A Universidade Regional do Cariri-CE (Urca), que administra o Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, vai solicitar ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) a guarda de três fósseis apreendidos pelo FBI (polícia federal americana) nos Estados Unidos. As peças de duas espécies de peixes, em perfeito estado, foram extraídas da Bacia Sedimentar do Araripe, maior depósito fossilífero do País, localizado entre os Estados de Pernambuco, Ceará e Piauí.
“Essa repatriação é um marco político”, acredita Álamo Saraiva, coordenador do Laboratório de Paleontologia da Urca, explicando que os Estados Unidos não endossam o Tratado de Devolução de Patrimônio Cultural da Unesco. “Ainda assim, devolveram o material. Talvez essa atitude estimule outros países.” O paleontólogo lembra que há fósseis do Araripe de grande valor científico na Alemanha, França e Japão.
Dois peixes apreendidos são da espécie Vinctifer comptoni. O menor é um Rhacolepis buccalis. Ambos, segundo Álamo Saraiva, são do período Cretáceo inferior e viveram há 110 milhões de anos na região de Santana do Cariri.
Por enquanto, os fósseis continuam na sede da Polícia Federal, em Brasília, mas devem ser enviados em breve ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). “Vamos analisar o material e só depois avaliaremos a possibilidade de encaminhá-los para algumas instituição”, informa o chefe da Divisão de Proteção de Depósitos Fossilíferos do DNPM, Felipe Barbi.
Ele revela que, quando há apreensão de fósseis, muitas instituições (escolas, museus e universidades) pedem a guarda – no Brasil, a lei determina que materiais extraídos no subsolo são patrimônio da União. “Primeiro, vamos mandar para o escritório do DNPM em Crato (CE), já que vieram do Araripe. Depois resolvemos o que fazer.”