundador e CEO da Honkytonk Games, SJ Santos, ao cortar relações comerciais com o país, a indústria abre mão de um mercado de US$ 3,4 bilhões. A Honkytonk, consultoria de marketing especializada na indústria de games, é uma das empresas brasileiras impactadas pela guerra.

"O jogador russo está sem poder comprar os itens e jogar, a empresa não dá mais suporte para ele, os sistemas estão instáveis e o país, a indústria de jogos vai deixar de ganhar dinheiro dentro da Rússia. Empresas russas que produzem jogos deixam de acessar, os jogos internacionais deixam de faturar, jogadores brasileiros e quem produz jogo lá deixam de ganhar dinheiro. O impacto é grande e afeta empresas no mundo todo", avalia SJ Santos.

Segundo uma estimativa feita pela IDG Consulting, a receita de jogos de toda a Europa é de US$ 51,5 bilhões. A Rússia responde por 6% de todos os gastos com videogames no continente europeu; os russos representam 8% do dinheiro gasto em jogos para celular e 12% de todas as receitas de jogos para PC. De acordo com a Newzoo, a Rússia é o sexto maior mercado da Europa, e o 15º do mundo.

Empresas como Sony, Microsoft e Nintendo já puxaram as vendas para a Rússia. Ainda de acordo com a IDG Consulting, as receitas de jogos na Rússia com a GamesIndustry.biz geraram cerca de US$ 3,4 bilhões no ano passado. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o cenário mudou.

O Twitch comunicou aos streamers russos que eles não receberiam mais pagamentos, nem poderiam fazer compras se sua conta estivesse vinculada a um dos bancos russos afetados pelas sanções. A Nintendo suspendeu os pagamentos em rublos russos e colocou o Switch eShop em modo de manutenção para a região, também seguindo as restrições às instituições financeiras do país.

Outras empresas seguiram a mesma linha: conhecida pela série "The Witcher" e pelo jogo "Cyberpunk 2077", a empresa polonesa CD Projekt anunciou, no dia 3 de março, a suspensão da venda de seus jogos, tanto de forma física como virtual, na Rússia e em Belarus.

O estúdio ucraniano GSC Game World, um dos principais do país, que é responsável pelo desenvolvimento da série de videogame Stalker, da Microsoft, publicou em 24 de março um comunicado oficial dizendo que a Ucrânia lutará para se defender e que, "mesmo com um futuro incerto, esperam pelo melhor".

Empresas como Microsoft, Take-Two Interactive, Ubisoft, Electronic Arts, Activision Blizzard, Epic Games, CD Projekt e Bloober Team, Supercell e CI Games tomaram uma posição ativa em relação à guerra, enquanto outras estão cumprindo as sanções econômicas impostas pela União Europeia, Estados Unidos e outras nações.

Apoio financeiro

As empresas do mercado de games também contribuem para as vítimas da guerra através de recursos financeiros. Em 21 de março, a Epic Games anunciou no Twitter que todos os lucros das vendas do Fortnite até 3 de abril serão doados para ajuda humanitária para pessoas afetadas pela guerra na Ucrânia.

Após o anúncio, o Xbox disse no Twitter que se juntaria à Epic e também doaria os lucros das vendas do Fortnite para ações sociais e pelo mesmo período.

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