A história de Rafael, a tartaruga-marinha verde reabilitada e devolvida ao mar pela ONG Ecoassociados há 13 dias, não teve um final feliz. Na tarde de segunda-feira (14), a carcaça do animal, sem cabeça e em avançado estado de decomposição, foi encontrada por populares no Pontal de Maracaípe, em Ipojuca, Litoral Sul. Exatamente no mesmo lugar de onde tinha sido encontrada 50 dias atrás.
Embora não seja possível fazer necropsia no animal, provavelmente ele foi vitimado por uma rede de arrasto. “Os ferimentos pelo corpo e a cabeça decepada indicam que ficou preso numa rede”, explica a bióloga Gerlaine Silva, acrescentando que a tartaruga foi identificada pela anilha com numeração, colocada pela ONG antes da soltura.
A equipe ficou triste e indignada com o trágico fim do animal, o primeiro da espécie Chelonia mydas a ser reabilitado pela Ecoassociados. “Fizemos a nossa parte. Tratamos o animal com antibióticos e vitaminas para curar uma pneumonia e quando ele estava pronto para voltar ao mar, conseguindo se alimentar sozinho, nós fizemos a reintrodução”, desabafa Gerlaine.
Ela reclama da falta de vigilância para coibir o uso de redes de arrasto. “Há muita pesca ilegal nessa área de Porto de Galinhas”, denuncia. “Nosso trabalho de educação ambiental com pescadores e comunidade está dando resultados. As pessoas nos avisam quando surge algum animal na praia. Mas os órgãos de defesa do meio ambiente precisam se integrar para reforçar a fiscalização no litoral”, defende.
Gerlaine informa que, na última temporada de reprodução das tartarugas-marinhas (período de setembro a maio), 65 animais foram encontrados mortos. “Este ano, em menos de 15 dias já houve três mortes”, lamenta. A maioria dos animais, segundo a bióloga, foi vitimada por redes de arresto, equipamento ilegal.
A tartaruga-verde, batizada com o nome de Rafael, foi encontrada muito debilitada no Pontal de Maracaípe, no dia 15 de julho. Era um indivíduo macho, em fase de reprodução, com 103 quilos e 1,10 metro.