Diversos povos e nações do planeta possuem mitos – narrativas simbólicas, poéticas, religiosas que tentam explicar as origens do universo, do homem e da relação deste com a natureza. Através dos séculos, essa necessidade de entendimento do mundo foi se transformando, até evoluir para o que chamamos hoje de ciência. Em seu novo livro, A magia da realidade (Companhia das Letras), o biólogo queniano radicado na Inglaterra Richard Dawkins faz um interessante cruzamento entre histórias míticas e nosso conhecimento científico atual, tentando mostrar que a realidade destituída de interpretações sobrenaturais pode ser apreciada como algo fantástico e encantador.
A obra é lindamente ilustrada pelo inglês Dave McKean, conhecido pelos seus desenhos impressos na HQ Asilo e por sua colaboração com Neil Gaiman – famoso pela série em quadrinhos Sandman.
Originalmente pensada para atender ao público infantojuvenil, A magia da realidade pode servir como guia básico para toda a família. O título se refere ao modo como Dawkins classificou o termo magia: aquela ligada ao sobrenatural, a magia dos palcos e shows de ilusionismo e a magia do encantamento diante de fenômenos naturais com os quais convivemos, mas que na maior parte do tempo, nem nos damos conta deles.
A existência de vida extraterrestre também é abordada por Dawkins, uma possibilidade que ele concebe como provável, mas que não conta com boas evidências para ser tratada como fato.
Richard Dawkins fala sobre seu livro. Legendas em espanhol
A maioria dos capítulos de A magia da realidade é iniciada por contos míticos produzidos por nações antigas da Europa, África, Ásia, Oceania e das Américas. Dawkins põe em um mesmo patamar de relevância cultural mitos de povos indígenas, nórdicos, pré-colombianos e aquelas histórias encontradas em livros religiosos como Os Vedas e a Bíblia.
Assim, por exemplo, depois de contar resumidamente os mitos envolvendo Adão e Eva e como Odin (deus escandinavo, pai de Thor, que foi transformado em super-herói pela Marvel Comics) criou os seres humanos, com o auxílio de seus irmãos igualmente divinos, Dawkins conta a história da evolução humana, baseada nas inúmeras evidências encontradas e analisadas pelos cientistas.
E não, o homem não veio do macaco, como muita gente ainda insiste em afirmar. Na verdade, nós, nossos primos primatas e até animais como os camundongos – segundo as pesquisas indicam e Richard Dawkins explica – fazemos parte de uma enorme corrente ancestral, de milhões de anos. O que significa que, pelo menos biologicamente, estamos todos interligados.
Leia a resenha completa no caderno Cidades deste domingo (24).