Agora parceira do Itaú, em joint venture aprovada pelo Conselho de Administração e Defesa Econômica (Cade), a Totvs - maior empresa de tecnologia do Brasil- focará na oferta de crédito e cash management (agrupamento de dados para otimização financeira), num primeiro momento apenas para os clientes que já estão na base dos serviços de software de gestão da companhia. Apesar do cenário adverso para acesso ao crédito, o movimento deve beneficiar pequenas e médias empresas do Nordeste, região onde a Totvs vê um largo espaço de crescimento.
“Em termos de produto o nosso foco está em crédito, em várias modalidades diferentes de crédito e no cash management. O crédito por ser um produto que tem uma rentabilidade muito grande, e o cash management é porque ele te dá uma recorrência de relacionamento muito maior do que o crédito”, explica o CEO da Totvs, Dennis Herszkowicz.
Segundo ele, apesar do cenário complicado para acesso ao crédito, com juros altos e ainda recalibragem das demandas por parte das empresas após a pandemia, o planejamento a partir da parceria com o Itaú é essencialmente ao longo prazo e não deverá se estender, pelo menos por enquanto, a clientes que já não sejam parceiros da Totvs.
“Não é o melhor momento, indiscutivelmente, quando você olha para Selic no nível que tá. Está caro (fazer financiamentos) e a oferta de crédito está menor, porque o nível de inadimplência subiu efetivamente. Mas sendo franco, quando a gente tá falando da joint venture com o Itaú, honestamente não estamos preocupados com esse trimestre ou o próximo, a gente está olhando para um plano de décadas”, complementa Herszkowicz.
Nesse planejamento, a Totvs vê espaço para um crescimento exponencial das pequenas e médias empresas, por meio da penetração de mercado (demanda dos negócios por tecnologia para gestão) e aprimoramento dos produtos que já estão em uso nesse mercado.
“A gente acredita que dá para medir de duas maneiras: a primeira é o número de empresas que usam, por exemplo, uma solução de ERP. Nesse caso, a penetração tende a ser mais alta, porque as empresas já têm alguma coisa implementada, mas isso não quer dizer que seja a melhor solução, a mais robusta. Quando você olha o gasto como um percentual da receita da empresa ou gasto por funcionário, o que quer que seja, nesse sentido a penetração é muito baixa. Então tem um espaço de aumento de penetração de mercado bastante importante”, pondera o CEO.
E para oferecer não um pacote de serviços financeiros, mas também as suas soluções de gestão, a Totvs tem buscado otimizar seus produtos tecnológicos para reduzir o custo de propriedade a ser pago pelas empresas, para até mesmo ampliar sua participação em mercados como o Nordeste, onde o faturamento das empresas, num comparativo com o Sudeste, por exemplo, pode ser consideravelmente menor.
“Há cinco anos atrás, uma empresa, em dinheiro de hoje, que faturasse R$ 10 milhões por ano, dificilmente viraria cliente da Totvs, porque o produto estava relativamente caro para ela. Hoje eu consigo vender tranquilamente para uma empresa que fatura R$ 5 milhões. Então isso vai abrindo cada vez mais pedaços de mercado que antes eu não tinha. O Nordeste é um dos lugares onde a gente mais cresce, primeiro por essa questão da acessibilidade, mas também pela questão da capilaridade. Boa parte das empresas de tecnologia são muito menores do que a Totvs; quanto menor você é, mais é focado regionalmente e acaba sendo difícil ter uma presença real”.
A Totvs Techfin, que fornecerá os serviços financeiros em parceria com o Itaú, tem o banco como sócio em 50% do capital social, com investimento inicial de R$ 610 milhões e preço complementar de até R$ 450 milhões a ser pago após cinco anos, mediante o atingimento de metas já definidas.
